Todas as novelas de Silvio de Abreu


Silvio Eduardo de Abreu nasceu em São Paulo, no dia 20 de dezembro de 1942. Ele começou no teatro como ator e estreou na televisão em novelas como A Muralha e A Próxima Atração, mas foi escrevendo que brilhou de verdade.


Ele disse que, aos 5 anos, foi ao cinema e falou que queria fazer alguma coisa naquele gênero e achava que era ser ator, e foi ser ator, mas não era bom, então foi dirigir. Dirigindo se saiu melhor e começou a escrever. Veja quais foram os folhetins que ele escreveu e em  quais emissoras passaram.

Éramos Seis
A primeira novela de Silvio de Abreu foi a adaptação do livro Éramos Seis de Maria José Dupré, em 1977, na TV Tupi. É uma das poucas telenovelas integralmente preservadas da emissora que foi extinta em 1980, todos os capítulos e materiais extras foram preservados pela Cinemateca Brasileira. Trata-se da emocionante história de Dona Lola e sua família, enfrentando as dificuldades do início do século XX. Um clássico que ganhou várias versões em distintas emissoras.

Pecado Rasgado
Sua primeira novela na TV Globo, foi Pecado Rasgado, em 1978. Uma comédia cheia de mal-entendidos, que já mostrava seu talento pra misturar humor e crítica social, mas ele disse que enfrentou muitas dificuldades na época, a começar pelo estilo que estava querendo implantar em novelas, que privilegiava a comédia e  não conseguiu deixar como gostaria, devido o conservadorismo da emissora e do público.

Ele chegou a dizer que foi uma novela sem graça e desinteressante, que desperdiçou vários talentos e no final acabou pedindo demissão, jurando que nunca mais escreveria uma novela.

Plumas e Paetês
Dois anos depois de Pecado Rasgado, Silvio de Abreu estreou Plumas e Paetês, em 1980, de volta na TV Globo, em parceria com Cassiano Gabus Mendes. É uma história sobre identidade trocada, estrelada por Lucélia Santos. A novela foi um sucesso e o consolidou Silvio no horário das sete.

Jogo Da Vida
Em 1981, estreou a novela Jogo Da Vida, mostrando os bastidores do futebol e o lado obscuro da fama, com Regina Duarte e Tony Ramos. Apesar de a novela trazer um clima mais dramático para o horário das sete, Silvio de Abreu considera essa a sua grande oportunidade bem-sucedida de mesclar humor e romance e que foi bem aceita pela emissora e pelo público.

Guerra Dos Sexos
Em 1983, foi ao ar a novela Guerra Dos Sexos. Um pastelão, e talvez a sua obra mais conhecida. Trata-se de uma batalha hilária entre homens e mulheres, com Fernanda Montenegro e Paulo Autran em papéis icônicos. Foi uma revolução na maneira de fazer novela porque tinha um humor ácido, nonsense e escrachado. Silvio de Abreu se inspirou em filmes nacionais e em grandes clássicos do cinema estados-unidenses da década de 1930.

Tinha também muitas referências à outras novelas, ja exibidas ou em exibição. Antes da estreia a emissora tinha uma grande expectativa e medo de rejeição, porque a trama era voltada unicamente para o humor e não havia tantas vertentes dramáticas como nas novelas tradicionais. E os personagens interagirem com o público, quando olhavam para câmera e falavam diretamente com quem estava assistindo. Era muito fora do padrão.

Cambalacho
Em 1986, estreou Cambalacho. Era uma sátira sobre jeitinhos e malandragens no Brasil. Já sem a censura militar, Silvio de abreu misturou crítica social e pastelão, criticando o comportamento condescendente frente a falcatruas e à corrupção. Poucos antes da novela estrear, o governo de José Sarney lançou o Plano Cruzado, então, algumas cenas da novela tiveram que ser adaptadas porque faziam referência a valores ainda cotados em Cruzeiro. O jeito encontrado foi mostrar na tela a correção dos valores da moeda usada na novela com a moeda em circulação no país.

