Pantanal - Telenovela.

A novela Pantanal estreou na Rede Manchete, no dia 27 de março de 1990, às 21h30,e se estendeu até 10 de dezembro do mesmo ano.

No entanto, a ideia do folhetim começou muito antes e em outra emissora que chegou a dar início à produção, aliás, apenas um ano depois de a Rede Manchete entrar no ar, em 1983. O novelista Benedito Ruy Barbosa tinha escrito a sinopse da trama que ficou engavetada durante anos na Central Globo de Produções, e no final de 1984, chegou a entrar em pré-produção para o horário das 18hs com o título de Amor Pantaneiro, mas como a região do Pantanal estava em época de chuvas, a produção foi cancelada.

Em 1990 a Rede Manchete tinha apenas 7 anos, enquanto que a Globo estava completando 25 anos e já estava acostumada a ter a maior fatia de audiência em relação a todas as emissoras. Porém, nesse ano ela se viu obrigada a se ajustar para não perder seus telespectadores.

Em 1990, a Rede Manchete contratou o Benedito Ruy Barbosa, que finalmente realizou o seu sonho de produzir a novela. E como a Manchete era uma emissora nova, e apesar de já ter feito algumas novelas, ainda estava em busca de um formato e não teve problemas em experimentar algumas inovações com essa trama. Por exemplo, a história passava parte no Pantanal mato-grossense, e parte em São Paulo e Rio de Janeiro, mostrava tomadas longas de natureza selvagem com músicas instrumentais e diálogos lentos entre os personagens.


O formato agradou tanto, que a Globo até tentou fazer igual depois, recontratando o Benedito que escreveu Renascer e O Rei Do Gado com a mesma fórmula. É claro que não ficou igual porque o ritmo da Globo é outro, e o ritmo de Pantanal, as closes nos animais selvagens e aquelas músicas de fundo fizeram essa trama ser especial.

A Manchete contratou também uma grande leva de atores globais, como Cláudio Marzo, Cássia Kiss, Nathália Timberg, Marcos Winter... e revelou alguns talentos como Cristiana Oliveira e Carolina Ferraz. E apesar de ganhar fama de ter tirado audiência da Globo, a trama não fez concorrência direta com a novela das 8h, que na época era Rainha da Sucata, pois passava depois. A emissora esperava acabar a novela na Globo para começar o capítulo do dia, tática que foi adotada depois pelo SBT.

Os telespectadores aprenderam rápido e migravam logo em seguida para a Manchete, e a os diretores da Globo tiveram que mexer na programação da emissora. A minissérie Riacho Doce, por exemplo, foi encomendada e produzida em cima da hora para tirar a audiência de Pantanal e usava a mesma tática, cenas longas de natureza, diálogos lentos, muitas cenas de nudez. Em seguida estreou a novela Araponga que tinha a mesma função, tirar audiência da concorrente.

Um dos fortes apelos de Pantanal foram as cenas de nudez protagonizadas por vários personagens da trama.

Elenco.

Além de Claudio Marzo, Cássia Kiss, Nathália Timberg, Marcos Winter e Cristiana Oliveira, o elenco principal foi composto por Marcos Palmeira, Paulo Gorgulho, Jussara Freire, Elaine Cristina, Ângela Leal, Ângelo Antônio, Luciene Adami, Tarcísio Filho, Sérgio Reis, Andréa Richa, Ítala Nandi, José de Abreu, Nathália Timberg, Rosamaria Murtinho, Antônio Petrin, Flávia Monteiro, Ernesto Piccolo, Eduardo Cardoso, Almir Sater, Rômulo Arantes, Marcos Caruso, Ewerton de Castro, Giovanna Gold, João Alberto Pinheiro, Ivan de Almeida e Lana Francis.


Fora as várias participações especiais, como a de Carolina Ferraz, Ingra Liberato, Tânia Alves, Sérgio Mamberti, Totia Meirelles e Leandra Leal, só para citar algumas.

Sinopse.

A novela conta a história de José Leôncio que se tornou um fazendeiro rico e se envolveu com uma jovem da classe alta carioca, com quem teve um filho. No entanto, o menino cresce longe do pai, e ao tentar uma aproximação, sente-se rejeitado, pois é delicado e não leva jeito para a vida no campo, mas se apaixona por Juma Marruá, moça criada como selvagem pela mãe.


Algumas lendas permeiam a história, como a capacidade da falecida mãe de Juma em se transformar em onça, e do Velho do Rio, um curandeiro idoso que é conhecido como o Pai de todas as sucuris, além de se transformar na maior de todas. Outro personagem desse universo folclórico, é o peão Trindade, que tinha um pacto com o diabo, ou seria ele próprio a encarnação do diabo.


Abertura.

