Sandra Bréa era uma mulher linda, ousada, talentosa que marcou as décadas de 70 e 80 como uma das maiores estrelas da televisão brasileira, mas que também foi muito além das novelas. Ela rompeu tabus, enfrentou preconceitos e viveu intensamente até o último instante.
Teve uma carreira de sucesso em mais de 20 anos de TV Globo. Uma das sexy simbol dos anos de 1970 e 1980, que cantava e dançava, além de atuar, o que propiciou trabalhar em programas de diferentes perfis, como humorísticos e musicais, mas que teve uma série de relações conturbadas, inclusive com sua própria família, e partiu cedo demais, em 2000, aos 47 anos.
Sandra Bréa Brito nasceu no Rio de Janeiro, em 11 de maio de 1952. Ela iniciou sua carreira aos treze anos de idade, como modelo, e aos catorze, seguiu para o teatro de revista do Rio de Janeiro, onde estrelou Poeira de Ipanema. Como atriz estreou, em 1968, na peça Plaza Suite, tendo sido escolhida para o papel pelo diretor João Bittencourt e pela atriz Fernanda Montenegro.
Em 1970, aos 18 anos, foi contratada pela TV Globo, estreando na telenovela Assim na Terra Como no Céu. Em 1972, atuou na novela O Bem Amado, de Dias Gomes, interpretando seu primeiro grande papel, a personagem Telma. Em seguida, atuou em Os Ossos do Barão e Corrida do Ouro, Escalada, O Pulo do Gato, Memórias de Amor, Elas por Elas, Sabor de Mel, Ti Ti Ti, Bambolê, Pacto de Sangue, Gente Fina e Felicidade.
Com exceção de Sabor de Mel, feita na Rede Bandeirantes, todas as demais foram feitas na Rede Globo.
Mas Sandra Bréa não se limitou as novelas, ela também atuou na linha de shows, como no humorístico Faça Humor, Não Faça Guerra, onde conheceu Luís Carlos Miele, que veio a ser seu parceiro em uma série de apresentações que misturavam canto e dança. Na tV, o programa se tornou um grande sucesso de crítica e de audiência.
Sandra Bréa foi expoente do Movimento de Arte Pornô. Como era muito bonita, tornou-se um dos principais símbolos sexuais do Brasil, principalmente na década de 1970, tendo posado nua diversas vezes para revistas como Status e Playboy, entre outras. Seus primeiros nus foram feitos ainda na década de 1970, em pleno regime militar, quando esse tipo de coisa era bem menos comum.
E sua beleza também lhe rendeu convites para filmes eróticos e ela aceitou. Atuou em pornochanchadas e vários filmes de teor adulto, como: Sedução, Cassy Jones, o Magnífico Sedutor, Herança dos devassos, Um uísque antes um cigarro depois, e, Os Mansos.
Mas essa linda flor não era exatamente uma candura de pessoa. Em julho de 1987, ela foi acusada de disparar quatro tiros contra um motorista. Mas como diz Luciana Gimenez, abafaram o caso, o incidente foi contornado e divulgado como apenas um mal entendido. Pouco tempo depois sua mãe tirou sua própria vida, então, alguma coisa de errado não deveria estar certo em sua família.
Em agosto de 1993, Sandra Bréa revelou à imprensa, corajosamente, que era portadora do vírus HIV, que na busca pelos seus amores, acabou sendo contaminada. Na época, a AIDS assombrava o mundo, porque tínhamos perdido recentemente algumas personalidades muito famosas.
Em 1990, partiu o Zacarias, que até hoje é um tema delicado e com alguns controvérsias, mas segundo as notícias mais recentes, ele era mesmo soro positivo. No mesmo ano, partiu o cantor Cazuza, depois de um longo período de luta contra a vulnerabilidade que o vírus provocava. Em 1991, Fredy Mercury partiu pelas mesmas razões.
Então, assumir ser portadora do vírus do HIV foi de uma coragem imensa, porque pela falta de conhecimento da população, existia muita discriminação. Segundo revelou Welson Rocha no seu canal no You Tube, Meu Brasil de Histórias, ela dizia que não morreria de Aids, morreria como qualquer um, atropelada.
Mas depois dessa revelação, Sandra Bréa praticamente desapareceu da TV. Ela fez uma participação no último capítulo da novela Zazá, em 9 de janeiro de 1998, atuando como ela mesma. Foi uma longa fala em que destacou a importância de dar valor à vida e de lutar contra o preconceito e a discriminação.
Em dezembro de 1999, seus médicos detectaram um tumor maligno no pulmão em estágio avançado e lhe deram seis meses de vida. No mês seguinte, foi internada e submetida a uma biópsia. A proposta foi de um tratamento à base de quimioterapia e radioterapia, mas ela recusou.
No final de abril de 2000, já praticamente sem voz, com muitas dores, insuficiência respiratória e febre, concordou em receber um oncologista. Em 2 de maio, foi levada ao Hospital Barra D'or para fazer uma tomografia computadorizada, mas não soube o resultado, pois morreu dois dias depois em sua casa, em Jacarepaguá.
Sandra Bréa foi sepultada no Cemitério São João Batista, em Botafogo. Após 15 anos, seus restos mortais foram exumados e foram colocados à espera de um jazigo. Ela deixou um filho adotivo, o Alexandre Bréa Brito, com quem estava brigada na época de sua morte. Ele desapareceu em 2001, e em 2019 foi dado como morto pela justiça.
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