A TV Gazeta nunca teve muita sorte em sua existência, ou talvez tenha sido só falha administrativa mesmo. A emissora foi inaugurada em 25 de janeiro de 1970, com sede em São Paulo, através da Fundação Cásper Líbero, mas deveria ter entrado no ar muito antes, em 1952, nos primeiros anos da TV no Brasil. No entanto, devido à demora da inauguração por questões técnicas, a concessão foi passada para as mãos de Assis Chateaubriand, que um ano depois inaugurou a TV Cultura.
E essa não foi a única vez que a TV Gazeta perdeu a concessão para concorrentes, pois em 1961, Juscelino Kubitschek repassou os direitos de operar o canal para a TV Continental do Rio de Janeiro, no entanto, um dia depois, com a posse de Jânio Quadros, a concessão voltou às mãos da Fundação Cásper Líbero.
Enquanto tentava se erguer apareceram o SBT e a Manchete no caminho e a TV Gazeta nunca conseguiu figurar entre as grandes emissoras do país, mas grandes nomes da televisão brasileira passaram pelo canal, como Claudete Troiano, Fausto Silva, Serginho Groisman, Galvão Bueno, Fofão, Mariane Dombrova, Sérgio Mallandro, Catia Fonseca, Marcelo Tas, Ratinho, e muitos outros.
Alguns nomes, infelizmente, não chegaram a ficar conhecidos nacionalmente ou fizeram parte apenas de um determinado segmento cultural, como foi o caso do apresentador Ewaldo Carvalho que seguia a linha do Silvio Santos com aquele microfone estranhíssimo no peito.
Ewaldo Carvalho passou pela rádio Imprensa FM 102,5. E o Super Sábado ele estreou na TV Gazeta em 1987, com direção de Amilcar Vidal, nas tardes de sábado, entre 12h às 16h. Com ele estavam também a Zélia Martins que apresentava o quadro de entrevistas Portas Abertas, o Décio Ferreira que interpretava o Gênio Eugênio, e Darío Costenaro que ficava com a responsabilidade de apresentar o show de novos talentos.
Outros apresentadores passaram pelo programa como o Petrucio Melo, Lilian Gonçalves, Savério Zacanini, entre outros. Mas a estrela mesmo foi Ewaldo Carvalho que muitas vezes foi chamado de cover do Silvio Santos pela mídia impressa da época, como as revistas Amiga e Contigo, e os jornais Diário Popular e Notícias Populares.
Seguindo a linha Cassino do Chacrinha da TV Globo, Clube do Bolinha da Band e Show de Calouros do SBT, o Super Sábado contava com uma grande bancada de jurados no programa já que promovia concursos e levava para o palco shows de transformistas e travestis muito comum nos programas citados, com exceção do Chacrinha.
Durante uma fase, não havia plateia, mas 14 jurados compunham a bancada, o que já era praticamente uma plateia completa, porém, com a popularidade do programa o estúdio foi adpatado para receber aqueles que queriam assistir as gravações.
Entre o juri havia um sósia de Pedro de Lara, um palhaço que lembra muito o Espirro, interpretado por Carlos Alberto de Oliveira, que fazia dupla com o Atchim e ambos apresentavam o programa Brincando Na Paulista, e também a Andréa de Mayo que era famosíssima no meio LGBT+.
A Andréa de Mayo nasceu no dia 4 de maio de 1950, foi uma travesti que tinha como sonho ser cantora e bailarina antes de transformar o corpo através de hormônios e silicone mas não conseguiu. Ela viveu na rua dormindo em praças quando foi expulsa do meio familiar, ainda menor de idade, mas fundou duas casas noturnas para o público LGBT+, a Val Improviso na década de 1970, e a Prohibidus na década de 1990.
Além de empresária, tornou-se também uma filantropa, já que comprava apartamentos, mobiliava e alugava para transexuais que não tinham amparo familiar, além de fazer doações para várias entidades beneficentes. Ela é citada no livro Rainhas da Noite do jornalista Chico Felitti como uma das três maiores cafetinas de São Paulo, junto com Jacqueline Welch e Cristiane Jordan.
Segundo informações do livro na internet, o Chico Felitti resolveu montar uma complexa rede de pesquisa e entrevistas para reconstituir a história de três personalidades fundamentais tanto para São Paulo quanto para a comunidade LGBT+ que simplesmente quase não tem registros em órgãos públicos do que sofreram, nem do que causaram. E as três travestis dominaram o centro da maior cidade da América do Sul por décadas.
Andréa de Mayo que nasceu no mês de maio, curiosamente faleceu em maio também, no ano de 2000, aos 50 anos, após fazer uma cirurgia para retirar o silicone industrial que havia injetado no corpo na década de 1970.
O Super Sábado saiu do ar em maio de 1989. Após sua passagem pela TV Gazeta, Ewaldo Carvalho foi para a Record onde apresentou um programa jornalístico e em 1992 se candidatou a vereador de São Paulo. Depois da fase política passou a se dedicar a sua empresa de consultoria para teatro, rádio e TV.
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