Uma vez eu li uma matéria em que dizia que a Rede Globo iria morrer de gorda. Quer dizer, que a empresa se tornou tão grande que o seu colapso seria uma questão de tempo, mas parece que a empresa resolveu fazer regime.
Passando rápidamente pelo histórico da emissora, ela foi oficialmente funda em 26 de abril de 1965, depois de alguns contratempos na aprovação, e revogação, da concessão a Roberto Marinho e teve uma ajudinha de Assis Chateaubriant, o cara que trouxe a TV para o Brasil. Na época ele já tinha a Tupi e a concessão de um novo canal seria dado para a Rádio Nacional que oferecia mais qualidade e conteúdo cultural em sua programação e, portanto, demonstrava-se uma forte concorrente de Assis, enquanto que a Globo não lhe oferecia risco.
Ao longo da história a Rede Globo posicionou-se a favor da ditadura, não especificamente alimentando o regime militar, mas evitando qualquer atrito para preservar a sua sobrevivência, já que a concessão de uma TV é de propriedade do governo. Além de burlar as diretrizes para operar a emissora contratando um profissional estrangeiro que a moldou tal como a conhecemos hoje. Assis não imaginava que Marinho fosse mais esperto que ele e engolisse a Tupi. A primeira TV do Brasil perdeu o sinal no começo da década de 80, a Globo que já era grande, de lá para cá só cresceu.
Detentora do maior complexo de estúdios da América Latina, figurando entre as maiores emissoras do mundo, a emissora detinha o maior número de IBOPE e a maior proporção de estrelas em sua grade. Os que não estavam em alguma produção da casa, recebiam para ficar em casa. Foi assim com atores, apresentadores e até cantores. As outras TVs se quisessem produzir telenovelas ou programas musicais, que garimpassem talentos, que muitas vezes eram contratados pela Globo em seguida.
O grupo Globo, além da emissora de TV, tinha jornal impresso, editora, rádio, TV por assinatura, gravadora de discos, produtora de filmes... Mas tudo mudou nos últimos anos. Além de ter perdido a maior fatia do subsidio do governo, as TVs ganharam a internet como concorrentes e perderam muitos telespectadores, o que obrigou o grupo a fundir as suas empresas para enxugar gastos e manter o elenco vinculado a casa apenas por obra. Ou seja, quem não está gravando novela, apresentando programa ou atuando em qualquer tipo de produção, que lute.
Parece cruel com os profissionais que produzem para a emissora?
É, mas sempre foi assim. A Globo sempre absorveu o máximo unicamente com a finalidade de se manter na liderança. Agora está dispensando o máximo unicamente com a finalidade de se manter na liderança. Ou seja, só mudou a tática, a intenção continua a mesma. No entanto, isso não faz da emissora uma vilã, apenas demonstra o quanto ela é estrategista.
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