Hoje vamos relembrar alguns artistas, grupos e programas de TV que fizeram bastante sucesso nas décadas de 80 e 90 e que sempre nos transmitiram uma boa imagem. Mas, por trás de toda a magia aparente, as coisas não eram tão bonitas assim. A intenção não é fazer críticas negativas, ou apontar defeitos, é meramente a título de curiosidade. E, além disso, como essas coisas já aconteceram há muito tempo, essas pessoas já estão bem resolvidas. Assim espero.
Vou começar com um caso leve.
Se você passou pelos anos 80 e 90 deve lembrar do Show Maravilha e dos assistentes de palco da Mara. Ao longo dos anos em que o programa ficou no ar ela contou com a ajuda das Borboletas, das Gatinhas, do Paulinho, do Banana, do palhaço Tiragosto, do Chocrível, das Maravilhas e dos Marotos.
Paulinho era o maquinista do trem que Mara usava para entrar e sair do cenário, ele ficou na função desde a estreia do programa até o final de 1989. Em 1990, o veículo já não fazia parte do cenário e surgiu o grupo dos Marotos, então, o ex maquinista que já era um adolescente, integrou o quinteto, que além de auxiliar a apresentadora no palco, gravou uma música para o álbum do programa.
Em uma matéria feita pelo site Uol, em 2015, com alguns dos ex integrantes do grupo, os rapazes disseram que Mara sempre teve um temperamento difícil e era perfeccionista. Eles, que tinham por volta dos 14 e 15 anos, tinham muitas obrigações, além disso, quem errasse a coreografia durante o ensaio era obrigado a passá-la sozinho, aos olhos dos colegas.
Apesar disso, parece que ninguém guardou mágoa, porque a matéria foi feita quando a apresentadora estava participando do reality A Fazenda, e todos faziam votos para ela vencer a competição, ainda que o seu temperamento fosse um fator que poderia prejudicá-la no programa.
O grupo Rouge foi formado em 2002 no programa Popstars, no SBT. Foi uma proposta que mexeu com o sonho de muitas meninas, das quais 30 mil se inscreveram e apenas 5 foram escolhidas, a Fantine, Luciana, Caren, Aline e Patricia que mais tarde mudou o nome para Li Martins.
Desde então, até 2006, elas gravaram 4 álbuns e fizeram muito sucesso, principalmente no começo do grupo. O primeiro vendeu mais de 2 milhões de cópias, e o segundo mais de 1 milhão, mas as meninas não recebiam proporcionalmente às vendas. Depois do segundo álbum, Luciana, descontente com o grupo, deixou o quinteto.
Ela poderia ter aproveitado a fama que adquiriu com o Rouge para se lançar em carreira solo, mas pelo rompimento, assinou um contrato que a obrigava a ficar afastada da mídia por oito anos. Ou seja, em momento algum os produtores pensaram em auxiliar as meninas artisticamente, o interesse era unicamente explorá-las comercialmente. E anos depois do fim do grupo, em uma entrevista, algumas delas declararam que foram exploradas traumaticamente.
Um dos programas mais queridos da nossa TV, ou melhor, que passou durante anos em nossa TV, mas é um produto importado, o Chaves, também tem algumas coisas que ficaram de baixo do tapete por muito tempo. Enquanto alguns atores do seriado eram gratos com o Roberto Bolaños, o Chaves, pelo papel que interpretavam, outros reclamaram alguns direitos que achavam justo e acabaram comprometendo a relação com o elenco.
Por exemplo, o Quico reclamava os direitos do seu personagem. Segundo ele, a sinopse que havia recebido não detalhava como deveria ser o seu papel, e todas as características do personagem foi criação sua, mas o Bolaños ficava como todos os direitos. Não houve acordo entre eles e o ator saiu do programa. Carlos Villagrán se mudou para Venezuela, onde estreou o seu próprio humorístico. Ele mudou inclusive a grafia do nome, que passou a ser escrita com K, e conseguiu levar junto o seu Madruga. Ou seja, um dos personagens mais carismático da vila, deixou o elenco.