Sassaricando
Em 1987, estreou Sassaricando. Essa novela tem uma das vinhetas mais bem feitas da história da TV, é sensacional. A história é sobre um viúvo cheio de charme que decide aproveitar a vida, enquanto sua filha tenta descobrir sua verdadeira identidade.

Sabe aquela frase: saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou?

Eu não sei se nasceu dessa novela, ou o Silvio de Abreu só utilizou essa frase para conduzir um dos dramas na novela, porque o personagem Ricardo de Pádua, pai de Tancinha, Guel, Isabel e Juana, saiu para comprar cigarros e nunca mais voltou. A novela é super escrachada, cheio de exageros. em 2016, foi reescrita sob o nome de Haja Coração.

Rainha da Sucata
Em 1990, estrou outra grande obra prima, a novela Rainha da Sucata, que conta a história de Maria do Carmo, que foi da sucata ao luxo, enfrentando a elite paulistana e a vilã mais chique da TV, a Laurinha Figueroa.


Nessa novela Silvio de Abreu passou pelo mesmo problema que passou em Cambalacho, a moeda do país mudou, mas nesse caso, antes da novela entrar no ar, então deu tempo de reescrever os capitulos e regravar as cenas para adaptar a trama à realidade.

Boca Do Lixo
Ainda em 1990, estreou a minissérie Boca Do Lixo. Foi um projeto de Silvio de Abreu para mostrar que ele era capaz de escrever dramas sem apelos à comédia.


A sinopse foi apresentada à emissora em 1989, e em 1990, a direção resolveu leva-la ao ar. É uma história cheia de revira voltas onde nenhum dos personagens protagonistas é flor que se cheire.

Deus Nos Acuda
Em 1992, estreou Deus Nos Acuda. Outra vez, mesclando humor com crítica social. Na época, o Brasil passava por um escàndalo de corrupção com o governo do Fernando Collor de Melo. Silvio inventou uma anja, a mais improvável para o papel, que recebeu a missão de ajustar o país. Ele trouxe de volta a personagem de Dona Armênia, de Rainha da Sucata, com os seus três filhos, mas as críticas não foram muito boas.


Descontente com o resultado da novela, Silvio de Abreu pediu as contas e um ano depois do fim da novela, estreou no SBT.

Éramos Seis
Em 1994, estreou Éramos Seis, no SBT. Foi a volta às origens de Silvio de Abreu, essa novela foi o seu primeiro remake. Silvio voltou a adaptar esse clássico em uma versão mais emotiva e foi super elogiada pela crítica. Mas detalhe, foi O seu primeiro remake, porque essa já era a quarta vez que o livro de Maria José Dupré foi adaptado para a TV. Foi uma vez na TV Record e outras duas vezes na TV Tupi.

A Próxima Vítima
Em 1995, de volta à Globo, estreou A Próxima Vítima. Um novelão de drama e suspense policial que virou febre no Brasil. O assassino misterioso só foi revelado no último capítulo, que ganhou uma segunda versão para a exibição de Portugal.

Torre De Babel
Em 1998, estreou Torre De Babel. Sedento por inovações, Silvio de Abreu não poderia fazer diferente nessa novela, ou melhor, ele resolveu fazer diferente do que o público estava acostumado até então. Abordou temas fortes e pouco explorados, como o uso de drogas, violência doméstica, homossexualidade entre mulheres, e colocou atores interpretando personagens com personalidades diferentes do de costume.


Tony Ramos, o eterno mocinho, dessa vez era um vilão. E Claudia Raia também, e além disso, ela que sempre teve apelo sensual estava toda coberta. E o público não gostou. A solução para eliminar os personagens que incomodavam os telespectadores foi explodir o shopping da novela, que custou mais de um milhão para ser feito. E assim como aconteceu em A Próxima Vítima, a cena da revelação do autor da explosão do shopping foram gravadas minutos antes do último capítulo ir ao ar.

