Todas as minisséries de 1990 - da TV Globo


Pantanal estreou no dia 27 de março, de 1990, ia ao ar após a novela das oito da Globo. Ou seja, não concorria diretamente. Na época, estava acabando a novela Tieta, foi durante os seus últimos capítulos que estreou Pantanal, e na semana seguinte Rainha da Sucata entrou no ar, que apesar de não agradar muito o público porque os personagens, sobretudo Maria do Carmo, gritava de mais, a audiência não sofreu grandes alterações. A influência da concorrente afetou basicamente o horário da linha de shows que vinha logo em seguida.


Em cada dia da semana a Globo exibia alguma coisa diferente, tinha filmes na Tela Quente, séries enlatadas e programas humorísticos, eram dois, o Chico Anysio Show e TV Pirata. Esses dois últimos acabaram sendo eliminados da grade no decorrer do ano e para fazer frente a Manchete, a Globo produziu minisséries durante o ano todo.

Desejo

No dia 27 de maio, estreou Desejo, escrita por Gloria Perez, com direção geral de Wolf Maya. Contou com Tarcísio Meira, Vera Fischer, Guilherme Fontes, Marcos Winter, Marcos Palmeira, Cláudio Cavalcanti, Leonardo Villar e Nathália Timberg nos papéis principais. A trama contou em 17 capítulos, de forma romanceada, o episódio conhecido como A Tragédia da Piedade, quando o escritor Euclides da Cunha foi morto por Dilermando de Assis, amante de sua mulher Ana Emília Ribeiro.


Como a emissora costumava estrear as minisséries na terça-feira, para acostumar o público a acompanhar os capítulos sem perder a audiência para Pantanal, a estreia aconteceu no domingo. E foi ao ar até o dia 22 de junho.

A, E, I, O… Urca
No dia 24 de junho, estreou A, E, I, O… Urca.  Idealizada por Carlos Manga e Doc Comparato, foi escrita por Antonio Calmon e Doc Comparato, com direção de Maurício Sherman e Dennis Carvalho. Contou com Débora Bloch, Carlos Alberto Riccelli, Renata Sorrah, Marcos Paulo, Raul Cortez, Beatriz Segall, Herson Capri, Carla Marins e Pedro Cardoso nos papéis principais. 


A minissérie é ambientada no boêmio bairro da Urca, nas décadas de 1930 e 1940, nos chamados anos de ouro do Rio de Janeiro. Em meio à efervescência da Segunda Grande Guerra que envolveu boa parte do planeta, no Brasil, o Rio de Janeiro viveu momentos de glamour no Cassino da Urca. A minissérie é repleta de tramas carregadas de mistério que envolvem perseguição política, anti-semitismo, crimes e espionagem internacional.


A, E, I, O… Urca  teve 13 capítulos, foi ao ar até 13 de julho, e ganhou uma trilha sonora. O álbum tem 14 faixas, mesclando músicas nacionais com internacionais.

Boca do Lixo
No dia 17 de julho, estreou Boca do Lixo, escrita por Silvio de Abreu, e dirigida por Roberto Talma. Contou com Sílvia Pfeifer, Alexandre Frota e Reginaldo Faria como protagonistas. Foi a estreia de Silvia Pfeifer como atriz, até então ela atuava como modelo, e foi bastante criticada pela sua atuação.


Silvia Pfeifer foi escolhida depois da recusa de Christiane Torloni, e porque o autor queria dar um ar elegante na personagem. Silvia Pfeifer desfilava e fotografava para marcas caras e reconhecidas no exterior, então, tinha o perfil que Silvio de Abreu queria. E, detalhe, ele estava escrevendo Rainha da Sucata, e se ausentou da novela, que foi continuada por Alcides Nogueira, para se dedicar a minissérie. Apesar de ter entregado o texto para a Globo em 1989.

A história é sobre uma mulher que começou sua carreira artística fazendo fotografias para revistas masculinas e cinema nacional, no período das pornochanchadas. Já em decadência, se casou com um industrial que a assediava como fã, e passaram a viver na cidade de Rio Negro sem nem suspeitar que ela era a peça de um jogo de crime e adultério arquitetado pelo seu então marido para sumir depois de um golpe envolvendo muito dinheiro.


A ideia original era que a minissérie tivesse dez capítulos, mas foram reduzidos a oito para se encaixar na grade da emissora que voltou a apresentar a minissérie em seus dias originais, de terça a sexta-feira. O último capítulo foi ao ar no dia 27 do mesmo mês, e ganhou um álbum com a trilha sonora que contém uma música da Madonna, Justify My Love, e músicas da minissérie Desejo também.

