A novela Pantanal foi escrita pelo Benedito Rui Barbosa para passar na Globo e, em 1984, quase deu certo, mas as condições climáticas do Pantanal mato-grossense não permitiram as gravações e a sinopse foi engavetada. Então, comprada pela Rede Manchete, foi produzida e estreou no dia 27 de março de 1990, redefinindo o jeito de fazer novela.
A emissora dos grupos Bloch já tinha produzido algumas boas histórias, como a Dona Beija e Kananga do Japão, além de produzir a minissérie O Guarani, que foram muito elogiadas pela crítica e rendeu bons índices de audiência.
Mas apesar da boa qualidade da produção, da direção que foi adotada pela emissora, a Manchete costumava ser bem apelativa para atrair audiência. Não eram poupadas cenas de nudez dos personagens e também não se tomava muito cuidado de esconder as genitálias dos atores. Escondia-se, mas o básico, e as vezes até o básico era deixado exposto estrategicamente.
Como a trama fez muito sucesso, era natural que muitos telespectadores, e diretores da emissora pensassem em produzir uma novela com a temática Amazônia, e foi o que aconteceu. O folhetim estreou no dia 10 de dezembro de 1991. Foi escrita por Jorge Duran e Denise Bandeira e dirigida por Tizuka Yamasaki e Marcos Schechtman, e vários atores que fizeram Pantanal estavam no elenco, como Marcos Palmeira, Cristiana Oliveira, Jussara Freire... Aliás, a Manchete não tinha um casting tão grande de atores, então alguns emendavam trabalho, quando acabava uma novela eles entravam na outra.
A proposta da novela era unir dois séculos, o final do 19 e o início do 21. Então, os atores interpretavam dois personagens simultaneamente em épocas diferentes. Cristiana Oliveira, por exemplo, no futuro era uma jornalista em busca de aventura, e no passado uma bailarina. No futuro ela se envolvia com Lúcio, interpretado por Marcos Palmeira, que era chefe de uma gangue de trambiqueiros e tinha visões do passado, onde era filho de um comendador que explorava a extração da borracha, da floresta.
A ideia pareceia boa e era bem ousada, mas como os telespectadores de telenovelas estão acostumadas com histórias água com açúcar, essa trama ficou muito fora do padrão, e então, devido à baixa audiência, mais ou menos dois meses depois da estreia a novela foi reformulada e ganhou o título de Amazônia - Parte II, com uma nova história, nova direção e novos personagens, e tudo se passava só no século 19. Inclusive essa parte chegou a ser vendida para fora do Brasil. Mas em relação a audiência não adiantou nada e foi bastante decepcionante.
O diretor Jayme Monjardim, que estava dirigindo a novela Pantanal, deu a ideia da sua substituta. Ele já estava finalizando a gravação do folhetim e não tinha nada previsto para entrar no ar depois. Como em Pantanal mostrava-se muito as cenas longas de natureza selvagem, a ideia que foi aprovada pela direção da emissora era fazer o mesmo com o Brasil todo. Assim nasceu A História de Ana Raio e Zé Trovão, que estreou no dia 12 de dezembro de 1990.
Ana Raio era interpretada por Ingra Liberato e o Zé Trovão por Almir Sater, os dois tinham atuado em Pantanal. Na nova trama, ela integrava uma comitiva de rodeios e ele outra, até se encontrarem e se apaixonarem.
Marcos Caruso, Rita Buzzar e Jandira Martini viajaram com a comitiva de rodeios da trama por várias partes do Brasil, escrevendo os capítulos de acordo com o que podiam extrair do local onde chegavam. Ou seja, tinha um fio condutor, muito sutil, que era a busca de Ana por sua filha que tinha sido levada pelo pai, mas de resto, era criado a partir do que iam encontrando pela frente.
A novela não chegou a ter os mesmos índices de audiência de Pantanal e foi bem cara para a emissora, mas foi satisfatória. A trama acabou no dia 13 de outubro de 1991.
O Marajá, foi produzida pela Rede Manchete para estrear no dia 26 de julho de 1993. O tema e o título vinham de um jargão do presidente Fernando Collor de Melo, que se dizia ser o caçador de Marajás, mas ele mesmo acabou se tornando um, e costumava ser fotografado esquiando ou em situações não muito convencionais, além disso, foi acusado de desvio de dinheiro público para reformar a sua casa que tinha cascata na piscina...
Detalhe, Collor foi o primeiro presidente eleito através do voto popular, depois do fim da ditadura militar. A ditadura acabou em 1984, em 1988 foi concluída a constituição do país, e em 1989 teve as primeiras eleições diretas. Collor chegou no segundo turno com Lula, a Globo editou o debate entre os dois favorecendo o Collor que foi eleito, mas em 1992, ele sofreu impeachment.
Então, baseada nessa tramoia toda, com a direção de Marcos Schechtman, José Louzeiro, Regina Braga, Eloy Santos e Alexandre Lydia resolveram escrever uma sátira onde o presidente de um país fictício, chamado Elle, arma um esquema para se manter no poder por trinta anos.
