Tempos sombrios.

As coisas, geralmente, quando chegam em um extremo, tendem a caminhar para o outro. É algo tipo 8 ou 80. Isso já aconteceu em vários setores e fatores da nossa existência, um exemplo bem básico, e bobo até, é das roupas de banho.

Ao longo das décadas do século XX o traje de banho, masculino e feminino, foi perdendo cada vez mais tecido até chegar a quase nada. Vou tomar como exemplo o modelo para os homens que é mais impactante. A peça que há décadas deixava só os tornozelos do banhista a mostra, encolheu ao longo dos anos e chegou ao extremo de cobrir somente a genitália, depois começou a ganhar mais tecido e estacionou em um meio termo que impera nas praias brasileiras nos dias de hoje.


Já reparou que esse fenômeno ocorre com uma certa frequência?

Atualmente estamos passando por um processo similar na política, o problema é que parecia que nesse aspecto já estávamos no meio termo, que já tínhamos encontrado o equilíbrio depois de pender para os extremos. No Brasil tivemos alguns regimes diferentes. como a monarquia, a ditadura e o parlamentarismo até chegar no presidencialismo. E pasme, ignorando as reeleições, desde que conquistamos o direito ao voto direto até os dias atuais, estamos apenas no quinto presidente eleito. O primeiro foi Fernando Collor de Melo em 1989, o segundo foi Fernando Henrique Cardoso em 1995 e reeleito para o mandato de 1998, o terceiro Luiz Inácio Lula da Silva em 2003 e reeleito para o mandato de 2006, o terceiro governo foi o primeiro de uma mulher com Dilma Roussef em 2011 e reeleita para o mandato de 2015, e Bolsonaro eleito para 2019.


Esse último, fruto da desinformação, da manipulação de notícias e da falta de interesse da grande maioria da população em se aprofundar nos assuntos sobre política, deixando imperar o emocionalismo e as informações já mastigadas e parciais da imprensa. O resultado dessa eleição é apenas um reflexo do que vem acontecendo no Planeta, de pessoas que se posicionam como descontentes com os acontecimentos atuais e vêm no modelo antigo algo como a solução para os problemas posicionando-se em um extremo do qual os mais velhos já lutaram muito para sair.

Quer outro exemplo?

O brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia. E essa saída não se deu apenas pela questão econômica ou política que estivesse influenciando as terras da rainha Elizabeth, aconteceu porque a maioria que votou pelo sim acha que eles são autos suficientes em vários aspectos, inclusive de raça e que pensaram que ao sair da UE as suas terras estariam fechadas para os extranjeiros.

É com essa mesma prepotência que os estados-unidenses elegeram o Trump e os brasileiros o Bolsonaro. Com a expectativa que aqueles que hoje se sentem atingidos, pelos direitos que os menos favorecidos conquistaram ao longo dos anos, sejam  novamente exaltados custe o que custar, ainda que seja um alto preço que será pago do seu próprio bolso.

Esperemos que este bloqueiro esteja errado, mas de qualquer forma fiquemos preparados para tempos sombrios.

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