Quais foram os 10 novos programas dos 10 anos do SBT

O SBT estreou no dia 19 de agosto de 1981, completando, por tanto, 10 anos em 1991. Uma data bem importante que não devia passar desapercebida, apesar da crise que assolava a emissora. Mas o Silvio Santos sempre soube contornar as crises, não sem dores para alguns profissionais.

Em 1990, a grade infantil ocupava boa parte da programação diária e para enxugar gastos o Silvio Santos pensou em juntar os apresentadores. A Mariane apresentaria um programa com o Bozo, e a Mara com o Sergio Mallandro, mas através de um lapso de bom senso, de lucidez, ele resolveu mantê-los cada qual em seu programa, no entanto, pediu um cenário neutro para que servisse para todos. 

O cenário era basicamente o mesmo, mudando apenas o elemento principal, no caso do Show Maravilha o Sol, para o Oradukapeta criaram uma caricatura do Sergio Mallandro e para a Mariane um coração. A disposição da arquibancada também mudava, mas até o desenho no chão do palco ficava igual para todos, com exceção do Bozo que preservaram bem a identidade do circo, mas o programa saiu do ar no comecinho de março de 1991. Sergio Mallandro saiu antes, em junho de 1990.

Ainda assim, com muita restrição financeira, o SBT estreou vários programas e teve muito sucesso com muitos deles. Foi o caso do jornalístico Aqui Agora, das novelas mexicanas Rosa Selvagem e Carrossel, do Topa Tudo Por Dinheiro... e para celebrar os 10 anos da emissora, tiveram a ideia de lançar 10 novos programas que estrearam em agosto, no mês de aniversário da emissora com algumas exceções. Alguns deram muito certo, enquanto que outros ficaram no ar por poucos meses.

Big Domingo

O Big Domingo, com o Gugu, foi ao ar ainda em julho ocupando a grade que antes pertencia a Corrida Maluca, que provavelmente gerava menos despesas para ser produzido, já que quase não tinha cenário. Era uma mescla de muitas coisas, tinha vídeos engraçados, flagras de artistas, loucuras do estilo Sonho Maluco e Parece Mentira Mas Não É do Viva a Noite, disputas absurdas, concursos e artistas convidados.

Algumas coisas sem noção, do tipo crianças entrevistando a Dercy Gonçalves. Ela era um perigo sozinha, a gente nunca sabia o que ia sair de sua boca e não tinha o menor jeito de lidar com o público mirim. O ator Wagner Santisteban disse que ficou traumatizado com a resposta dela quando ele perguntou se era verdade que ela tinha construído seu caixão, na verdade, ela estava construindo o seu túmulo.

E o Gugu sempre soube explorar muito a sensualidade em seus programas, no Big Domingo não era diferente. Teve concurso do homem mais bonito do Brasil, ele falou sobre tatuagem íntima e até mostrou a foto de um homem nu com o corpo todo tatuado, além de outras bizarrices ao longo do tempo em que a atração esteve no ar. Durou até o final de 1992.


Sabadão Sertanejo.

Outro programa que estreou antes de agosto, também com o Gugu, foi Sabadão Sertanejo. Foi ao ar na noite de sábado do dia 20 de julho de 1991, antes do Viva a Noite, e recebia exclusivamente cantores sertanejos. O cenário tinha um visual meio country e aproveitava a estrutura do Viva a Noite.

Em 1992 o Viva a Noite saiu do ar e depois o Gugu usou a mesma ideia para estrear o Domingo Legal. Ou seja, o Domingo Legal era o Viva a Noite passando no domingo com outro cenário. E o Sabadão Sertanejo passou a receber cantores de outras vertentes, até perder o sertanejo do nome e ficar só Sabadão a partir de 1997.


Musidisc

Nem todos os programas eram exatamente novos, o Musidisc por exemplo estreou em 6 de junho de 1988, nas noites de quarta-feira apresentado por Christina Rocha e Wagner Montes, mas saiu do ar no mesmo ano. Em 1991, retornou à grade, fazendo parte dos dez nos programas dos 10 anos do SBT, dessa vez sendo apresentado por Virgínia Novick.

Nessa segunda fase o Musidisc lembrava muito o Globo de Ouro da TV Globo. Não foi uma boa ideia lança-lo em uma época de crise já que era um programa musical e tinha que pagar cachês para muitos artistas. Talvez por isso tenha ficado pouco tempo no ar, durou mais ou menos uns 4 meses.


Hebe Por Elas

A Hebe já estava há 5 anos no SBT e era a grande estrela da casa. Mas a crise afetou o seu programa que teve a duração cortada, no entanto, Silvio Santos lhe deu outra atração, o Hebe Por Elas que estreou como parte da comemoração dos 10 anos da emissora. A apresentadora sempre recebia convidados e levantava algumas questões pertinentes da atualidade, em Hebe Por Elas, os temas eram mais enfáticos e direcionados as mulheres.

Então, ao invés de ter um programa com duas horas, Hebe teve dois programas com uma hora de duração cada. O Hebe Por Elas durou até 27 de dezembro de 1993.


Festolàndia

No dia do aniversário do SBT, 19 de agosto, estreou uma série de programas. Logo pela manhã Eliana fez a sua primeira aparição como apresentadora comandando o infantil Festolândia que seguia o modelo do momento com um cenário temático, plateia infantil, atrações musicais, inclusive da apresentadora, brincadeiras e desenhos animados. Ah, e ela em shortinho curto, tal qual o padrão de sucesso da época. Além dos personagens, que no caso era o boneco Eugenio, cuja voz era feita pelo Edilson Oliveira.

