A diferença das nossas telenovelas em relação às produções de alguns países, como Índia e México, é que são bem realistas, salvo algumas licenças artísticas. No entanto, nós já fomos testemunhas de algumas decisões de autores e diretores que nos deixaram chocados, ou no mínimo nos fizeram rir
O Corvo (The Crow)
Em 1994, chegou aos cinemas o filme O Corvo, uma adaptação da história em quadrinhos de James O'Barr, e tinha como protagonista o ator Brandon Lee, filho do também ator Bruce Lee. Na história, o seu personagem, Eric Draven, e sua noiva, são brutalmente assassinados na Noite do Demônio, a noite que precede o Halloween. Um ano depois, ele volta do mundo dos mortos guiado por um corvo para vingar-se de seus assassinos.
Um detalhe do personagem é que ele pinta o rosto meio parecido com o Coringa das histórias do Batman.
Tinha uma cena de flashback que ele precisava gravar, em que levava um tiro, e o pior aconteceu. A arma utilizada em cena estava carregada com balas de festim, que provocam uma explosão três vezes mais fortes do que um disparo normal para fazer bastante barulho e soltar fumaça. O problema, é que a arma tinha sido usada em outra gravação com projéteis de verdade e uma ficou no cano da pistola, então na hora do disparo a explosão lançou esse projétil e acertou o ator que não resistiu ao ferimento e acabou falecendo.
Mas como Brandon Lee já tinha gravado boa parte de suas cenas, o diretor contou com o apoio de sua noiva e de sua mãe para que o filme fosse terminado. Seria também uma forma de homenageá-lo, então, o ator Chad Stahelski, que era amigo de Lee, e Jeff Cadiente, foram escalados como dublês para fazer as cenas restantes com uso de efeitos especiais e em alguns casos com bastante sombra, com o personagem de costas... E a trágica cena foi reescrita. Ao invés de um disparo, o personagem é apunhalado para evitar qualquer ligação com o fatídico acidente.
Spartacus.
A série Spartacus também perdeu o seu protagonista. Andy Whitfield foi o escolhido para interpretar o personagem Espártaco, um famoso escravo que se tornou gladiador e liderou a mais célebre revolução da Roma Antiga. Sua história foi narrada em diversos livros, filmes e jogos. Na série, o diretor abusa de sangue, cabeças rolando, cenas de sexo, além de nudez sem censura. Em todos os episódios tem gente pelada com tudo a mostra, inclusive do protagonista, e relações homo afetivas.
Infelizmente, Andy foi diagnosticado com linfoma não-Hodgkin, um tipo de cancro que abrange mais de vinte variações de tumores, todos considerados malignos. Depois da primeira temporada ele se submeteu a tratamentos e o diretor ficou esperando a sua recuperação para dar sequência à série, quando viu que ia demorar resolveu criar uma temporada diferente, contando o que se passava antes do Spártaco entrar em cena. Assim ele entregava uma nova temporada e o ator teria tempo para se recuperar bem do tratamento.
No entanto, os tratamentos não davam resultados. A luta pela sobrevivência de Andy foi transformada em um documentário que ele e a sua esposa gravaram durante todo o processo, e infelizmente não teve jeito e ele partiu para os planos astrais. Então, o diretor escalou o ator Liam McIntyre para concluir a série, que apesar de ser 11 anos mais novo tinha bastante semelhança com Andy.
The Witcher.
Na Netflix você pode ver The Witcher, com o ator Henry Cavill no papel do bruxo Geralt. Ele mesmo, o Superman, de cabelos longos e brancos.
A série é baseada nos livros de Andrej Sapkowiski, dos quais o ator é super fã, tanto é que uma das condições que ele impôs para interpretar o personagem foi que o diretor não alterasse a obra original. No entanto, foi exatamente isso que aconteceu.
A adaptação para a plataforma de streaming desviou tanto da obra original que o ator pediu para sair e o ator Liam Hemsworth foi escalado para dar continuidade ao personagem. Como até a publicação deste post somente as temporadas com Henry Cavill foram disponibilizadas pela Netflix, a imagem acima é uma caracterização do bruxo com os traços do novo intérprete.
