Chaves.

Criado por Roberto Gómez Bolaños, Chaves estreou no dia 9 de abril de 1972, no canal 8 como esquete do “Sábado de La Fortuna”, um programa de tv que durava 8 horas. E, detalhe, o Chapolin Colorado nasceu antes ainda e Bolaños chegou a considerar que o sucesso do Chaves se deu por conta do herói atrapalhado.

O quadro caiu na graça do público, mas obteve uma recepção negativa pelos críticos, que nas suas primeiras exibições classificaram o conteúdo como grotesco, idiota, fútil, alienante e não recomendável.

As críticas negativas foram feitas em decorrência das agressões físicas e dos insultos entre os personagens . Contudo, havia um lado positivo que era a utilização de situações universais com as quais o público podia se identificar facilmente, independentemente da idade e nacionalidade.

Para a série, o elenco foi composto por Roberto Bolaños – o Chaves. María Antonieta de las Nieves – a Chiquinha. Ramón Valdés – Seu Madruga. Florinda Meza – Dona Florinda. Carlos Villagrán – o Kiko. Edgar Vivar – Seu Barriga. Rubén Aguirre – Professor Girafales. Angelines Fernández – Dona Clotilde, a bruxa do 71. Horacio Gómez - Godínez. E Raúl Padilla – Jaimito, o carteiro.

Nem todos os atores atuaram juntos desde o princípio, Florinda Meza, Carlos Villagrán e Angelines Fernández, por exemplo, foram contratados quando a esquete começou a ser gravada para estrear como série. Mas eles já eram conhecidos de outros trabalhos de comédia e cinema.

O roteiro de El Chavo del Ocho, era bastante simples, consistia em ações que giravam em torno de Chaves, um garoto órfão de oito anos que vivia em um barril numa vila onde residiam quase todos os personagens.

Quando o programa mudou de emissora, o barril passou a ser apenas um esconderijo porque Chaves, então, moraria na casa número 8, que nunca apareceu.

Existem outros segmentos fora da vila, tais como o lote vazio de treinamento de futebol americano, um hotel em Acapulco, o restaurante de Dona Florinda e a escolinha do Professor Girafales. E até a casa do seu Barriga já abrigou as tradicionais situações embaraçosas dos personagens.

O primeiro capítulo de El Chavo del Ocho foi transmitido em 1971. O esquete mais antigo que se tem noção é El ropavejero. Neste aparece apenas Ramón Valdés, María Antonieta de las Nieves e Roberto Bolaños que interpretam seus respectivos personagens. Apenas no capítulo La fiesta de la buena vecindad é que aparecem os personagens principais restantes, aliás, ainda não todos.

Com a saída de alguns atores do elenco, a última transmissão do seriado foi em 7 de janeiro de 1980, e os personagens restantes na trama continuaram gravando quadros para o programa Chespirito até 12 de junho de 1992.

A série ganhou 4 álbuns musicais.

Em 1977,  Así cantamos y vacilamos en la vecindad del Chavo.

Em 1980, Síganme los buenos a la vecindad del Chavo, que tinha também melodias do Chapolim Colorado.

Em 1981, El Chavo canta Eso, eso, eso...!

Em 1989 foi lançado no Brasil um LP com seis versões e quatro canções brasileiras - "Kiko", "Chiquinha", Madruga" e "Aí vem o Chaves" que passou à partir daí a ser a abertura da série.

Em 2006 estreou a versão desenho animado.

Curiosidades.

Em 1975 Chaves era o programa de maior sucesso do canal 8, junto com Chapolim Colorado. Roberto Bolaños foi convidado para migrar para o canal 2, onde ganharia mais, e ele aceitou, mas o canal 2 e o canal 8 acabaram se fundindo para dar lugar a Televisa.

A série estreou em 1972 e já no ano seguinte foi distribuída para vários países da América, obtendo altos índices de audiência. No Brasil a série só estreou no dia 24 de agosto de 1984, no SBT.

A canção utilizada na sequência de abertura de El Chavo del Ocho "The Elephant Never Forgets", foi composta pelo músico francês Jean-Jacques Perrey em 1970. A letra desta melodia é baseada na obra "Las Ruinas de Atenas" de Beethoven.

O elenco realizou turnês internacionais onde dançavam e atuavam em cena.

Horácio Gómez era produtor e autor, mas foi persuadido pelo seu irmão que é o próprio Roberto Bolaños, a entrar na trama também para interpretar o Godinez.

Ramón Valdés, o seu Madruga, era o que dava menos trabalho para compor o personagem, pois ele usava as suas próprias roupas, ou seja, ele já chegava para gravar pronto de casa.

Floinda Meza se casou com Roberto Bolaños em 1977 e dizem que isso gerou um desconforto entre o casal e o amigo de ambos, Carlos Villagrán, porque antes de se casar com Bolaños ela e Villagrán eram namorados.

Em 1973, María Antonieta de las Nieves engravidou e precisou deixar a série antes de dar a luz, e para explicar a sua ausência o Seu Madruga disse que ela tinha ido estudar fora sob proteção de uma das tias. Mas depois disso ela foi contratada pelo canal 13 para apresentar um programa infantil. A maneira de solucionar sua saída foi colocar Pópis, uma garota fanha prima de Kiko interpretada por Florinda Meza, a mesma intérprete de Dona Florinda. Após um ano, María Antonieta voltou para a série e Meza continuou interpretando Pópis e Florinda, respectivamente.

A Chiquinha não foi a única que deixou o programa, O Kiko também pediu pra sair e, meses depois, o seu Madruga fez o mesmo, mas acabou voltando.

Na versão animação, Chiquinha não faz nenhuma aparição já que sua intérprete María Antonieta de las Nieves enfrentou Bolaños por direitos autorais.