 Edilson fez muita coisa na TV, ele até interpretou o Bozo por um tempo, trabalhou com a Simony e ficou anos com a Eliana. Era ele quem fazia o Melocoton e o Chiquinho, por exemplo. A parceira deu certo, mas o Festolândia não. Como o programa derrubou a audiência do horário, foi transferido para os domingos, mas não vingou, então saiu do ar com 3 meses de vida.

O Último Festolândia foi ao ar em 16 de novembro de 1991. Mais tarde virou uma sessão de desenhos animados, a pedido de Eliana que não queria desistir da TV.


Dó Ré Mi com Vovó Mafalda

Na faixa da tarde, do dia 19 de agosto, estreou o Dó Ré Mi com Vovó Mafalda, que era uma das personagens criadas para o programa Bozo. Já o infantil era um programa de calouros mirins.

Apesar de algumas pessoas terem dito e sites publicados que o programa era a continuação do Dó Ré Mi Fá Sol Lá Simony que virou Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si com Mariane, não tem nada a ver. Tanto a Simony, quanto a Mariane, apresentaram o programa que mantinha o cenário, o elenco, e o formato, exatamente igual. O Dó Ré Mi com a Vovó Mafalda já começa pelo nome que é diferente, o cenário nem de longe lembra a outra atração e o elenco muito menos, além da proposta que é totalmente diferente.

Talvez tenha sido o programa mais errado que tenha dado muito certo, porque é o característico formato para sábado ou domingo a tarde, no entanto passando no meio do dia durante a semana conseguiu ficar no ar até 1993.


Cinema Em Casa

A sessão de filmes Cinema Em Casa estreou no SBT na sexta-feira 26 de agosto de 1988, às 21h30. E em 19 de agosto de 1991, passou a ser exibida diariamente durante as tardes, às 13h30h.

Foi uma jogada de mestre do Silvio Santos porque não concorria diretamente com a Sessão da Tarde da Globo, então se tivesse um bom filme lá na concorrência, o SBT não precisava se preocupar porque o Cinema Em Casa ia ao ar antes. A grande falha do homem do baú é que ele nunca dava muito tempo para os telespectadores criarem o hábito de acompanhar a programação e mudava a grade trocando os programas de horários ou cancelando mesmo.

O Cinema Em Casa saiu do ar várias vezes ao longo dos anos. Em março de 2023 retornou nas tardes de sábado.


Programa Livre

E para fechar as estreias do dia, 19 de agosto, Serginho Groisman entrou no ar com o Programa Livre onde recebia artistas e políticos que eram sabatinados pela plateia composta por jovens quase sempre estudantes que, assim como a TV dos anos 90, não tinham filtro nenhum.

Serginho Groisman tinha saído da TV Cultura, onde apresentava o Matéria Prima desde 18 de junho de 1990, cujo formato era basicamente o mesmo do Programa Livre. Ele ficou no SBT até setembro de 1999, quando assinou com a TV Globo e depois de sua saída vários apresentadores passaram pelo programa que saiu do ar definitivamente em dezembro de 2001.

Dos dez novos programas dessa celebração de dez anos do SBT, esse foi o que deu mais certo. Razão pela qual a Globo tirou o Serginho de lá, e o Altas Horas, que estreou na madrugada de sábado para domingo, seguia o mesmo formato.


Grande Pai

Ainda na semana do aniversário do SBT, no dia 21 de agosto, às 18h, estreou a série Grande Pai. Era uma versão adaptada de uma série da TV argentina com Flávio Galvão, Débora Duarte, Patrícia Lucchesi, Vanessa Rubi e Paloma Duarte nos papeis principais, que contou com a direção Walter Avancini e Crayton Sarzy. 

Trata-se do cotidiano de Arthur, um homem viúvo, que tinha como desafio criar sozinho as três filhas que estavam passando por fases distintas, uma adulta que aspirava independência, uma adolescnete cheia de conflitos característicos da idade, e uma criança que sofria com a ausência da mãe.

Os episódios não mostravam o título, apesar de cada um ser temático. E a série foi rodada quase que totalmente em estúdio para baratear os custos da produção, as cenas aconteciam na residência da família ou no escritório do Arthur. Nos primeiros episódios, a produção sofreu com alguns problemas técnicos, então foi preciso dublar as cenas já gravadas e o resultado não agradou muito.

A partir de 24 de novembro de 1992, passou a ser diária substituindo a reprise de Chispita no horário das 20h30, mas já estava esgotada e não conseguiu os mesmos índices de audiência iniciais. Saiu do ar no dia primeiro de março de 1993.


Cocktail

E para finalizar, no dia 23 de agosto, estreou Cocktail, o mais polêmico programa da época. Tratava-se de um jogo entre um homem e uma mulher entremeado por streptease das assistentes do programa e dos competidores também, comandado pelo saudoso Carlos Miele.

Cocktail gerou muita repercussão e ficou no ar durante um ano. Poderia ter continuado, mas alguns grupos conservadores do Rio de Janeiro e São Paulo estavam reclamando muito da atração. Por isso, ou não, o último episódio foi exibido no dia 13 de agosto de 1992, celebrando um ano de existência.

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