Verdades Secretas 2.
Agora falando das produções brasileiras, não posso deixar de lembrar da polêmica com a Camila Queiroz que interpretou a personagem Angel na série Verdades Secretas. A primeira temporada passou em 2015, e em 2021 a parte dois foi produzida para a Globoplay e depois apresentada no canal aberto.
Como a Globo adotou a postura de pagar os atores somente por obras para economizar dinheiro, porque nos tempos atuais as TVs ou se reinventam ou fecham, e o tempo de gravação excedeu o planejado, a emissora teve que estender o contrato para mais alguns dias, mas não houve acordo com a protagonista.
Segundo notícias da época, Camila Queiroz teria imposto algumas condições para renegociar o contrato, mas acabou sendo dispensada. Mas apesar de não ter gravado nada de novo ela apareace em todos os episódios, inclusive no último capítulo. Talvez o autor somente quisesse gravar alguma emenda, ou a necessitasse apenas para o final alternativo o que justifica o pedido da atriz para continuar viva na próxima temporada, já que a sua personagem morre quando tentava fugir do país, e para isso usaram uma dublê em uma cena que dura poucos segundos.
Quando a série passou na TV aberta, no final exibido Angel continuou viva. Isso pode significar que pelo menos a Globo engoliu o orgulho ferido, porque depois de terem exposto muito a atriz, negativamente, a chamou para gravar outra novela. Talvez para evitar um processo que seria mais caro do que pagar outros novos sete meses de contrato. Resta saber se Walcir vai perdoar a atriz, ou enterrou a série para sempre.
O Clone.
Na novela O Clone, de 2001, a atriz Debora Falabella interpretou a personagem Mel, que era dependente química e roubava coisas da casa para vender e comprar drogas. Durante o tempo de gravação a atriz adoeceu e precisou se afastar da trama, ela contraiu meningite e foi hospitalizada, a solução foi internar a sua personagem em uma clínica de recuperação para que a atriz tivesse tempo de se recuperar na vida real e voltar a gravar.
Foi aí que o diretor Jayme Monjardim, que tinha conhecido sua irmã, a também atriz Cynthia Falabella, resolveu colocar a moça para a cena em que a personagem Mel era levada para a clínica. Cynthia é mais velha do que Debora, mas na época elas eram muito parecidas e ninguém percebeu a troca.
Brega & Chique.
E agora entramos na fase das trocas canastronas, aquelas que nem levando em consideração que a história é surreal, dá para aceitar tal feito.
Na novela Brega & Chique, que estreou em 1987, o ator Jorge Dória fazia papel de um rico sem escrúpulos, o Herbert Alvaray, que faliu e desapareceu, abandonou a própria família na banca rota e forjou a própria morte para se livrar das dívidas, aliás, abandou as suas famílias, porque ele tinha outras mulheres.
Depois de um tempo o personagem volta à trama com o nome de Claudio Serra, irreconhecível, com a desculpa de que se submeteu a cirurgias plásticas para mudar de cara. Quem assumiu o personagem foi o ator Raul Cortez que nem de longe lembra o Jorge Dória.
Império.
E para finalizar, a troca mais canastrona de todas. Em 2014, estreou a novela Império, que teve duas fases para dar mais base a história dos personagens. Na primeira, Marjorie Estiano interpretou a personagem Cora que atravessa o caminho do protagonista, é uma das vilãs da trama. Sua personagem foi interpretada por Drica Moraes na segunda fase, no entanto, pouco mais de 5 meses depois a atriz precisou ser afastada por problemas de saúde.
Como ela era uma personagem importante e não podia ficar ausente da trama, o autor, Aguinaldo Silva, simplesmente trouxe de volta a atriz Marjorie Estiano com a desculpa de que Cora se submeteu a uma cirurgia plástica para recuperar a sua imagem de quando era jovem, nos dias em que esteve ausente do bairro.
Simples assim... e a trama seguiu com a personagem de onde tinha parado uns dias atrás.
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