RuPaul Drag Race - Como é o programa

Desde que Xuxa foi anunciada como a possível apresentadora da versão brasileira do reality RuPaul Drag Race, muita gente se posicionou na internet, algumas pessoas contra e outras a favor. Então para que você que nem sabe muito bem do que se trata esse programa e porquê todo esse burburinho, eu vou te explicar sem spoiler. Ou seja, se você está assistindo a série ou pretende assistir, não vou revelar nada comprometedor.

Passando rapidamente pela biografia de RuPaul, o seu nome completo é RuPaul Andre Charles, ele nasceu no dia 17 de novembro de 1960, em San Diego, California, nos Estados Unidos. Desde jovenziho está envolvido com o entretenimento e o mundo drag. Estudou artes cenicas, tornou-se bailarino, cantor, produtor de cinema de baixo orçamento, ator. Fez programas de rádio, de TV e foi garoto propaganda de algumas marcas.

Há alguns bons anos ele tem como fiel companheira a sua amiga Michelle Visage, com quem já dividiu algumas produções, RuPaul é muito conhecido na cena drag dos Estados Unidos. Em 2009, estreou o programa que viria a ser o seu maior êxito, o RuPaul Drag Race que se trata de uma competição para eleger a nova rainha das Drag Queens dos Estados Unidos.

Na primeira temporada foram nove rapazes, todos residentes naturais dos Estados Unidos e Porto Rico, que disputarama a coroa ao longo de nove episódios. Com o passar dos anos o programa foi ganhando mais episódios, mais competidores e mais investimento também. Inclusive o prêmio aumentou significativamente. Na primeira temporada o vencedor recebia algo em torno de 20 mil dólares, depois aumentou para 75 mil e chegou aos 100 mil, além de um contrato de um ano com um pratrocinador que leva a drag em uma tour mundial para representar a marca.

O programa foi crescendo exponencialmente e com o tempo passou a ter mais investidores, mais inscritos, mais provas, mais participação de famosos... Ou seja, dá para perceber porque o próprio RuPaul, dono da franquia, aprovou a Xuxa como apresentadora da versão brasileira? É porque ela é do tamanho que esse programa se tornou nos Estados Unidos.

Drag Race passou a ser reproduzido em vários países, como Canadá, Países Baixos, Espanha, Austrália e Inglaterra onde a própria RuPaul apresenta o reality. Nos outros países são selecionados alguns nomes de relevância, como na Espanha onde o apresentador é drag queen local, e no Canadá é uma drag que passou pelo programa original.

O programa consiste no seguinte: em cada episódio os participantes trabalham todos juntos dentro de uma espécie de camarim com oficina, onde eles têm mesas, cadeiras, máquinas de costura, armários e espelhos, e precisam cumprir um pequeno desafio nesse ambiente, e se preparar para um grande desafio pelo qual serão julgados mais tarde.

O vencedor do pequeno desafio, além de um prêmio que recebe, fica encarregado de montar um grupo, o qual vai liderar para o grande desafio que pode ser atuar em um cena de filme, um musical... geralmente é alguma coisa a ver com atuação. Em alguns casos, principalmente mais próximo da final, eles precisam atuar de forma individual, como construir um figurino sugerido pelo apresentador com materiais alternativos, já teve de lixo, livro, bolsas, papel, cortina...

Ainda tem o Snach Game, que é um quadro em que eles têm que imitar um famoso num quiz, e outro desafio bem esperado pelos fãs é o RuPaul Roast, onde os participantes fazem piadas dos companheiros e de um famoso apresentando-se com uma plateia ao vivo. Ambos os quadros exige muito jogo de cintura e um bom senso de humor.

Outro desafio dos competidores é transformar em drag queens uma pessoa que  não tem nada a ver com o meio. Já passaram pelo programa esportistas, militares, maridos com suas esposas, anãs...

Cada episódio termina com um desfile temático que é quando os rapazes serão julgados pelas suas atuações, pelo figurino, maquiagem, pelo desafio da semana... e então, uma das drags será eleita a melhor da semana e levará um bom prêmio, e as duas piores terão que disputar para continuar no programa através de um lip syng, ou seja, dublar uma canção.

