Cocktail foi um dos 10 presentes que o SBT quis dar aos seus telespectadores na ocasião dos seus 10 anos, estreou no dia 23 de agosto e ia ao ar semanalmente, apresentado por Luís Carlos Miele, à meia noite, um horário que era considerado bem tarde para as emissoras. A atração mesclava jogos entre casais com streptease das garotas Tim Tim.
Luís Carlos d'Ugo Miele nasceu em São Paulo, no dia 31 de maio de 1938. Ele passou por várias áreas artísticas ao longo de sua carreira, começou a trabalhar aos 12 anos de idade como rádio-ator numa emissora em São Vicente, no programa Meu filho, meu orgulho, de Mário Donato. Mais tarde, protagonizou outros programas infantis na Rádio Tupi, ao lado de Régis Cardoso, Érlon Chaves e Walter Avancini. Como locutor profissional ele estreou aos 21 anos e passo pelas rádios Excelsior, Tupi e Nacional.
Comandou o humorístico A Praça Da Alegria na TV Globo, após a morte de Manuel de Nóbrega, em 1976, e ficou no ar até 1979.
E ele tem um grande currículo na área artística, já dirigiu o Roberto Carlos e a Elis Regina, entre tantos outros nomes de artistas super respeitados e teve programas próprios, por exemplo Miele & Cia que foi um show humorístico musical exibido semanalmente nas noites das quintas-feiras, entre 1985 e 1987, pela Rede Manchete.
Em 1987, ele passou a apresentar o Ela & Ele, um programa de entrevistas com Leila Richers, às segundas-feiras, também na Manchete, e então em 1991, o Cocktail.
A ideia não era nova, era a reprodução da atração italiana Colpo Grosso que ganhou versões em vários lugares com nomes diferentes. Na Espanha se chamava ¡Ay, qué calor!, na Alemanha e na Suécia Tutti Frutti.
O cenário era um navio cruzeiro, no centro havia uma mesa redonda que também servia de palco para os streaptease, era onde ficavam sentados os participantes do programa, um homem e uma mulher, que precisavam escolher algumas meninas que tiravam a roupa. Isso acontecia o tempo todo.
O Miele tinha uma ajudante de palco, a Mônica Schiavon, que estava sempre junto dele e nunca tirava a roupa e nem mostrava os peitos. Esse papel ficava com as garotas Tim-Tim que recebiam nomes de frutas. Teve dois grupos de garotas Tim-Tim.
O primeiro foi formado por: Sílvia Rivera era pêssego. Cláudia Barone, morango. Déborah Cardoso, laranja. Carla Maria, uva. Samara Lima, limão. Celeste Zeminian, abacaxi. E Janine Rangel, cereja. E o segundo por: Fabiane Zanon, kiwi. Adriana Andreosi, pera. Ana Karla Siqueira, framboesa. Ana Paula Nero, maçã. Cláudia Ferreira, tangerina. E Sandra Cruz, amora. A Claudia Barone, morango, e a Celeste Zeminian, abacaxi, foram assistentes de palco de Silvio Santos também.
Todas elas mostravam os mamilos várias vezes, porque em algumas era parte do jogos como por exemplo, escondiam desenhos que os participantes deverìam descobrir em quem estava. Outro momento de expor os seios era no final de cada bloco antes de ir para os comerciais.
Tinha também as garotas-estados, essas faziam striptease com direito a música, subiam na mesa, e ficavam só com o mínimo. Teve uma galerinha que passou pelo programa, olha o nome de algumas: Sandra Cruz representando o Rio de Janeiro. Rosana Pires, o Amapá. Eliane, o Maranhão. Cláudia Ferreira, o Mato Grosso. Leila Souza e a Jaqueline de Oliveira, a Bahia. Patrícia e a Margareth, o Paraná. Alexa, o Ceará. Ana Paula, o Rio Grande do Sul. Fabíola Coelho, São Paulo. Ana Karla Siqueira, Santa Catarina. Marise Oliveira, o Amazonas. Cristina Nucci, Goiás. Núbia Santos, o Rio Grande do Norte. Paula Lemos, o Espírito Santo. Sirlene, Alagoas. Marli Mendes, o Maranhão. Fabiane Zanon, o Pernambuco. Adriana Andreosi, Minas Gerais. Juana, Rondônia. Olívia e a Gisa, Sergipe. Newri, o Pará. Eliana, Roraima. Carla Gomes, o Acre. Sandra, o Tocantins. E Suzana, o Piauí.
Como se não bastasse, ainda tinha a superestrela do episódio que fazia um strip total, mas para a decepção dos telespectadores o que eles queriam ver ficava escondido sob a penumbra do estúdio. Essas não foram muitas. Teve a Ana Paula Hernandez, a Wania Acayaba, a Suzy Ayres, a Tatiana Botelho, a Ticiana Zeloni, a Luciana Lins, a Patrícia Lima, a Nataly Sanches, a Malu Bailo, a Daniela Freire e a Ana Lúcia.
Como era um programa que agradava basicamente os homens, Nas últimas semanas começaram a colocar strip de modelos masculinos também e as garotas-estados passaram a se chamar Top Models. São elas: Marise Oliveira, Patricia Batista, Patricia Lima, Leila Souza, Fabíola Coelho, Irlanda Souza, Fabiane Zanon e Ana Paula Nero.
Com todo esse apelo, para participar da gravação era necessário ter pelo menos 18 anos e a inscrição era feita através de carta com foto do candidato. As gravações aconteciam no estúdio da Rua Dona Santa Veloso, no bairro Vila Guilherme, em São Paulo.
Carlos Miele acabou falando em entrevistas que o Cocktail foi um mau passo em sua carreira. Ele disse que quando aceitou a proposta, tinha a intenção de fazer uma espécie de Playboy televisiva, algo que fosse sensual, mas que também fosse elegante e informativo. Entretanto, na prática, Cocktail foi um programa bem tosco, porém divertido.
Miele fazia um tipo canastrão, tinha um certo tom de ironia, lia cartas de telespectadores e recebia atração musical. Vários cantores foram convidados, inclusive alguns internacionais que estavam passando pelo Brasil, como o quarteto espanhol Locomia.
Tratando-se de SBT, obviamente o programa sofreu alterações de horários. No início era exibido às sextas-feiras, depois passou a ser exibido às quintas-feiras, logo depois passou a ser exibido aos sábados e voltou a ser exibido às quintas-feiras nos últimos meses de exibição. Foram produzidos 55 programas e exibidos 52, os três últimos ficaram de fora porque depois do especial de aniversário o Silvio colocou o programa da Sula Miranda no horário.
Alguns grupos religiosos e moralistas que protestavam contra as inúmeras cenas de nudez em vários programas, sobretudo nas telenovelas da Rede Manchete, colocou o Cocktail na mira. Então, no último episódio que foi exibido em 13 de agosto de 1992, a produção exibiu na edição a seguinte mensagem: A série Cocktail foi mais que uma sequência de programas de televisão de sucesso, a nudez de nossas meninas e o arrojo de nossas imagens lavaram a alma daqueles que conhecem o tempo em que vivem e fogem do falso moralismo.
Carlos Miele faleceu no dia 14 de outubro de 2015, aos 77 anos.
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