Muita gente diz que a estreia da TV no Brasil foi uma fraude, e não sem razão porque na pressa de colocar uma emissora no ar aconteceram algumas atrapalhadas. Por exemplo, havia uma transmissora de TV, mas não existiam televisores no país, então, para solucionar o problema Assis Chateubriand espalhou pela cidade alguns aparelhos para que as pessoas pudessem acompanhar a estreia. E apesar de uma câmera ter pifado, correu tudo bem, mas só depois de encerrar a primeira transmissão é que se deram conta que no dia seguinte teriam que entrar no ar outra vez e não havia uma programação formada.
A estreia da TV no Brasil aconteceu no dia 18 de setembro de 1950, mas muita coisa aconteceu antes disso. O PROTÓTIPO final do tubo de transmissão (foto abaixo) que se tornou a base para a produção de televisores por várias décadas, aconteceu em 1931, ou seja, 19 anos antes, graças ao engenheiro russo Vladimir Zworykin. Mas no ano seguinte, em 1932, a produção de televisões de tubo já estava em andamento. E a primeira transmissão de TV do mundo aconteceu em 1935, na Alemanha. Um ano depois, as Olimpíadas de Berlim foram as primeiras a serem transmitidas na televisão.
O início da Segunda Guerra Mundial freou o avanço da televisão, e só após o fim da guerra, na década de 40, é que as televisões se popularizaram e passaram a ser produzidas em massa.
O responsável por trazer a TV ao Brasil foi o jornalista e político Assis Chateaubriand que tem a sua história contada no filme Chatô – o Rei do Brasil. O empresário tinha grande interesse em implantar uma emissora no país e viajou aos Estados Unidos em busca dos equipamentos necessários para transformar o seu sonho em realidade.
Os equipamentos chegaram no porto de Santos em julho de 1950, e vários artistas estavam presentes, como o Lima Duarte e a Hebe Camargo que acompanharam o trajeto do material em uma grande carreata. Tudo chegou já pronto para a montagem da emissora, era só instalar e ligar que já iria funcionar. E funcionou, a TV Tupi entrou no ar.
Os planos iniciais de Assis Chateaubriand era iniciar as transmissões da primeira emissora do Brasil no Rio de Janeiro, mas, segundo a análise dos técnicos estados-unidenses a geografia da cidade, cheia de morros, não deixaria o sinal se propagar bem, então, São Paulo foi a segunda opção e deu certo.
A segunda emissora inaugurada no Brasil, foi a TV Record, que entrou no ar em 1953, hoje em dia, com a ausência da TV Tupí, que saiu do ar em 1980, é a TV mais antiga do país.
De lá para cá, muitas emissoras entram e saíram do ar, como foi o caso da Rede Manchete que entrou em falência e foi substituída pela Rede TV!, e teve outras que foram cassadas pelo governo federal, como a TV Continental, a TV Excelsior, e a própria TV Tupi.
Na década de 50 os aparelhos começaram a ficar menores e tal como conhecemos hoje, poderiam ser colocados em cima de um móvel, até então, os televisores eram grandes como um móvel da casa.
Em 1955, surgiu a primeira TV com controle remoto. O controle tinha apenas um botão e emitia um feixe de luz, era necessário mirar no ponto do aparelho para executar a função desejada, haviam 4 pontos, ligar e desligar, mudar o canal e controlar o volume. Mas tinha um problema, os raios solares podiam ligar e desligar o aparelho por acidente, então, surgiu um novo controle ultrassônico com quatro botões, que durou até a década de 80.
Mas, qual é a influência que o governo exerce sobre as emissoras de televisão?
A transmissão de uma TV funciona através de ondas eletromagnéticas que se propagam pelo espectro eletromagnético, ou seja, pelo ar, que está carregado de partículas eletromagnéticas, da mesma forma que se propagam as ondas de rádio, de celular, rádio de polícia, wifi... E assim como são as reservas de minérios e os rios, por exemplo, esse espectro eletromagnético é um bem público, ou seja, é propriedade de todo mundo. Então, o governo é uma pessoa eleita através do voto popular para representar o povo e, entre tantas obrigações que tem, deve administrar tudo o que é público. Aqui entra o papel da concessão.
Para que o espectro eletromagnético possa ser usado precisa de uma permissão. O governo cede a uma empresa particular o uso desse recurso que deve ser revertido em prol do bem comum por 15 anos e se ao final desse período tudo correu direitinho, essa permissão se estende por mais 15 anos, e assim sucessivamente.
