Personagens idênticos que não são gêmeos

Uma dos apelos mais fascinantes das telenovelas é um truque relativamente simples, os gêmeos. E geralmente eles não se dão bem, é um clichê, mas sempre funciona. No entanto, em algumas ocasiões os autores foram mais criativos e colocaram personagens idênticos em suas tramas, mas sem necessariamente ter algum laço sanguíneo.


O Semideus - 1973

O Semideus que estreou no dia 22 de agosto de 1973. Foi escrita por Janete Clair, teve direção de Walter Avancini, e contou com as atuações de Tarcísio Meira, Glória Menezes, Francisco Cuoco, Yoná Magalhães, Juca de Oliveira, Maria Cláudia e Felipe Carone nos papéis principais.

Tarcisio Meira trabalhou em dupla jornada para interpretar o empresário Hugo que sofreu um sequestro e foi substituido por Raul que aceitou a troca de papéis apenas por dinheiro. A autora inventou uma doença para a sua irmã a fim de justificar a atitude do personagem, mas uma pessoa que se submeta a uma atitude dessas, na vida real, seria no mínimo um psicopata.

Janete Clair tinha em mente outra novela, mas a sinopse foi vetada pelo serviço de censura da ditadura militar, A Globo teve que esticar a novela que estava no ar para que desse tempo dela criar uma nova história em que reaproveitaria o elenco. E de acordo com o jornalista Valério Almeida do Jornal do Brasil a alta audiência da novela se deu pela baixa concorrência pois a história é repleta de absurdos.


O Outro - 1987

A novela O Outro estreou no dia 23 de março de 1987. Escrita por Aguinaldo Silva, com direção geral de Gonzaga Blota, Ricardo Waddington e Del Rangel, e contou com as atuações de Francisco Cuoco, Yoná Magalhães, Natália do Valle, Malu Mader, Herson Capri, Beth Goulart, Miguel Falabella e Marcos Frota nos papeis principais.

A missão de se desdobrar em dois ficou a cargo de Francisco Cuoco que interpretou o Paulo Della Santa, um empresário milionário, e Denizard de Mattos, dono de um ferro-velho. Os dois se encontram por acaso, no banheiro de um posto de gasolina, momentos antes do lugar explodir e se incendiar. Denizard, o pobre, é resgatado como se fosse o Paulo, o rico, e quando descobrem o equívoco o obrigam a manter o papel.

É uma história muito parecida com a da novela de Janete Clair, O Semideus, que voltou a se repetir em 1996 na novela Cara e Coroa com as personagens Fernanda e Vitória, vividas por Christiane Torloni, no entanto, no final elas descobrem que são irmãs separados ao nascer.


Pantanal - 1990

A novela Pantanal estreou na Rede Manchete no dia 27 de março de 1990. Foi escrita por Benedito Ruy Barbosa e teve direção geral de Jayme Monjardim. Contou com as atuações de Cláudio Marzo, Marcos Winter, Cristiana Oliveira, Jussara Freire, Marcos Palmeira, Luciene Adami, Ângela Leal, Ângelo Antônio, Giovanna Gold, Antônio Petrin e Paulo Gorgulho nos papéis principais.

A história se dá início com Joventino, interpretado pelo ator Cláudio Marzo, que chega ao Pantanal com seu filho Zé Leôncio, compra uma fazenda e começa a criar gado de corte, além de caçar bois selvagens da região. Um dia quando sai sozinho desaparece no Pantanal e é dado como morto.

Na segunda fase da novela, Claudio Marzo assume o papel de Zé Leôncio e do Velho do Rio  que é seu pai, e aparece regularmente para algumas pessoas como uma entidade que também tem a capacidade de se converter em uma sucuri. Os dois se reencontram só no último capítulo quando Zé Leoncio Morre e recebe a missão do pai de assumir a proteção do Pantanal.


O Clone - 2001

A novela O Clone estreou na TV Globo no dia primeiro de outubro de 2001. Foi escrita por Glória Perez, teve direção geral de Jayme Monjardim e contou com as atuações de Murilo Benício, Giovanna Antonelli, Juca de Oliveira, Stênio Garcia, Reginaldo Faria, Vera Fischer, Dalton Vigh e Daniela Escobar nos papeis centrais da trama.

Glória Perez gosta de misturar ambientes e culturas. No caso da novela O Clone ela queria fazer um contraponto da cultura muçulmana que preserva tradições muito antigas com o que havia de mais espetacular no momento que tinha sido a clonagem da ovelha Dolly, uns anos antes dela escrever a novela. Então, ela resolve criar um clone humano.

