Maio de 1985


Eleições diretas para presidente da República
No dia oito de maio de 1985, O Congresso Nacional do Brasil aprovou a emenda constitucional, que estabelecia as eleições diretas para presidente da República com dois turnos com as datas fixadas, e para prefeitos das capitais. Era o governo de José Sarney, o primeiro depois duas décadas de ditadura militar, que tinha sido eleito pelo colégio eleitoral. 

O Sarney, na verdade, era o vice de Tancredo Neves que faleceu sem poder assumir o governo. Ele não pode comparecer nem no dia da posse, então o seu vice, José Sarney, é quem recebeu a faixa em seu lugar. E quanto ao voto popular, direto, isso só foi acontecer efetivamente em 1989 nas eleições para presidente.

Armação Ilimitada
No dia 17, estreou na TV Globo a série Armação Ilimitada, voltada para o público adolescente, que misturava aventura e esportes, além de outros temas típicos da Zona Sul do Rio de Janeiro. Cada episódio era exibido uma vez por mês no primeiro ano, dentro da faixa Sexta Super, era no mesmo esquema que funcionava a Terça Nobre no início da década de 90.


Em 1986, a série passou a ser exibida quinzenalmente. E detalhe, cada episódio precisava de 15 dias de trabalho para ser finalizado. O projeto foi concebido a partir de um esboço feito por Kadu Moliterno e André De Biase, que haviam trabalhado juntos na telenovela Partido Alto em 1984, e concretizado por Daniel Filho.

Euclydes Marinho, Antônio Calmon, Nelson Motta e Patrícya Travassos ficaram responsáveis pelo roteiro. No caso de Patricia Travassos, suas contribuições eram, na maior parte, de um roteiro que tinha sido feito para um filme com a banda Blitz. Como foi rejeitado ela aproveitou na série e o Evandro Mesquita até gravou algumas participações em alguns episótidos também.


A Globo abriu o cofre para a série. Então os produtores podiam contar com efeitos especiais e cenários criados e desenvolvidos especialmente para cada episódio e tinham cenários que eram montados para uma única cena. Algumas vezes a emissora comprava as bases dos estúdios estados-unidenses. Já as cenas externas eram gravadas com uma única câmera em uma linguagem cinematográfica.

Kadu Moliterno interpretava o personagem Juba, e André de Biase o Lula. Os dois viviam juntos na Zona Sul do Rio de Janeiro e tinham uma pequena empresa de prestação de serviços, a Armação Ilimitada. Dentre as atividades a que se dedicam estavam o mergulho, pilotagem, competições esportivas e até mesmo trabalhar como dublês de filmes.

Os dois atores gravavam as cenas mais perigosas sem dublês, o que lhes ocasionavam constantes lesões físicas.

Eles eram apaixonados por Zelda Scott, interpretada por Andréa Beltrão, uma estagiária do jornal Correio do Crepúsculo, filha de um exilado político, personagem de Paulo José. E então, formavam um triângulo amoroso bem aceito, ou mais ou menos, pelos dois rapazes, porque ela não via problema nenhum em amar os dois ao mesmo tempo.

Se Juba e Lula não gostavam de tal situação, o público amava. Era uma trama bem ousadinha para a época.

Para rechear esse triângulo amoroso, apareceu o Bacana, uma criança órfã a beira da pré-adolescência, interpretado por Jonas Torres. Além desse quarteto principal ainda tinha o Chefe de Zelda, vivido por Francisco Milani, que sempre aparecia caricaturizado de acordo com o que Zelda se referia a ele, de maneira literal. Por exemplo, quando ela dizia que ele despachava os assuntos do jornal, ele aparecia num ritual de candomblé. Se ela o chamasse de nazista, ele aparecia vestido de Hitler.

E ainda tinha a Ronalda Cristina, vivida por Catarina Abdala, a  melhor amiga de Zelda. Black Boy, personagem de Nara Gil, uma DJ que narrava os acontecimentos direto de um estúdio de rádio. É, era bastante provocante, uma mulher chamada boy.