Para manter a concessão, os donos das emissoras de TV devem obedecer uma série de obrigações, como permanecer no ar, no mínimo, por 2/3 do período diário, ou seja, 16 horas. E o tempo máximo destinado a publicidade comercial é de 25 por cento do período diário, e no máximo 15 minutos por hora. As notícias devem ocupar no mínimo 5 por cento do tempo diário de programação, o que dá mais ou menos uma hora e vinte minutos, e devem mostrar todos os dias boletins ou avisos do serviço meteorológico. E é obrigatória a transmissão de programas educacionais, com duração de 5 (cinco) horas semanais no mínimo, entre às 7 e às 17 horas.
As ondas do sinal de uma TV têm duas frequências, UHF ou VHF.
UHF significa Ultra High Frequency, um sistema de frequência ultra alta que é recomendada para áreas urbanas porque pode ultrapassar composições sólidas, como as paredes dos prédios e aços. Já a frequência VHF, significa Very High Frequency, ou seja, uma frequência mais alta ainda, como as faixas de rádio e fica disponível também para a comunicação de embarcações, aviões e rádios amadores. No caso da TV, é adequada para zonas distantes e rurais.
É comum as grandes emissoras formar parcerias com as menores para construir uma rede de retransmissão. Assim o sinal chega mais longe e com melhor qualidade.
A primeira transmissão a cores no Brasil.
A transmissão em cores, no Brasil, começou em 19 de fevereiro de 1972 com a transmissão da Festa da Uva de Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, pela TV Difusora, a única que estava preparada até então para emitir sinal em cores. Quase um ano depois, em janeiro de 1973, é que a Globo apresentou a telenovela O Bem Amado, a primeira em cores.
Até meados da década de 90 ainda existiam aparelhos em preto e branco nas lojas, obviamente a TV em cores era mais cara e para quem não podia comprar tinha a opção de colocar um plástico colorido na tela da televisão.
TV por assinatura.
A década de 90 foi um período revolucionário para a televisão. A primeira TV por assinatura no Brasil, por exemplo, surgiu em 1990, nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, O Canal+, que foi comprada pela Editora Abril em 1991, transformando-se em TVA (Televisão Abril). Depois surgiram outras TVs por assinatura e haviam métodos diferentes de transmissão.
A TVA, por exemplo, era pelo sistema MMDS, que são micro-ondas, que necessitam uma antena específica que deve estar conectada em um aparelho para converter esse sinal, deixando-o compatível com a capacidade de recepção da televisão. E ainda, foi criada a TV paga via cabo, via satélite e fibra ótica. Tanto o sistema MMDS, quanto a transmissão via fibra ótica já estão em desuso.
Na verdade, a TV a cabo é mais antiga, surgiu com a intenção de oferecer um sinal mais estável e versátil para as regiões montanhosas e cercadas por muitos prédios, porque o sinal da TV não chegava bem. Esse sistema começou a funcionar aqui no Brasil em 1976, mas a partir da década de 90 se popularizou e se tornou algo mais elitista.
Em 1991, estreou a Globo Sat, pelo sistema de satélite. Nos primeiros dias o sinal foi liberado para as antenas parabólicas, que são uns pratos gigantes instaladas no quintal das casas com alto poder de captação, de forma gratuita. Mais tarde o sinal continuou a ser transmitido somente para quem pagava pelo serviço.
A antena parabólica pode ser usada para transmissão e tem um alto pode de captação. Em zonas onde o sinal da TV não chega bem, ela é um ótimo recurso e, detalhe, capta mais sinais de emissoras do que uma antena comum.
Depois disso, da TV Aberta para os menos favorecidos e a TV paga para quem tinha dinheiro, a TV em preto e branco entrou em extinção e a próxima revolução foi a TV Digital, que teve início no Brasil, às 20h30 do dia 2 de dezembro de 2007.
Em 2010 foi lançada a TV em 3D, aquela que as imagens parecem ter mais profundidade e saltam fora da tela, mas não fez muito sucesso. Primeiro por que o aparelho era muito caro para os consumidores, da mesma forma o custo de produção de contúdo exclusivo para as emissoras também era alto, então, como não havia muita gente comprando esses aparelhos, as emissoras também pararam de gerar conteúdo.
Até o momento deste post, a última revolução da TV aconteceu em 2011 quando surgiu a smartv, que é o aparelho que dá acesso a internet permitindo receber sinais de streaming, ou seja, conteúdo via internet que se diferencia do download e se assemelha a TV comum e ao rádio. A pioneira pelos sistema de distribuição foi a Netflix e seguindo o seu modelo outras empresas começaram a produzir séries e filmes exclusivos. As grandes emissoras de TV se adaptaram a fórmula e lançaram as suas versões, como a Globo Play no Brasil e a HBO nos Estados Unidos.
Para assistir a este conteúdo, clique na imagem abaixo.
0 comments:
Postar um comentário