Se quando você escuta o termo estilista e imediatamente traz a sua mente a imagem do homem gay estereotipado, prepare-se para uma grande surpresa, caso ainda não conheça a história do cangaço.
Eu disse estilista, ok?! Porque alfaiate, certamente você já deve ter conhecido um, ou pelo menos o coloca na gaveta dos héteros. É tipo barbeiro e cabelereiro, esse segundo quase sempre é gay, enquanto que o primeiro, o termo o distingue. Pura bobagem.
Costurar era um dos hobbies do Rei do Cangaço, e ele ia um pouco mais além, era também estilista. O chefe do bando mais temido do Nordeste criou as principais roupas dos cangaceiros de seu grupo. As invenções e cortes de Lampião não se restringiram apenas a seus seguidores, mas acabaram adentrando o mercado da moda regional e seu estilo estético foi se reproduzindo nas bancas de muitas feiras do norte de Minas Gerais ao Maranhão.
Inclusive, o estilo criado por Lampião foi copiado até mesmo pelo grupo que perseguia seu bando, uma especie de polícia chamada Volante. Seu bando exibia uniformes bordados com flores, estrelas e símbolos místicos, que além da estética servia para despertar admiração entre a população e, também, como patente hierárquica do bando. O senhor Virgulino, seu nome verdadeiro, acreditava que alguns símbolos blindavam seus homens contra maus espíritos.
A sua fama de sanguinário e violento se sustentou até a divulgação da fotografia acima, composta por Benjamin Abraão, um fotógrafo Libanês, radicado no Brasil, que conseguiu a proeza de documentar, em fotos e vídeos, o dia a dia dos cangaceiros do bando. Na imagem podemos observar a naturalidade com que Lampião e a máquina se entendem, e aparentemente, a fotografia parece ter captado um momento de descontração do chefe junto ao equipamento.
O Rei do Cangaço morreu aos 40 anos, em 1938, junto com a fiel companheira, Maria Bonita, que, igualmente, andava coberta de roupas, chapéus, cintos e bolsas bordadíssimas. O casal e nove homens do bando foram decapitados e as cabeças expostas como troféus pela polícia nas escadarias da igreja de Piranhas, em Alagoas. Ali, foram fotografadas ao lado de objetos preciosos do grupo, como espingardas e cartucheiras, além de outras armas de Lampião: duas máquinas de costura Singer, o sonho de todas a donas de casa da época. Se tivesse escolhido a profissão de costureiro, Lampião certamente teria tido uma carreira brilhante.
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