Bolaños recusou escrever um roteiro para o cinema, pois a história deveria acontecer só dentro da vila, o cenário tradicional da série, e teria que ser algo inédito para não ficar parecido com qualquer episódio já mostrado. Ou seja, seria muito complexo.

Roberto Gómez Bolaños afirmou numa visita a Lima, no Peru, em 1988, que pensou em terminar a série El Chavo del Ocho num episódio em que Chaves morreria atropelado na tentativa de salvar uma criança, mas foi desencorajado por sua filha, por achar que acabaria influenciando crianças que assistiam a série a fazer o mesmo.

E ela, a filha de Roberto Bolaños, Marcela Gómez Fernández, revelou que vários gestos do protagonista foram inspirados nela e em seus irmãos quando pequenos.

No total, o Chaves foi dublado em mais de cinquenta idiomas.

No Brasil a dublagem aconteceu nos estúdios TVS, entre 1984 e 1986 e Marshmallow, de 1988 a 1992, com direção de Mário Lúcio de Freitas e tradução de Nelson Machado.

Existe uma estátua do Chaves em Cáli, na Colômbia.

E uma do Jaiminho no município mexicano de Tangamandápio, a cidade natal do personagem carteiro.

Em 2011, como parte das comemorações de seus 30 anos, o SBT decidiu fazer uma versão brasileira do seriado. O episódio especial foi exibido em 19 de agosto de 2011 e contou com Renê Loureiro interpretando Chaves, Zé Américo como Quico, Marlei Cevada como Chiquinha, Felipe Levoto como Seu Madruga, Lívia Andrade como Dona Florinda, Carlos Alberto de Nóbrega como Professor Girafales, Ratinho como Senhor Barriga e Christina Rocha como Dona Clotilde.

Em janeiro de 2018, o Grupo Globo adquiriu os direitos sobre o programa. A estreia ocorreu em 23 de maio às 23 horas e elevou a audiência do canal em 71%.

Por onde anda?

Carlos Villagrán deixou o programa em 1978 para começar seu próprio espetáculo, ainda como o personagem Quico, e com a autorização de Bolaños. No entanto, passado algum tempo depois da conquista da autoria de seu personagem, ele considerou que ele era de sua autoria e processou Gómez Bolaños. E perdeu. Não podendo usar o personagem no México ele seguiu carreira solo na Venezuela.

Ramón Valdés abandonou o programa em 1979, por motivos pessoais. Foi quando Raúl Padilla foi contratado para integrar o elenco interpretando o personagem Jaiminho. Em 1981, Valdés voltou por um tempo determinado, pois já tinha assumido o compromisso da gravação de uma série com Villagrán, o Kiko. E eles trabalharam juntos novamente em 1988, mas Ramón Valdés foi diagnosticado com câncer de estômago e faleceu no dia 9 de agosto daquele mesmo ano.

María Antonieta de las Nieves foi desafiada por Bolaños, quando ele a convidou para integrar sua série, ela disse que era uma atriz séria, ele então argumentou que se ela não era capaz de fazer comédia, não era um boa atriz. Na década de 2000 eles entraram num acordo judicial para ela utilizar o nome de sua personagem Chiquinha, contudo, Bolaños voltou a processá-la por suposto uso indevido da personagem. A atriz aproveitou um descuido do criador ao perceber que os direitos autorais tinham caducado para registrar a personagem em seu nome.

Edgar Vivar foi indicado para o filme El orfanato em 2007 e para telenovela Para Volver a Amar em 2010.

Angelines Fernández trabalhou com Chespirito até 1991, e até esta data ela continuou a atuar em alguns filmes e ganhou muitas medalhas por sua trajetória artística.

Angelines morreu no dia 25 de março de 1994, aos 71 anos, vítima de um câncer no pulmão.

Ruben Aguirre era um dos executivos da emissora em que Bolamos trabalhava e simultaneamente começou a atuar nas esquetes do Chaves. Ele teve que optar por um dos cargos e continuou na atuação.

Aguirre produziu em 1994 o programa "Aqui está la Chilindrina". O programa teve como personagem central a esperta Chiquinha, interpretada por María Antonieta de las Nieves, mas com o problema judicial que ela se envolveu pelo personagem, Rubén defendeu Roberto. Por isso, ela se afastou totalmente de Rubén. E ele chegou a declarar que gostaria de uma reconciliação e lamentou as brigas envolvendo o elenco de Chaves.

Desde 1976 ele era também o proprietário de um circo: "El Circo del Professor Girafales".

Em 2007 ele sofreu um acidente de carro e teve que parar de trabalhar.

Em 2015 lançou sua biografia intitulada Después de usted.

No dia 12 de fevereiro de 2016, se reencontrou com Florinda Meza em Puerto Vallarta. O reencontro emocionou os fãs.

Ruben Aguirre faleceu no dia 17 de junho de 2016.

Florinda Meza além dos programas de tv, ela trabalhou em todos os cinco filmes de Chespirito, e na peça de teatro escrita por ele, "Títere" em 1984.

Ela estudou para ser escritora e diretora de produções artísticas e mais uma vez obteve sucesso com novelas como "María de Nadie" em 1985, "Milagro y Magia" 1991, onde também atuou, "La Dueña" 1995 e "Alguna Vez Tendremos Alas" 1997. Também atuou por mais de oito anos consecutivos no sucesso de teatro "11 y 12".

Ela parou de trabalhar para cuidar do marido quando ele já estava com a saúde bem debilitada.

Roberto Gómez Bolaños continuou como escritor e roteirista de outras produções. Ajudou, inclusive, no roteiro do desenho animado do Chaves.

Em 2009 ele se despediu do teatro.

E faleceu no dia 28 de novembro de 2014.

Veja o vídeo aqui.