O ator Murilo Benício teve três papeis na novela, ele interpretou dois irmãos gêmeos, o Diogo e o Lucas, e depois o clone do Diogo, o Léo, que foi clonado a partir de células do corpo de Diogo que faleceu em um acidente de helicóptero.

A novela é legal, mas é cheia de absurdos e algumas coisas não convencem, como a idade dos personagens Lucas e Léo. Lucas parece mais jovem do que deveria ser, o personagem está na casa dos 40. Uma pessoa pode chegar muito bem aos 40 anos e isso eu posso provar, mas o Léo parecia muito mais velho do que a idade que tinha, que era por volta dos 20. Nesse caso fez falta o filtro que a emissora usava com a Regina Duarte na novela Páginas da Vida para faze-la parecer mais jovem.

Provavelmente tal tecnologia não existia na época, mas convenhamos que foi uma história criativa e a novela fez muito sucesso, e ainda faz, porque volta e meia é reprisada. E ganhou versões em vários países, além de ser dublada em vários idiomas ela foi refeita com os atores locais em alguns países.


Morde e Assopra - 2011

Dez anos depois de O Clone estreou Morde & Assopra no dia 21 de março de 2011. Foi escrita por Walcyr Carrasco e teve direção geral de Pedro Vasconcelos e direção de núcleo de Rogério Gomes. Contou com as atuações de Adriana Esteves, Marcos Pasquim, Flávia Alessandra, Mateus Solano, Elizabeth Savalla, Ary Fontoura, Paulo José e Emiliano Queiroz nos papéis principais.

Assim como Glória, Walcir Carrasco queria fazer um contraponto entre o antigo e o moderno. De um lado tinha a paleontóloga Julia, interpretada por Adriana Esteves, descobrindo fósseis de dinossauros e de outro o cientísta Ícaro, interpretado por Mateus Solano, que constroi um robô android com as mesmas características físicas e psicológicas de Naomi, interpretada por Flávia Alessandra.

Naomi era sua esposa que caiu no mar e foi dada como morta, mas depois de a robô ficar pronta a Naomi original reaparece com um filho, que na verdade não era dela, a criança foi usada apenas como um truque para reconquistar o marido.

Inicialmente a novela se chamaria Dinossauros e Robôs, depois mudaram para A Idade da Pedra, e estrearam como Morde e Assopra. Além do nome da trama, o autor teve que fazer várias adaptações porque o público não estava gostando. Era previsto, por exemplo, que os dinossauros ganhassem vida, e isso aconteceu só no último capítulo, e a Naomi robô não agradou.

Talvez a Globo tenha ficado com medo de fazer o mesmo que a Record com a novela Mutantes, ou seja, que os efeitos especiais não ficassem a altura do esperado. Além disso, gente que gosta de novela prefere o feijão com arroz, ou seja, a mesma coisa sempre. Por isso Walcir trouxe de volta a Naomi original enquanto que a robô foi ficando cada vez mais insignificante na trama.


Cheias de Charme - 2012

A novela Cheias de Charme estreou na TV Globo no dia 16 de abril de 2012. Foi escrita por Filipe Miguez e Izabel de Oliveira, com direção geral de Carlos Araújo e a direção de núcleo de Denise Saraceni. Contou com as atuações de Taís Araújo, Cláudia Abreu, Leandra Leal, Isabelle Drummond, Ricardo Tozzi, Malu Galli, Marcos Palmeira e Jonatas Faro nos papeis principais.

A novela conta a história de Maria da Penha, Maria do Rosário e Maria Aparecida que são três empregadas domésticas interpretadas por Taís Araújo, Leandra Leal e Isabelle Drummond, respectivamente. Elas se convertem em estrelas da música e rivalizam com a Chayene, que é outra grande cantora, e entre elas tem o Fabian, cantor galã... que na verdade é uma farsa, ele não canta de verdade.

A novela é muito legal, é leve, divertida, foge dos padrões. E a dupla jornada ficou a cargo do ator Ricardo Tozi que interpreta o Fabian e o Inácio. Ambos são idênticos, mas não são irmãos, nem clones, e nem robôs. São sósias, mas diferente do que aconteceu em O Semideus e em O Outro, essa aparência física idêntica não é casual, é fruto de cirurgias plásticas.

O rapaz foi submetido a várias intervenções cirurgicas para ficar igual ao Fabian a força por uma fã louca do cantor. É muito absurdo, mas temos que admitir que é original.

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