Show de Xuxa - Argentina

Até 1990 Xuxa apresentava programa somente no Brasil, então, ela tinha tempo de de fazer turnês, gravar filmes e outras produções, como foi o caso de Bobeou Dançou e um humorístico que seria mensal, mas não vingou, o Xuper Star, entre outras coisas. Mas como o Xou da Xuxa começou a ficar muito conhecido fora do Brasil, muitas apresentadoras passaram a fazer atrações similares, a primeira foi a Patricia Lage, na Argentina, que comprou os direitos para reproduzir o infantil e estreou em seu país o El Clan de Patsy.

Haviam programas similares em vários países, como na Colômbia, no Peru, no Equador, no Paraguai, no Uruguai... E uma TV do México queria que Xuxa fosse gravar a versão espanhol lá, mas no processo de preparação houve uma mudança de planos e a apresentadora optou pela Argentina, ainda que fosse por pouco tempo, como uma forma de ganhar experiência. No entanto, o programa acabou durando três anos no ar, pois foi um sucesso.

El Show de Xuxa, tal como era no Brasil, na Argentina foi dirigido por Marlene Mattos, estreou no dia 6 de maio de 1991, no canal Telefé, e foi transmitido para 17 países da América, incluindo os Estados Unidos, onde passava no canal Univision. O jornal Los Angeles Times disse que Xuxa era mais conhecida do que Michael Jackson entre o público infantil, da América.

Na emissora original, Telefé, da Argentina, o Show de Xuxa passava diariamente entre 17h e 18h, e tinha uma versão especial para as tardes de sábado e domingo. O programa conseguia mais audiência do que o Xou da Xuxa conseguia no Brasil, chegava a dar 24 pontos na medição.

A vinheta de abertura era um desenho animado e tinha como trilha o instrumental de Doce Mel. Na verdade teve duas aberturas ao longo do ano e as duas versões seguiam o mesmo formato de desenho animado. Xuxa descia da nave cantando a canção Doce Mel, que era uma das faixas do seu primeiro álbum em espanhol que havia sido lançado no final de 1989. No entanto, no ano da estreia do seu programa na Argentina, ela lançou o segundo álbum em lingua castelhana que tinha a mesma capa do disco Xou da Xuxa Seis lançado no Brasil. O que distinguia os dois era a bandeira brasileira impressa na foto dianteira do disco em português.

O formato do programa era o mesmo do Xou da Xuxa, desde o cenário até as brincadeiras e desenhos. A nave estava lá, e essa primeira versão tinha a parte interna estranha, parecia remendada e, segundo alguns fãs, era porque o veículo de chegada da apresentadora havia sido feita para as turnês e abria de forma diferente, como uma bola que se dividia em duas partes, por isso os ajustes que sofreu para ficar adequada a TV, deixaram as marcas no fundo.

Diferente da versão brasileira, a nave não subia, ou seja, soltava fumaça, mas ficava imóvel. Além dela, todo o cenário foi levado do Brasil em cinco caminhões, uma semana antes de começar as gravações. Eram os mesmos elementos que já tinham sido usados em temporadas anteriores, principalmente do Xou da Xuxa de 1990.

Os figurinos de Xuxa e as fardas das Paquitas também foram reaproveitados, ou seja, o El Show de Xuxa não teve tantos gastos quanto tinha a produção do Xou no Brasil, e ainda rendeu muito mais, financeiramente, pois foi vendido para muitos países.

A cada 15 dias, eram gravados dez programas, cinco por dia. A comitiva chegava em Buenos Aires na sexta-feira pela manhã e no mesmo dia já começavam as gravações. Como Xuxa não dominava o espanhol, tinha sempre uma professora ao lado para corrigí-la e depois o coreógrafo Oswald Berry, que é uruguayo, ficava a postos para auxiliá-la no idioma.

Outra diferença do programa brasileiro, é que a legislação argentina permitia a entrada de crianças menores de 5 anos nas gravações, então Xuxa estava sempre com um bebê no colo. E as Paquitas disseram que isso dava muito mais trabalho para elas. Além disso, o estúdio da Telefé comportava 10 vezes mais gente do que o estúdio da Globo. No Xou da Xuxa no Brasil cabia 500 pessoas, no El Show de Xuxa na Argentina, 5000.

Além das Paquitas, o Dengue, o Praga e as Irmãs Metralha também foram para a Argentina, lá elas eram chamadas de Mellizas. O Praga ficou por pouco tempo. E até a Xuxa começar a gravar na Argentina, as soldadinhas que já tinham uma agenda lotada entre gravações e shows, ainda tinham que estudar, então para não sobrecarregá-las, havia um revezamento entre elas. Essa foi uma das razões de Marlene Matos escolher duas meninas exclusivas da Argentina.

Claro que isso foi pensado pela praticidade e também por um jogo de marketing. A final do concurso aconteceu no programa especial de Natal daquele ano, 1991, onde Julieta Cardinali e Karina Rivero foram as escolhidas.

Em relação às Paquitas, tem uma curiosidades a respeito delas. No Xou da Xuxa, as meninas que tinham apelido que terminavam com UXA, Pituxa e Catuxa e as suas versões menores, Pituxita e Catuxita, usavam farda vermelha, enquanto que as meninas cujo apelido terminava com ITA, usavam farda azul, como foi o caso da própria Paquita, além da Paquitita, Xiquita e Xiquitita, e da Miuxa que era uma exceção.

No El Show de Xuxa, na Argentina, essa ordem de cores era quebrada devido o revezamento que as meninas faziam, então para compor o grupo, as vezes se fazia necessário que elas usassem cores diferentes das que costumavam usar no Brasil. Na foto abaixo é possível ver a Xiquita Bibi, que usava azul no Brasil, vestindo vermelho na Argentina. Essa foto foi retirada do perfil É Xuxa Comunidade no Instagram.