Riacho Doce
No dia 31 de julho, estreou Riacho Doce. Foi escrita por Aguinaldo Silva, com direção de Paulo Ubiratan e Reynaldo Boury, baseada no romance homônimo de José Lins do Rego. Contou com Vera Fischer, Carlos Alberto Riccelli, Herson Capri, Luiza Tomé, Nelson Xavier e Fernanda Montenegro nos papéis principais.


A minissérie foi produzida às pressas, a equipe teve dois meses para coloca-la no ar. A Globo usou as mesmas táticas da novela Pantanal mostrando cenas de natureza exuberante, diálogos lentos, e nudez, ao som de músicas instrumentais. As cenas foram feitas no arquipélago de Fernando de Noronha e na praia de Carne de Vaca, distrito de Goiana, última praia pernambucana, fazendo fronteira com o litoral paraibano. As cenas de estúdio foram gravadas na Cinédia, no Rio de Janeiro.


Ao todo, foram 40 capítulos, o último foi ao ar no dia 5 de outubro. Riacho Doce teve um álbum musical com canções nacionais e músicas instrumentais, com a atriz Luíza Tomé na capa.

La Mamma
No dia 8 de outubro, estreou La Mamma, baseada na peça homônima de André Roussin, de 1957, que era uma adaptação teatral do romance O Belo Antônio, de Vitaliano Brancati, de 1907. A adaptação para a TV foi feita por Augusto César Vanucci e Paulo Figueiredo, com roteiro de João Bethencourt e direção de Vanucci. Contou com Dercy Gonçalves e Cesar Filho nos papéis principais.


A história gira em torno de uma mãezona que enfrenta a pacata cidade mineira de Bom Jesus da Moóca, lotada de maridos preocupados com a chegada de seu filho Manfredo Antônio, que desperta a tentação em todas as mulheres que encontra em seu caminho. Com medo que o rapaz desperte o interesse em suas esposas, os maridos ciumentos da cidade, reunidos no Clube dos Cornos, contratam um pistoleiro profissional para recebê-lo.

Ao saber do complô armado contra o filho, a Mamma faz tudo para protegê-lo. Aconselhada pelo espírito do falecido marido Manfredão, decide promover o casamento do filho com Soninha, para pôr fim à sua fama de conquistador. Mas depois do casamento, a preocupação da Mamma passa a ser a reputação de Manfredo Antônio, que não cumpre seus deveres de marido.


Dercy Gonçalves já tinha feito La Mamma no teatro. E essa foi a última atuação como ator de César Filho, no mesmo ano, ele tinha atuado no seriado Alô Doçura com Virginia Novick, no SBT. A minissérie tem apenas cinco capítulos, é mini mesmo, e só existe por uma razão, a produção de Araponga estava atrasada, então para tapar o buraco na grade de programação foi escrita La Mama, que estreou e acabou na mesma semana, foi ao ar do dia 8 a 12 de outubro.

Araponga
No dia 15 de outubro, estreou a novela Araponga. Escrita por Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar, teve direção geral de Cecil Thiré. E contou com as atuações de Tarcísio Meira, Christiane Torloni, Taumaturgo Ferreira, Paulo José, Lúcia Veríssimo, Flávio Galvão, Ary Fontoura, Eloísa Mafalda, Edgard Amorim e Carla Marins nos papéis principais.


A novela estava prevista para substituir Rainha da Sucata, mas foi adiantada para o horário das minisséries com a finalidade de manter o público e frear a audiência de Pantanal. O roteiro foi desenvolvido em conjunto por Dias Gomes, Lauro César Muniz e Ferreira Gullar, que escreviam os capítulos individualmente e reuniam-se para discutir o rumo geral da história.

O título da novela seria Ponto Futuro, mas foi alterada por Dias Gomes em referência ao uso costumeiro de codinomes por espiões do serviço de informações da ditadura militar brasileira que usavam nomes de animais. O protagonista, ex-agente do regime, adotou o da ave araponga.

Foi a segunda novela de Luiza Brunet que tinha atuado em Cambalacho, em 1986, além de ter feito duas rápidas participações em outras produções da emissora. Ela estampou as capas dos dois álbuns da novela, a trilha sonora nacional e a trilha sonora internacional.


Com essa novela a Globo finalizou sua estratégia para frear a perda de telespectadores para a Manchete, porque Araponga só acabou no dia 29 de março de 1991, quase quatro meses depois de Pantanal, totalizando 143 capítulos.

Com o adiantamento e alteração de horário de Araponga, para substituir Rainha da Sucata a Globo encomendou outra história para Cassiano Gabus Mendes, que escreveu às pressas Meu Bem, Meu Mal. As gravações começaram uns 15 dias antes da estreia e o elenco foi montado com os atores que estavam disponíveis, boa parte deles eram iniciantes, como Adriana Esteves, Lisandra Souto, Mylla Christie, Fábio Assunção... e a protagonista Silvia Pfeifer.

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