Menino Maluquinho - O Filme, estreou nos cinemas em 1995. Foi dirigido por Helvécio Ratton e produzido por Tarcísio Vidigal, baseado na obra infanto-juvenil O Menino Maluquinho do cartunista Ziraldo. O livro foi publicado em 1980 e se tornou um fenômeno durante os anos de 1990 e 2000. A frase que abre a história diz: Era uma vez um menino que tinha o olho maior que a barriga, fogo no rabo e vento nos pés.
O Menino Maluquinho é um típico alegre e criativo menino de 10 anos de idade que, devido a sua personalidade excêntrica e agitada, adora fazer maluquices, aprontar com as pessoas e causar as maiores confusões, sendo conhecido por todos como um causador de problemas. A marca registrada de Maluquinho é a panela em sua cabeça, além da camiseta amarela, bermuda preta e tênis. No filme a bermuda é azul.
Muitas cenas do filme foram rodadas na Rua Congonhas, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte, em volta de uma casa que serviu de locação para a residência do Menino Maluquinho. Outras cenas foram gravadas na cidade de Tiradentes, no interior de Minas Gerais. E quase todo o elenco infantil é mineiro, os atores mirins foram escolhidos através de inúmeros testes e as crianças foram na maior parte de Belo Horizonte, com exceção de João Romeu Filho o intérprete do Bocão que é do Rio de Janeiro e do próprio Maluquinho, o Samuel Costa, que é de São Paulo.
Samuel Costa tinha nove anos na época da gravação, mas já tinha 10 quando o filme estreou. Patrícia Pillar, Roberto Bomtempo, Edir Castro, Hilda Rebello e Luís Carlos Arutin fazem parte do elenco principal e o longa ainda conta com atuação de diversos nomes da TV como Vera Holtz que faz papel da professora. A história se passa nos anos 60 e a ambientação é uma das melhores coisas do filme, na verdade lembra um pouco as novelas infantis do SBT.
A interpretação dos atores mirins foi uma das coisas que não recebeu boas críticas. O Menino Maluquinho é bastante simpático e fez bem o seu papel, se tem falta de realismo em sua interpretação é falha do texto e da direção. Aliás, o filme não tem um roteiro claro, parece a junção de várias histórinhas. Por exemplo, na cena do sonho tem um narrador que não aparece em nenhuma outra parte do filme.
De história tem mais ou menos uns quinze minutos e algumas coisas foram esticadas para ocupar mais tempo, o sonho que ele tem que foi uma maneira de falar sobre a percepção de tempo das crianças, é uma delas. E no final, para esticar um pouquinho mais, tem um resumão do filme antes dos créditos.
O filme é bonitinho, mas é também, apesar de se passar nos anos 60, um retrato dos anos 90. Bom, se o roteiro foi fiel ao livro, então é um retrato dos anos 80, é que os mesmos hábitos se estenderam até... recentemente. Ainda tem muita gente resistente ao politicamente correto e o filme está cheio de cenas que são impensáveis nos dias de hoje. Olha só.
Buliyng: (Julieta cara de chupeta). Piadinha com teor sexual (o que uma minhoca disse para outra minhoca?). Racismo (Eu vou te dar uma surra seu crioulo. Esse é o Branca de Neve, é por causa dos dentes).
E outras frases do tipo: cai fora daqui senão eu corto o pinto doceis. A Valéria já tem até peitinho.
E não para por aí, tem mais. Tem concurso de peido... O Menino Maluquinho rouba o lanche de um coleguinha da escola... Na porta da escola tem um vendedor de pintinho...
Os dois meninos vão para o quarto para ver revista de mulher pelada, e vêm mesmo porque o filme mostra a revista aberta. Na mesma cena o Menino Maluquinho diz que toma banho com seu tio.
E nem a nudez do próprio Menino Maluquinho cai bem nos dias de hoje. Ele aparece sem roupa e sem censura na hora do banho. E em outra cena faz xixi com a bunda de fora. Hoje em dia existe uma proteção maior a essa super exposição das crianças. Ah e tem uma menção ao que seria o viagra, se o viagra já existisse.
As crianças vão para a escola de ônibus, sem cinto de segurança, aliás, fazendo a maior algazarra e tava tudo bem para os adultos presentes. Sem cinto no carro, com mais gente do que o permitido. E o avô leva o neto e os amiguinhos para voar em um aviãozinho sem capô e não parece que estão com cinto de segurança.
Tem os pais brigando na frente do filho... E uma das cenas que mais choca é de um rapaz que solta os cachorros atrás das crianças, o mesmo que já tinha tentado bater neles quando caiu numa pegadinha. E não é que os cachorros só deviam assustar, eles eram estimulados a atacar de verdade. Foram salvos pelo avô em um balão.
E outro retrato de uma realidade bem recente que o filme mostra é a da empregada que faz tudo na casa. Faz comida, da banho no menino, acorda ele para ir para a escola... trabalha até a noite. É o típico conceito de escrava moderna que só acabou em 2013 quando essas profissionais tiveram jornada de trabalho limitada a 8 horas diárias e 44 semanais, horas extras remuneradas, adicional noturno e fundo de garantia.
O filme ganhou um disco com a trilha sonora intitulado A Festa do Menino Maluquinho, lançado pela Polygram em 1996 com músicas inspiradas no filme, que foram interpretadas por diversos artistas. Ou seja, não são exatamente as músicas que tocaram no filme. O disco tem 13 faixas que são interpretadas por Patricia Marx, Herbert Vianna, Paulo Ricardo, Sandy & Junior, Guilherme Arantes, Milton Nascimento e Rita Lee, entre outros intérpretes.
Curiosidades
O livro original do Menino Maluquinho, que inspirou também a revista do personagem, se tornou um grande sucesso e já passou dos quatro milhões de exemplares vendidos. Em 1998, o filme ganhou uma continuação chamada Menino Maluquinho 2 - A Aventura.
Samuel Gonçalves Costa, o Menino Maluquinho, nasceu em São Paulo, no dia oito de fevereiro de 1985. Ele foi o escolhido para o papel dentre três mil crianças que foram apresentadas para o teste e depois de protagonizar o segundo filme do personagem, em 1998, no mesmo ano também atuou em Malhação e na novela Meu Bem Querer. Em 2000 atuou na minissérie Aquarela do Brasil, e em 2001 na série A Turma do Pererê.
Samuel se formou em Publicidade e tornou-se diretor de arte na empresa McCann-Erikson entre 2004 até 2007. Desde 2010 ele é diretor e sócio da agência e produtora de conteúdo Blues Filmes.
Das outras criamças, apenas Cristina Castro, intérprete de Julieta, virou jornalista, e a Fernanda Guimarães, intérprete da Nina, também chegou a atuar no filme Tiradentes, de Oswaldo Caldeira, além de estrelar comerciais no Rio de Janeiro e em Belo Horizonte.
O Menino Maluquinho foi o último filme de Luís Carlos Arutin, o vô passarinho que morreu no filme. O ator faleceu no ano seguinte da estreia do filme, em 1996.
Para homenagear Ziraldo, na ocasião de sua morte, em abril de 2024, a TV Globo passou o filme a uma hora da manhã com cortes em várias cenas.







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