A abertura da novela foi protagonizada pela, então modelo, Nani Venâncio, que disse em entrevista, que na época ela foi enganada pela direção. Pois disseram que sua imagem, nua, apareceria de perfil e, no entanto, deixaram aparecer mais do lhe prometeram, o que causou o fim do seu casamento.


Trilha sonora.

A novela teve dois discos como trilha sonora. O primeiro tem Cristiana Oliveira na capa, caracterizada de sua personagem Juma Marruá, com as seguintes músicas:

1 - No Mundo dos Sonhos (Robertinho do Recife). 2 - Quem Saberia Perder (Ivan Lins). 3 – Apaixonada (Simone). 4 - Divinamente Nua a Lua (Orlando Morais). 5 - Amor Selvagem (Marcus Viana). 6 - Estrela Natureza (Sá & Guarabira).

7 – Pantanal (Sagrado Coração da Terra). 8 - Memória da Pele (João Bosco). 9 – Castigo (Leo Gandelman). 10 - Um Violeiro Toca (Almir Sater). 11 - Triste Berrante (Solange Maria e Adauto Santos). 12 - Comitiva Esperança (Sérgio Reis).

E segundo, tem Luciene Adami na capa, com as seguintes músicas:

1 - Tocando em Frente (Maria Bethânia). 2 - Meu Coração (João Caetano). 3 – Cantar (Sílvia Patrícia e Caetano Veloso). 4 - Reino das Águas (Marcus Viana). 5 – Chalana (Almir Sater). 6 – Pantanal (Sagrado Coração da Terra).

7 – Saudade (Renato Teixeira). 8 - A Glória das Manhãs (Sagrado Coração da Terra). 9 - Garça Branca (Cláudio Nucci). 10 – Paz (Sagrado Coração da Terra). 11 - Peão Boiadeiro (Sérgio Reis). 12 - Espírito da Terra (Marcus Viana). 13 – Noite (Marcus Viana).

Reprises.

Pantanal foi reexibida duas vezes na Manchete. De 17 de junho de 1991 a 18 de janeiro de 1992, às 19h30. E do dia 26 de outubro de 1998 a 14 de julho de 1999, em substituição à novela Brida, aquela que teve o final adiantado por falta de recursos. Depois, no SBT, entre 9 de junho de 2008 a 13 de janeiro de 2009.

Curiosidades.

O SBT comprou as fitas da novela arrematadas no leilão da massa falida da Manchete, o que lhe dava o direito de fazer o que quisesse com o material, mas a Rede Globo contestou a reexibição, pois detinha os direitos do texto, adquiridos do autor Benedito Ruy Barbosa.

Em primeira instância, a Justiça condenou o SBT por agir de má-fé, em relação a ter reprisado a trama. Porém o SBT recorreu das decisões e, em 2014, venceu o processo em segunda instância. Mas, no dia 9 de agosto de 2016, a Terceira Turma do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), condenou o SBT a indenizar o autor Benedito Ruy Barbosa em cerca de R$ 100 milhões por danos morais e profissionais.

Deborah Bloch, Adriana Esteves, em início de carreira, e Glória Pires foram cotadas para viver Juma Marruá.

Carolina Ferraz não fez parte do elenco principal, mas estreou como atriz em Pantanal. Até então ela era jornalista e não queria se dedicar a atuação, mas foi ameaçada perder o emprego se não aceitasse. Já Ítala Nandi, pediu uma licença para atuar em um filme, e sua personagem morreu na trama. E Almir Sater saiu antes do fim para se preparar para a próxima novela, ele protagonizou A História de Ana Raio e Zé Trovão.

A sucuri que apareceu muitas vezes na novela era domesticada e se chamava Rafaela. Ela media 6 metros de comprimento e pesava 90 quilos; faleceu no dia 2 de julho de 2009, de causas naturais.
As onças que apareciam eram imagens de zoológico. Já os jacarés, esses eram da natureza mesmo.

Na época, Pantanal foi premiada pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), como Melhor Novela. Além de Melhor Atriz com Jussara Freire, Melhor Ator com Cláudio Marzo, Revelação Masculina com Ângelo Antônio e Melhor Diretor com Jayme Monjardim.

Pelo Troféu Imprensa, a novela recebeu os prêmios de Melhor Novela, Melhor Atriz com Jussara Freire, Melhor Ator com Cláudio Marzo e Revelação do Ano com Cristiana Oliveira.

Em 2016, através de uma eleição feita pela revista Veja, Pantanal ficou em terceiro lugar como a Melhor Telenovela Brasileira de todos os tempos. Em segundo está Roque Santeiro de 1985, e em primeiro, um empate entre Vale Tudo de 1988 e Avenida Brasil de 2012.


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