Em 1985, a série recebeu o Prêmio Ondas, concedido pela Sociedade Espanhola de Radiodifusão, considerado na época o Oscar televisivo da Europa.  E chegou ao fim no dia oito de dezembro de 1988. Em 1989 foi substituída pela série Juba & Lula, que teve curta duração.


Foi um pouquinho mais do mesmo, devido o sucesso que ambos fizeram entre a garotada. Os dois personagens já tinham ganhado uma adaptação em quadrinhos em 1988, que teve sequência em 1989, produzida pelo escritor Régis Rocha Moreira e pelo desenhista Hector Gómez Alisio.


Armação Ilimitada teve também álbuns musicais com canções de Sandra de Sá, Marina, Renato Russo, Ultrage a Rigor, Blitz e Engenheiros do Hawaí, entre outros. Tem até Roberto Carlos na trilha sonora.


Desde o seu término, foi reexibida várias vezes. Em 2005, passou no canal Multishow em comemoração aos 40 anos da Globo, em maio de 2011 foi reexibida pelo Viva. Em 2007 foi lançada em um box com 2 DVDs dos melhores episódios pela Som Livre, e em 2025 passou a integrar o acervo da Globoplay.

RPM
Foi em maio de 1985, também, que o grupo RPM teve o seu álbum de estreia, o Revoluções Por Minuto, pelo selo Epic. Esse é o nome do grupo, RPM  é a sua abreviatura, é um trocadilho com rotações por minuto, que se refere a velocidade de giro do disco de vinil quando posto para tocar.


O álbum é considerado um dos 100 maiores discos da música brasileira pela Rolling Stone Brasil, entrou lá na lanterninha da lista, em 99º lugar.

A capa do álbum foi inicialmente reprovada pela gravadora, mas a banda conseguiu convencê-la a aceitá-la. O trabalho foi feito por Alex Flemming (a convite do tecladista Luiz Schiavon) que, a partir da foto original (tirada por Rui Mendes), criou fotolitos e serigrafias para compor a imagem final. As linhas que aparecem ao longo da imagem são fósforos embebidos em tinta. O nome da banda aparece em uma fonte original, que eles adotaram dali em diante.


O baterista Paulo Pagni é o único integrante que ficou de fora da foto. Em 2019, Paulo Ricardo, que era vocalista e baixista da banda, explicou sua ausência foi uma decisão dos membros da banda que ficaram revoltados com a saída de Charles Gavin que aceitou um convite do grupo Titãs.

Ou seja, por culpa do ex-integrante, castigaram o novo. E Charles já tinha saído do grupo Ira para ingressar no RPM. E foi aconselhado a aceitar o convite dos Titãs porque no RPM porque o protagonismo do grupo ficava com Paulo Ricardo.


O álbum contém 11 faixas, todas compostas por Paulo Ricardo e Luiz Schiavon que, entre tantas coisas que fez depois do fim do grupo, dirigiu a banda do Domingão do Faustão de 2004 a 2010. 

As faixas do disco são: Rádio Pirata, Olhar 43, A Cruz e a Espada, Estação do Inferno, A Fúria do Sexo Frágil Contra o Dragão da Maldade, Louras Geladas, Liberdade / Guerra Fria, Sob a Luz do Sol, Juvenília, Pr'esse Vício, e, Revoluções por Minuto.


As faixas que fizeram mais sucesso foram: Rádio Pirata, Olhar 43, A Cruz e a Espada (com participação de Renat Russo), e, Louras Geladas. As faixas Louras Geladas e Revoluções por Minuto já haviam sido lançadas em um EP em 1984. As duas faixas foram gravadas com o auxilio de uma caixa de ritmos para substituir a bateria, já que Charles Gavin tinha ido para o grupo Titãs.


O álbum foi remasterizado e relançado em 2008, no box Revolução: RPM 25 Anos, que também inclui as reedições dos álbuns Rádio Pirata ao Vivo e Quatro Coiotes, além de um CD com remixes e raridades e um DVD com o registro do show também chamado Rádio Pirata ao Vivo, originalmente lançado em VHS em 1987. Em 2011, a versão em DVD foi certificada com disco de ouro pela ABPD.

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