Clube do Bolinha

Edson Cury nasceu em Bauru, no estado de São Paulo, no dia 16 de julho de 1936. Foi criado em Santos, mas se mudou ainda cedo com a sua família para a cidade de Araçatuba.

Antes de ingressar no ramo da comunicação foi mascate, feirante, engraxate, cobrador de ônibus, vendedor de velas para cemitério e balconista. E em 1961, mudou-se para São Paulo para ser repórter de campo em jogos de futebol.

Como locutor, Bolinha começou por acaso em um bingo, depois disso foi contratado para atrair clientela em uma loja e tentou um espaço nas rádios, mas nem uma lhe deu moral, então ele inventou um programa infantil para comandar em um praça pública de Araçatuba e chegou a juntar uma média de quatro mil pessoas semanalmente. Aí sim as rádios começaram a perceber que seria bom dar uma oportunidade para ele.

Na TV, ele começou a trabalhar na Excelsior onde passou a ser o responsável pelos flashes esportivos do programa Últimas Notícias. O Chacrinha também fazia parte do elenco da emissora e tinha um programa de auditório, mas em janeiro de 1967 ele se desintendeu com a diretoria do canal e rompeu o contrato sem aviso prévio, assinando com a TV Globo. Então, atendendo a pedidos da direção, Edson entrou no ar como substituto, estreando assim a sua carreira de apresentador. Como a audiência aumentou ele foi efetivado no cargo.

O apelido de Bolinha ele disse em entrevista que recebeu em um dia que estava assistindo a uma partida de futebol onde caiu e saiu rolando da arquibancada. Disseram que parecia uma bolinha e o apelido pegou.

Da TV Excelsior, Edson mudou para a Band onde, em 1974, estreou o Clube do Bolinha, um programa de auditório que ia ao ar aos sábados e se tornou um dos líderes de audiência na emissora chegando a alcançar 8 pontos no IBOPE. Saiu do ar em 1978, mas voltou a grade em 1980. O programa revelou muitos talentos da música brasileira, pois era uma vitrine para artistas em começo de carreira, além de receber também muitos artistas já consagrados no mercado musical.

A música tema do Clube do Bolinha foi feita pelo maestro Silvio Mazzuca que fez a parte do refrão, e foi completada pelo compositor Osmar Navarro. Entrar na linha signficava entrar no ar.

Diferente do Chacrinha que usava praticamente uma fantasia para apresentar o programa, o Bolinha optava por camisas super coloridas e tinha fama de não lavá-las. Em uma entrevista para o Jô Soares, no SBT, ele disse que tinha umas 90 camisas e como usava somente uma vez achava que não valia a pena colocar para lavar, então esborrifava desodorante e guardava em um cabide porque 89 semanas depois ele voltaria a usar aquela mesma. Ou seja, o boato era verdade.

O Bolinha não estava sozinho no palco, ele apresentava o programa rodeado de bailarinas chamadas carinhosamente de Boletes.  Como o Cassino do Chacrinha chegou ao fim com a morte do apresentador em 1988, algumas Chacretes se tornaram Boletes como Índia Amazonense, Sonia Rangel, Rita Cassino, Rose Cleópatra, Mara Prado, Sandra Veneno, Regina Polivalente, Leda Zeppelin, Kátia Pavão, Fátima Boa Viagem, Gracinha Copacabana, Gracinha Portelão... entre outras.

Das Boletes originais, um das mais famosas foi a Maria Cleusa conhecida como Zulu, que nunca sorria. Décadas depois ela revelou no programa Domingo Show, na Record, que tinha uma paralisia facial desde os 4 anos, então o Bolinha sugeriu que ela ficasse séria e assim se tornou um grande diferencial do programa.

Outra que se destacou também foi a Loraina, destaque na última abertura do programa. Teve a Tânia Bang Bang que foi a secretária pessoal e assistente de produção musical do programa, casada com o cantor Antônio Luiz que também fazia as vezes de assessor nas viagens da Caravana do Bolinha.

E além delas e das já citadas ex-chacretes, foram boletes também a Cidinha, Telma, Edna Poncell, Delma, Inês, Valquíria, Norman, Raquel, Sonia Lírio, Isná, Gracinha Japão, Eduarda, Carla, Audrey, Sandra Lee, Silvana, Míriam Bianchi, Ana Maria, Marta Martin, Verônica, Laura, Júlia, Gina Tropical, Neide, Sandra Janete, Olívia, Fábia, Lúcia, Vanderléia, Beth Balanço, Beth Gazeta, Beth Coqueiro, Iris, Renata, Solange, Marli Bang Bang, Iara, Sônia Brasil, Paola, Prisclila, Érica, Thais, Kelly, Valéria, Rita, Teca, Baby, Marta, Charlene, Regiane, Tânia, Moara, Samantha, Marcela e Anna.

Um diferencial da TV, em relação a hoje em dia, é que não existia essa tela de led que domina os programas. As produções tinham que ser bem criativas na criação do cenário, e na falta da tecnologia a criatividade impera. Então, bem antes do sombra do Programa do Ratinho já existia a sombra do Clube do Bolinha.

Um dos quadros antológicos do Clube do Bolinha, desde 1979, era o Eles e Elas, quando o apresentador abria espaço para shows de drag queens.

Segundo o apresentador, devido a censura da época do regime militar ele chegou a ser preso, mas o liberaram e permitiram que ele continuasse apresentando o quadro desde que não entrasse em detalhes sobre os artistas que se apresentavam, podia apenas anunciá-los. 

Chegaram a dizer que o Bolinha estava casado com a transsexual Telma Lipp, e mesmo negando, uma jornalista do jornal Notícias Populares insistia para que ele admitisse. O boato rendeu muita polêmica na época.

Os boatos sobre o fim da atração começaram a circular no mês de abril de 1994, e o superintendente operacional da emissora só confirmou o fim do programa uma semana antes. O Clube do Bolinha deixou a programação da Band no dia 30 de abril daquele ano para uma renovação na grade, já que a audiência e o faturamento estavam baixos. E, assim como o apresentador, toda a sua produção foi demitida. As tardes de sábado passaram a ter os noticiários Acontece e Esporte Total.


Curiosidades


A última apresentação do cantor Paulo Sérgio foi no Clube do Bolinha. No dia 27 de julho de 1980, algumas horas depois da gravação ele sofreu um derrame cerebral e partiu para outros planos dois dias depois.

A Bolete Marta Marin nos deixou de uma forma bem trágica. O seu ex-namorado Leonardo Guicharde da Silva tirou a sua vida com uma arma branca, e o seu corpo foi encontrado no quintal de sua casa, em Sorocaba, no dia 22 de maio de 2012, 21 dias depois de sua morte.

Em dezembro de 2022, faleceu a Bolete Zilu, aquela que não sorria, aos 70 anos.

O apresentador, Edson Bolinha Cury, nos deixou no dia 1º de julho de 1998, aos 61 anos, apenas 15 dias antes de completar 62 anos. Ele estava internado para tratamento de um câncer que havia sido descoberta três anos antes. Segundo Vitória, sua filha, ele não queria ir para o hospital e chegou a dizer que se entrase lá, não sairia mais. Ele tinha plena consciência da gravidade do seu estado de saúde.

Em 2011, Vitória começou a reunir documentações e conteúdos diversos pela criação do Instituto com o nome do apresentador e tomou conhecimento de que dos 20 anos de história na Band pouco material sobrou, pois a emissora tinha a rotina de reutilizar diversas vezes as fitas até que elas apresentarem defeito e fossem inutilizadas.

Para assistir a este conteúdo, clique na imagem abaixo.

0 comments: