Ao assumir o Clube da Criança, em 1987, Angélica se tornou um dos grandes nomes da indústria fonográfica brasileira. Seus dois primeiros discos, lançados em 1988 e 1989, venderam juntos mais de dois milhões cópias. Com tanto sucesso, a gravadora não seria nem louca em ignorar o terceiro álbum. E não foi.
A CBS planejou iniciar as produção e gravação de mais um álbum de Angélica ainda em 1990, e de acordo com o Jornal do Brasil, a gravadora esperava faturar Cr$ 60,00 por cada cópia vendida, desse montante cerca de 25% ficaria com Angélica.
Fazendo muitas continhas, eu cheguei a conclusão que, se o álbum foi lançado em julho de 1990, esse valor, em relação ao salário mínimo da época, equivale a mais ou menos 19 reais em julho de 2025. Me diga, você, que na época tinha poder aquisitivo para comprar um disco, se esse valor bate, porque eu não tenho a menor ideia. Mas supondo que o disco custaria, em 2025, 19 reais, Angélica receberia quatro reais e vinte e cinco centavos de cada disco vendido.
Ou seja, no comecinho de setembro. Se a data do lançamento não for mesmo a 20 de julho, aí esses valores mudam tudo, porque o salário mínimo que eu usei como referência, em janeiro de 1990 era de Cr$ 1.283,95, mas como a inflação no país era altíssima, o dinheiro se desvalorizava muito rápido, e em dezembro de 1990, o salário mínimo era de Cr$ 8.836,82.
A produção do álbum ficou a cargo de Marco Mazzola, e foi anunciado que o disco teria composições de Cid Guerreiro e da dupla Michael Sullivan e Paulo Massadas, que compunham para a Xuxa. Angélica também tinha planos de compor, mas não aconteceu nem uma coisa, nem outra. Não tem composições de Cid Guerreiro, nem de Michael Sullivan, nem de Paulo Massadas, e nem de Angélica.
Ela disse que decidiu deixar isso para uma outra oportunidade porque não tinha tempo, então a sua contribuição foi basicamente com a voz. Marco Mazzola é quem fez a seleção do repertório.
A capa... não gosto! Se olharmos o ensaio que foi feito para o álbum, tinha várias outras que ficariam melhores. Olha essas que eu fiz. Mesmo sendo uma montagem muito simples, não dá mais vontade de levar o disco para casa? Bom, eu vou te mostrar agora, faixa por faixa.
A primeira faixa é a música Corpo Humano, de Chico Roque e Paulo Sérgio Valle.
A segunda faixa é Ooh La La (Eu Vou Ganhar Você), de Edgard Poças. Essa foi a segunda música a ser lançada como single e ganhou um vídeo clipe para divulgação. É uma versão de Ooh La La - I Can't Get Over You, gravada pelo trio de adolescentes Perfect Gentlemen.
A terceira faixa é Me Dá Um Beijinho, de Carlos Pedro e Ed Wilson. Essa foi a primeira música a ser lançada como single e ganhou um videoclipe. A música teve três versões, uma com a participação do grupo Kaoma, que foi um fenômeno mundial, não há quem tenha vivido na época que não conheça a música Chorando Se Foi. Tocou muito em vários países e ganhou várias versões em outros idiomas.
A segunda versão de Me Dá Um Beijinho tem só a voz de Angélica para que ela usasse quando se apresentava nos programas de TV. E a terceira versão é em espanhol. No ano de 1990, havia planos para que Angélica lançasse um álbum em inglês e outro em espanhol, ela chegou a apresentar algumas músicas em espanhol no Clube da Criança, mas o projeto não foi para frente.
E apesar de todo o sucesso da Lambada e do grupo Kaoma, Angélica não queria essa música no disco. Ela acreditava que a lambada seria uma moda passageira, mas foi convencida a fez mudar de ideia. Ou seja, a sua única participação na produção do disco foi tentar retirar uma das faixas que fez mais sucesso. Mas, uma vez convencida, ela até fez aulas de lambada para performar a canção.
A quarta faixa é Mágica no Ar, de Cláudio Rabello e Torcuato Mariano.
A quinta faixa, fechando o lado A do disco, é Bons Momentos, de Ricardo Leão e Victor Chicri.
A primeira faixa do lado B do disco é, Boa Tarde, Meu Amor, de Cláudio Rabello. É uma versão de Mi Generación, do grupo espanhol Los Rebeldes.
A segunda faixa é C'est La Vie, de Edgard Poças. Foi a terceira canção a ser lançada como single. É uma versão da original gravada pelo cantor francês Marc Lavoine.
A terceira faixa é Bye Que Bye Bye Bye, de Cláudio Rabello. É uma versão de Light My Fire", do grupo The Doors, e é reconhecida como um dos primeiros exemplos de rock psicodélico.
A quarta faixa é Viajei no Som, de Celso Fonseca e Ronaldo Bastos.
E fechando o álbum, tem a música Coisa Aventureira, de Eduardo Souto Neto e Nelson Wellington.
Comparado com os dois álbuns anteriores, esse vendeu menos. Na época, a Angélica fazia parte da trindade das grandes apresentadoras infantis, e diferente de suas colegas, Xuxa e Mara, que foram crescendo nas vendas em cada álbum que lançavam, ela foi caindo. E assim como a data de lançamento, os números de vendas também entram em conflito com as informações disponíveis.
Agora, levando em consideração a continha dos valores atualizados, em 2025, com a venda das 500 mil cópias, Angélica embolsaria dois milhões e cento e vinte e cinco mil reais. Tá bom, né?
0 comments:
Postar um comentário