Essa foi outra tentativa de revolucionar a forma de fazer novela. A intenção era misturar jornalismo com teledramaturgia, mas a emissora estava passando por uma forte crise financeira e todas as cenas foram feitas com apenas uma câmera e reaproveitava vários figurinos e cenários de outras produções da emissora. Até um automóvel do Adolpho Bloch, o dono da Manchete, foi emprestado para ser usado como o carro de um assessor do presidente.
Dos 80 capítulos previstos, 15 já estavam gravados e cinco estavam editados para ir ao ar. No elenco estava a Júlia Lemmertz, Alexandre Borges, Antônio Petrin, Jussara Freire, Antônio Pitanga, Ângela Leal e Rubens Corrêa, entre outros. Prevendo que haveria processos por parte de Collor, Adolpho Bloch contratou uma advogada para auxiliar os autores para que evitassem complicações com a Justiça, e no dia da estreia, uma ação movida pelo ex-presidente proibiu a sua exibição. Ele sentiu-se ofendido e disse que sua honra seria arranhada pela trama, os advogados do canal tentaram cassar a liminar para tentar exibir a novela, mas não tiveram sucesso. Caso fosse liberada, O Marajá só poderia ir ao ar depois do julgamento da ação judicial, o que demoraria mais de 60 dias.
No início de 1994, a novela teve a exibição liberada pela Justiça, mas com cortes. Porém, o próprio Adolpho Bloch não quis mais saber da trama por receio de entrar em mais disputas com a família Collor. E as fitas da novela foram escondidas, dizem que foi Adolpho que decidiu guarda-las com medo de que fossem roubadas e a Manchete prejudicada.
A terceira novela deste vídeo que rendeu bons índices de audiência para a Manchete e até fez a emissora dar uma respirada em meio à crise que vivia na época, foi Xica da Silva. A estreia aconteceu no dia 16 de setembro de 1996, e ficou quase um ano no ar. Foi escrita por Walcyr Carrasco, com colaboração de José Carvalho, ela contou com a direção de João Camargo e Jaques Lagoa, J. Alcântara, Lizâneas Azevedo e Walter Avancini. No entanto, Walcyr era contratado do SBT, então ele usou o pseudônimo de Adamo Angel, e sua verdadeira identidade secreta só foi descoberta em abril de 1997.
Xica da Silva foi baseada em pessoas e fatos reais, a Francisca da Silva de Oliveira de fato viveu no Arraial do Tijuco, hoje Diamantina, no século 18. E a novela é livremente baseado nos romances "Chica que Manda" de Agripa Vasconcelos e também no romance homônimo de João Felício dos Santos. Taís Araújo se tornou a primeira protagonista negra, em uma novela, na história da televisão brasileira. Além dela, havia um elenco gigante, inclusive com atores portugueses, e vários nomes bem conhecidos passaram pela trama, como Victor Wagner, Drica Moraes, Murilo Rosa, Carla Regina, Zezé Motta, Giovanna Antonelli e Adriane Galisteu.
Havia muitas cenas de nudez, mas a Tais Araujo, que ainda era de menor, tinha que ser poupada, então o seu par romântico, o Victor Wagner, acabava se envolvendo com outras personagens da trama, e até a atriz pornô italiana, Cicciolina foi chamada para fazer algumas cenas mais picantes. No entanto, a Taís não escapou, pois quando ela completou 18 anos, tiraram a roupa dela.
Xica da Silva tem muitas cenas fortes, além das de nudez, mas ainda assim o jornal espanhol 20 minutos, a elegeu como a 6ª melhor telenovela brasileira de todos os tempos. A trama chegou ao fim no dia 18 de agosto de 1997.
Um ano depois, estreou Brida, no dia 11 de agosto de 1998. Foi a última novela a ser produzida pela emissora, que na época não aguentou a crise financeira pela qual passava e foi extinta.
Brida foi baseada no livro de Paulo Coelho, escrita por Jayme Camargo, Sônia Mota e Angélica Lopes, com a colaboração de Ana Fadigas e Samy Wurman, teve direção der Walter Avancini, Sérgio Mattar, Lizânias Azevedo e Luiz Antônio Pilar. No elenco estava Carolina Kasting, Leonardo Vieira, Carla Regina, Augusto Xavier, Nádia Lippi, Victor Wagner, Othon Bastos, Rubens de Falco e Fafy Siqueira, entre outros.
A meta para a audiência era de 10 pontos, então, a emissora resolveu investir um pouco para ter o retorno esperado. Uma equipe de 18 pessoas embarcou para a Irlanda e gravou cenas em ambientes que retratavam o século 14, inclusive em um castelo medieval. Havia um contrato com os patrocinadores, que estipulava uma meta de pelo menos 5 pontos de audiência, caso contrário, os patrocínios iriam ser cancelados.
Para melhorar a trama, o diretor trocou o roteirista, chamou atores que já eram bem conhecidos do público, criou um núcleo cômico, acrescentou cenas de nudez, inclusive nudez frontal masculina, tudo isso para chamar a atenção, mas a novela patinava nos 2 pontos. E os patrocinadores desistiram do investimento. Como a emissora já estava endividada, deixou de pagar o elenco e técnicos, que se recusavam continuar trabalhando sem receber, então, pouco mais de 2 meses depois da estreia, a novela terminou em um resumo narrado, no dia 23 de outubro.
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