A drag que fizer a melhor interpretação ouve, de RuPaul, shantei you stay, algo como ótimo, fabuloso, você fica. E a outra, depois de um discurso de incentivo e agradecimento pela sua participação ouve, sashei away, isto é, desfile até a saída.

Geralmente antes de dispensar a drag que perdeu no lip syng, RuPaul diz algumas palavras confortantes, de incentivo. Em algumas ocasiões ela aprovou as duas, ou seja, não houve eliminação. Mas já rolou expulsão de uma competidora e também de a apresentadora não gostar da performance de nenhuma e dispensar as duas. Nesse caso é mais impactante, porque não tem discurso, ela simplesmente diz que nem uma mostrou o que ela queira ver e ambas irão para casa.

Desde essa fase de eliminatória em cada episódio, até a final, RuPaul conta com a opinião de seus assistentes, que geralmente são três fixos na bancada, dentre eles uma é Michelle Visage, uma mulher cisgênero, os outros são dois homens gays. Além deles, pelo menos um convidado integra o juri a cada episódio que pode ser um homem ou uma mulher, gay ou hétero. Já passaram pela bancada, o Adam Lambert, a Lady Gaga, a Ariana Grande e a Demi Lovato, entre outros tantos. Mas, a decisão de quem vai disputar o lip sing, que vai continuar no programa e até quem vai receber a coroa na grande final, é de RuPaul.

Já na versão espanhola, o apresentador não tem todo esse poder, ele junta os votos dos jurados, ou seja, é apenas um porta voz do juri que acompanhou aquele episódio. Acredito que com a Xuxa será da mesma forma e é essa é a razão de eu ter ficado super feliz com a indicação dela para comandar a atração e apoiar a decisão da RuPaul. Além de muita visibilidade que ela pode trazer ao programa, inclusive patrocínio, a apresentadora tem uma grande identificação com a comunidade LGBTQUIA+, pois, faz tempo que ela defende a causa gay e demonstra sua paixão pelas drags, inclusive já se montou.

Mas apesar do nome de peso da Xuxa e, inclusive, de RuPaul, as estrela do programa são as drags. Anônimos e famosos que assistem o programa querem ver quem ficará até a final e quem receberá a coroa.

Uma das queixas de quem não aceita Xuxa como apresentadora, é que ela desconhece o histórico das drag queens. Eu digo que ela pode estudar, mas tendo assistido o programa original, eu vejo que isso é de menos porque toda a parte da militância, da auto superação, dos desafios, dos dramas, dos frutos colhidos pela arte, fica a cargo dos competidores. Eles são os que mais aparecem. Além disso, assim como RuPaul tem o auxilio de três pessoas e a sua melhor amiga, companheira de bancada é uma mulher, Xuxa com certeza terá o auxílio de pessoas bem preparadas para julgar os participantes e poderá ter o auxílio fixo de pelo menos uma drag queen.

Outra queixa, é o fato de Xuxa é mulher branca e cisgênero. Pois, desde que estreou o RuPaul Drag Race, alguns rapazes se reveleram transgênero. Houve um caso em que a participante disse só no último episódio que ela se identificou como mulher no decorrer do programa, em outra temporada a menina se revelou com a competição em andamento e teve um caso em que uma participante só transicionou depois que já tinha acabado a temporada em que ela participou. Na edição 13 um dos concursantes foi um menino trans, e para a nova temporada de Drag Race da Inglaterra foi anunciada a participação de uma mulher cisgênero. Ou seja, drag queen não tem a ver com sexo ou sexualidade, é uma expressão artística.

Para finalizar, embora esse programa pareça futil, só mais um entre os tantos reality shows que já existem na TV, ele é muito divertido e tem dado muita lição de vida e aproximado muitas famílias. Vários rapazes que tinham sido expulsos de casa foram acolhidos novamente, muitos sofreram todo tipo de rejeição e o programa serviu como terapia para eles e como inclusão social para todos. Muitos foram vistos como modelo para muitos jovens se resolverem na vida de uma forma positiva.

Ou seja, Drag Race, apesar de todas as críticas que já recebeu, já salvou muitas vidas.

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