Da mesma forma a Paquitita Pluft, que usava azul no Brasil pode ser vista usando vermelho na Argentina, e o contrário também acontecia, pois, a Catuxita que usava vermelho no Brasil, vestiu azul na Argentina, conforme as fotos enviadas pelo perfil Kelovillalonga, do Instagram.


Além das brincadeiras semelhantes ao Xou brasileiro, surgiram posteriormente outras que foram exclusivas na Argentina, como uma versão da Porta dos Desesperados, que o Sergio Malandro apresentava no Oradukapeta, no SBT. E algumas inspiradas no programa do Silvio Santos Domingo no Parque, feitas com bebês.

Em 1992 os programas inéditos estrearam em maio e, assim como no ano anterior, teve duas vinhetas de aberturas. A primeira tinha a canção Espelho Meu em espanhol enquanto a Xuxa se multiplicava diante da câmera e contracenava com ela mesma. A segunda era uma reedição do clipe Lua de Cristal que foi apresentado no Brasil e tinha como fundo a canção Luna de Cristal

O cenário foi reformulado, tinha os elementos do Xou da Xuxa de 1991 do Brasil, aquela ambientação espacial, futurista. A Nave continuava cor de rosa, mas teve as janelas de bocas trocadas pela letra X, e o fundo interno ficou bem colorido. Nesse ano Xuxa lançou o terceiro disco em espanhol que tinha a canção inédita Sensación de Vivir, produzida para o Xuxa Park da Espanha. Inclusive a música Xuxa Park que também estava nesse disco e era o tema de começo do Show, havia sido feita para o programa espanhol.

Nesse ano, o Show de Xuxa ganhou na Argentina o Premio Martín Fierro, como Melhor Programa Infantil. A premiação é similar ao Troféu Imprensa que o SBT promove.

Em setembro de 1992 aconteceu um incêndio nos estúdios da Telefé o que comprometeu a gravação de alguns programas, que tiveram que ser produzidos em locações alugadas. A Susana Gimenez foi uma das prejudicadas pelo acidente, e o El Show de Xuxa passou a ser gravado no Brasil temporariamente, no mesmo estúdio do Xou da Xuxa, aliás, com o mesmo cenário inclusive.

Em 1993 a Xuxa não tomou boas decisões. Foi o ano em que ela estreou nos Estados Unidos um programa gravado lá, em inglês, e não renovou o contrato com a Tele 5 na Espanha, nem com a Telefé na Argentina. Mas diferente do Xuxa Park que foi interrompido, o Show de Xuxa continuou a ser produzido, no entanto, de forma independente. E, então, vendido para o Canal 13.

Uma das razões alegadas na época é que os estúdios da Telefé ficaram pequenos para o programa. Além disso, a emissora tinha imposto algumas regras que limitavam a liberdade de criação e produção do programa.

A vinheta de abertura era uma animação de computador, simples diga-se de passagem. Uma chuva de balões coloridos, no espaço, com a Terra ao fundo e as vezes aparecia a nave espacial voando. A música era a mesma da abertura do programa que ela tinha estreado no Brasil, aquele dominical que durou pouco tempo, e o logo do programa ficou idêntico ao que era usado no Brasil, mas Show escrito corretamente.

A nave espacial era aquela versão branca de 1992 do último ano do Xou da Xuxa, e o cenário era a junção de diferentes climas e lugares do planeta, tinha cactos para representar o deserto, floresta, vulcões, e inclusive os Moái, as estátuas da Ilha de Páscoa, além do Cristor Redentor e o famoso obelisco de Buenos Aires, entre outros elementos.

Neste ano Xuxa não gravou nem um disco inédito. Apesar de ter gravado 20 canções em inglês, que eram as versões dos seus maiores sucessos em português, não teve álbum. As canções eram distribuídas em fitas K7 como brinde das bonecas que eram vendidas nos Estados Unidos.

No Brasil tivemos o álbum Xuxa, apenas isso, sem título, sem número, que era uma coletânea de músicas que haviam sido gravadas para especiais do Xou da Xuxa, ou para outros álbuns, mas que acabaram ficando de fora. E em espanhol, ela lançou uma coletânea dos seus maiores sucessos, Xuxa Todos Sus Éxitos, que tinha a mesma capa do disco lançado no Brasil.

Para gerar mais proximidade com o público dos países que compravam o programa gravado na Argentina, seguindo o modelo do concurso que nomeou Mariciela Effio como Paquita peruana, em 1990, foi realizado um concurso para eleger a Super Paquita. A menina vencedora teria um contrato com Xuxa Produções e um carro zero quilómetro, e as candidatas foram enviadas do Equador, do Paraguay, Porto Rico, Estados Unidos, Chile, Panamá, Bolívia, Guatemala e Uruguay. A vencedora foi a uruguaia Natalia Oreiro.

O último Show de Xuxa foi ao ar no dia 31 de dezembro de 1993, com uma grande confusão no final da gravação. Nos minutos finais do programa, muita gente da plateia invadiu o palco para pegar pedaços do cenário e levar como recordação, nisso quebraram também a nave espacial. Xuxa não pode finalizar o programa, pois ela foi retirada pelos seguranças, e como faltava a cena que ela deveria entrar na nave, a produção optou por colocar uma sequência de imagens de vários momentos de sua carreira, e se pode ouvir por baixo do som da música ela gritando Eu Tô Bem, Eu Tô BEEEEMM.

Em 2015, a Telefé completou 25 anos e Xuxa foi uma das convidadas por ter feito parte da história da emissora.


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