A explosão do shopping já estava pensada, mas foi adiantada, então, mesmo com a trama toda reformulada, o autor da explosão foi o mesmo que Silvio de Abreu tinha decidido desde o início.

As Filhas Da Mãe
Em 2001, estreou As Filhas Da Mãe. Com a dura missão de manter a audiência de Uga Uga, que teve muitos apelos para prender o público. Novamente escrevendo uma comédia, Silvio de Abreu fala sobre uma ex-vedete e seus filhos problemáticos, incluindo uma filha trans interpretada por Luís Gustavo. E outra vez sofreu críticas e encurtou a trama. A novela ficou no ar pouco mais de quatro meses.

Aqui aconteceu a mesma coisa que em Rainha da Sucata, primeiro Silvio de Abreu pensou nos atores que queria no elenco e depois definiu os personagens. Ou seja, começou a escrever a partir do que tinha a disposição e chegou a reclamar da baixa audiência dizendo que quando tem gente pelada o povo reclama, mas se não mostra bunda ninguém assiste.

E o Ministério da Justiça tentou readequar a novela para depois das 20h, alegando que a temática da transexualidade era muito delicada para se tratar em um horário assistido por crianças e adolescentes. Cláudia Raia, a intérprete da personagem, considerou a decisão discriminatória com as transexuais, uma vez que a personagem nem sequer abordaria a redesignação sexual ou temáticas sobre sexo.

Além disso, haviam vários programas com alto teor sexual cisgênero exibidos livremente em qualquer horário, então aquela atitude era uma hipocrisia. A novela foi liberada para o horário pouco antes da estreia.

Belíssima
Em 2005, entrou no ar, Belíssima. A disputas de familiares pela herança de uma poderosa marca de moda, com humor e crimes. Silvio de Abreu repetiu parte do elenco de As Filhas Da Mãe, como Fernanda Montenegro, Tony Ramos, Claudia Raia e Reinaldo Gianecchinni. A novela serviu de redenção para o autor e para os atores porque foi um sucesso.


O autor fez uma surpreendente observação de mudanças de valores do público. Ele disse que os telespectadores, que antes torciam para a mocinha e sofriam com ela, estavam se simpatizando mais com a vilã da trama.

Passione
No dia 17 de maio de 2010 estreou Passione. Como o próprio nome já sugere, era uma trama com personagens italianos. A vinheta é uma obra de arte, de um capricho incrível. A novela fala de relações familiares e de segredos, envolvendo quatro núcleos de personagens situados no Brasil e na Itália, com reviravoltas e apelos emocionais, um típico novelão.

Passione foi bem elogiada pela crítica, mas também recebeu avaliações negativas. O público reclamou do ritmo acelerado da trama, que foi corrigido, e os mais entendidos do idioma italiano, disseram que haviam muitos erros, que o dialeto adotado pelos personagens não correspondia com o local onde a trama se passava. É mais ou menos como atores interpretando personagens gaúchos com sotaque nordestino.

E apesar da boa receptividade, os números de audiência não foram muito satisfatórios, ficaram na casa dos 36 pontos. A justificativa foi o aumento dos assinantes de televisão paga, ou seja, a queda de audiência da TV aberta não é de hoje.

Guerra Dos Sexos
Silvio de abreu só voltou a escrever em 2012, quando refez o seu clássico Guerra Dos Sexos. A novela foi atualizada, mas mantendo o humor ácido original, no entanto, as críticas eram que ele tinha basicamente feito um cópia e cola do texto original com o atual, ou seja, manteve tudo exatamente igual e não funcionou.

Em 2014, Silvio de Abreu assumiu o cargo de Diretor de Dramaturgia Diária da Globo, coordenando todas as novelas da emissora. Papel que manteve até 2020, quando pediu desligamento da emissora devido as inúmeras reformulações da empresa que acabou afetando a liberdade criativa e artística dos autores. Em 2021, ele assinou com a HBO Max, onde ficou por pouco tempo devido a falta de estrutura e recursos para desenvolver um bom trabalho.

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