Ramón, o seu Madruga, já havia deixado o elenco uma vez. Na ocasião, ele havia pedido dinheiro emprestado para Roberto Bolaños, para quitar a hipotéca de sua casa, e teve o pedido recusado. No entanto, retornou ao programa, e a atriz Maria Antonieta de las Nieves, que interpretou a Chiquinha também reclamou os direitos de sua personagem. Ela registrou a patente quando o registro no nome de Bolaños havia expirado. Essa é a razão de sua personagem não aparecer no desenho animado da turma.
Quando um personagem saia definitivamente do elenco não percebíamos muito no Brasil, pois os episódios não passavam na ordem cronológica, então tudo bem que um dia ou outro não aparecesse a Chiquinha, ou o Quico, ou o seu Madruga. E no lugar deles o Bolaños colocava outros personagens. Por exemplo, no lugar da Chiquinha entrou a Pops, que era interpretada pela Florinda Meza, intérprete da dona Florinda. No lugar do Quico, o Nonho passou a ter mais protagonismo. E no lugar do seu Madruga, a Vó da Chiquinha apareceu, que era interpretada pela própria Chiquinha, e também o carteiro Jaiminho.
Uma trupe brasileira um pouco similar como essa, passou por algo parecido, Os Trapalhões. Tal como no Chaves, as melhores piadas tinham que ficar com o protagonista do grupo, no caso dos trapalhões era o Didi. Os outros não estavam lá para fazer graça, eles só tinham que dar suporte as piadas. O grupo se desfez em 1983. Nesse ano, Xuxa fez uma pequena participação no filme O Trapalhão na Arca de Noé, que tinha apenas o Didi, porque o Dedé, o Mussum e o Zacarias, gravaram outro filme intitulado Atrapalhando a Suate. Os três, que não concordavam com várias coisas do grupo, deixaram o Renato Aragão sozinho. Mas depois voltaram.
Tanto no caso do Chaves, como no dos Trapalhões, um dos problemas que gerava desconforto entre o elenco era a diferença de remuneração entre eles.
Em meados da década de 1980, o grupo Menudo, de Porto Rico, fez muito sucesso no Brasil. Quando atingiu seu apogeu o quinteto era formado pelos então adolescentes Robby Rosa, Charlie Massó, Roy Rossello, Ray Reyes e Ricky Meléndez que poucos meses depois foi substituído por Ricky Martin.
Anos depois, alguns integrantes começaram a falar do que passaram na época que estavam no grupo. Roy Rosselló revelou que sofreu abuso sexual do diretor do grupo. E ele foi só um dos meninos que passou por tal situação. Além disso o produtor do quinteto exigia muito dos garotos, eles eram sobrecarregados de afazeres.
Na década de 80, em cada dez meninas, onze queriam ser uma paquita. Elas não passaram por abuso sexual, muito pelo contrário. Nesse caso a Marlene Matos era super protetora, inclusive com a própria Xuxa que revelou que ficava trancada a chave no quarto do hotel, quando viajavam a trabalho.
Mas, algumas integrantes deixaram o grupo por desentendimento com a diretora, ou por sobrecarga de tarefas. E em 1994, as meninas do grupo que se mantinha, revelaram ao diretor João Henrique Schiller, que escreveu um livro contando os detalhes, das exigências e condições desproporcionais à idade que elas tinham na época, além do assédio moral que sofriam constantemente.
Elas contaram que geralmente, nas viagens, eram colocadas em estruturas inferiores às que Xuxa recebia, que muitas vezes passaram fome, frio, ficaram esgotadas e quando Marlene tomou conhecimento desses relatos, todas foram dispensadas e substituídas por um novo grupo de meninas.
Aliás, inclusive esse diretor tirou proveito das meninas, porque a intenção era que ele montasse uma peça de teatro com elas, e se aproveitou de alguns momentos para arrancar essas informações e compilar o livro. Percebendo que a coisa estava tomando outro caminho, desistiram, mas aí a coisa já estava feita. E algumas ficaram tão magoadas que nunca mais voltaram a falar com a Marlene.
Para assistir a este conteúdo, clique na imagem abaixo.
0 comments:
Postar um comentário