As produções e as estrelas da nossa telona


Hoje em dia nós temos grandes centros de produções para a TV, como é o caso dos Estúdios Globo da TV Globo, do Complexo da Anhanguera do SBT, e da Casa Blanca que produz para a Rercord. Mas já tivemos, nos anos dourados do cinema, grandes produtores de longas metragens.

O primeiro grande estúdio de cinemas no Brasil foi o Cinédia que procurava produzir filmes bem elaborados com uma boa carga de drama e temas mais profundos, mas não fez grande sucesso com o público. Então, foi adotada a estratégia dos musicais que não tinham grande profundidade e se resumiam em basicamente um amontoado de canções, sobretudo de marchinhas de carnaval, mas que fazia sucesso. Carmem Miranda foi a grande estrelada época. E outro estúdio que dominou o cinema no Brasil foi a produtora Atlântida. Cujo nome, até hoje, ainda evoca uma aura de fantasia.


A Atlântida Cinematográfica foi uma companhia cinematográfica brasileira fundada em 18 de setembro de 1941 no Rio de Janeiro por Moacir Fenelon e José Carlos Burle, que contaram com a participação de Luiz Severiano Jr, o fundador da UCB, União Cinematográfica Brasileira, dono de uma cadeia de cinemas no Brasil. Ele se tornou o sócio majoritário da Atlântida e além de distribuidor, tornou-se produtor de filmes.


Severiano criou um laboratório de revelação profissional, a Cinegráfica São Luiz, e, assim, tinha em mãos a primeira cadeia de produção nacional, que detinha todas as fases da produção, das filmagens à exibição, passando pela revelação e distribuição, transformando-se na mais bem-sucedida fábrica de produção de filmes do Brasil.


No começo dos anos de 1940, os filmes ainda eram em preto e branco e as produtoras não contavam com grandes recursos, mas tinham criatividade de sobra, sobretudo, amor dos envolvidos, tanto dos produtores, quanto dos atores que não recebiam grande coisa pelas obras e nem tinham pretensão de entrar para a história, mas nem por isso deixavam de ter ambição.

A Inspiração da Atlântida Cinematográfica era Hollywood. Os produtores queriam reproduzir o glamour do cinema norte-americano com atores brasileiros e com o jeitinho que só a gente tem. Vários filmes foram paródias, como Matar ou Morrer que virou Matar ou Correr, e, Sansão e Dalila que virou Nem Sansão Nem Dalila.


Atlântida usou o mesmo recurso da Cinédia, produzindo musicais e fazendo o expectador rir com atores e cantores de rádio e de teatro de revista. O gênero não agradava os críticos especializados que denomiram as produções de chanchada, um termo pejorativo que significava uma produção feita de qualquer jeito, sem seriedade, mas em contrapartida o público adorava.

O gênero chanchada perdurou até meados da década de 2000, pois os filmes de Renato Aragão e Xuxa, que dominaram o cinema nas décadas de 1980 e 1990, sempre beberam dessa fonte, ou seja, são histórias sem profundidade recheadas de números musicais e com atuações de artistas que não têm a menor preocupação em transmitir realismo. Ou até tinham, mas não eram atores, ou os que eram não conseguiam porque os roteiros eram fracos mesmo.

Os filmes Sonho de Verão com as Paquitas e Paquitos e Uma Escola Atrapalhada com Angélica e Supla que, coindentemente, estrearam no mesmo ano, em 1990, são bons exemplos do que é uma chanchada. 

Atlântida dominou os cinemas na década de 1950, e projetou muitos atores, além de solidificar a carreira de outros profissionais, como foi o caso do diretor musical da produtora Carlos Manga. Seu útlimo filme foi Os Trapalhões e o Rei do Futebol, em 1986, mas até 2010, ele esteve envolvido ou foi responsável por muitas obras na TV, entre programas de humor, novelas e minisséries.

Chico Anysio Show, Vamp, Torre de Babel e Sítio do Pica-Pau-Amarelo são algumas produções que servem como exemplos.


Dentre os atores, Anselmo Duarte é considerado o primeiro galã do cinema brasileiro, já que antes dele não existia esse conceito no Brasil. Francisco Carlos, também ganhou o título, com o diferencial de ser cantor, e mais tarde outros apareceram como John Herbert. Mas nem só de galãs viveu Atlântida, José Lewgoy deu vida a muitos vilões e os grandes nomes desse período foram de Oscarito e Grande Otelo que formavam uma dupla imbatível.


Entre as mulheres tivemos a belíssima ILka Soares, Eva Todor e Zezé Macedo que ficou imortalizada como a Dona Bela da Escolinha do Professor Raimundo, entre outras.


A partir de 1950, o gênero já começava a perder fôlego, o formato desgastou e o público já estava meio enjoado da mesmice. E foi também quando a TV chegou no Brasil, ou seja, os olhos dos expectadores e a atenção dos produtores se voltaram para a novidade do momento. A partir de então, a Atlântida adotou um estilo de comédia ingênuo, mas não obteve o mesmo sucesso de antes.

Infelizmente, no dia dois de novembro de 1952, o depósito dos estúdios da Atlântida sofreu um incêndio de grandes proporções que, inclusive, provocou uma vítima fatal, o vigia do estúdio, e destruiu boa parte do acervo. Apenas três filmes rodados foram salvos, o, Três Vagabundos, Meu Amigo Bicheiro, e, Casa da Perdição.


Desde a sua inauguração, em 1941, a Atlântida Cinematográfica produziu 66 filmes até o encerramento de suas atividades, em 1962.

Curiosidades

A partir de setembro de 2002, o Grande Prêmio do Cinema Brasil outorgado anualmente pela Academia Brasileira de Cinema com a finalidade de premiar os melhores em cada uma das diversas especialidades do setor passou a se chamado de Prêmio Grande Otelo.

A estatueta foi desenhada por Ziraldo e esculpida pelo escultor Altair Souza. É um cavaleiro em homenagem ao ator Grande Otelo segurando uma espada sobre um pedestal, banhado em ouro. A transmissão da cerimônia é realizada pelo Canal Brasil.

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