A novela Uga Uga foi exibida no horário das 19 horas entre 8 de maio de 2000 a 20 de janeiro de 2001, na Rede Globo. Foi escrita por Carlos Lombardi, com colaboração de Margareth Boury e Tiago Santiago e contou com a direção geral de Wolf Maya e Alexandre Avancini.
Em sua estreia alcançou 42 pontos de média e picos de 47, representando um aumento de dez pontos em relação a estreia da anterior, Vila Madalena, tornando-se também a maior audiência da emissora naquele dia, empatando com a "novela das oito" Terra Nostra. A média geral da audiência ficou entre 35 e 36 pontos, e em 23 de agosto bateu seu recorde com 51 pontos.
O grande sucesso da trama se deu mais pelo formato do que pela qualidade, diga-se de passagem pelo apelo sensual. Tinha muita gente sem roupa naquela novela e o protagonista aparecia muitas vezes nu, este era o Cláudio Heinrich. O rapaz foi Paquito da Xuxa e estreou como ator na TV em Malhação, entre outros trabalhos realizados na emissora, gravou a novela Era Uma Vez, e uma rápida participação em Pecado Capital antes de Uga Uga.
E o Claudio não era o único do Clan da Xuxa nessa novela, a Paquita Juliana Baroni também estava presente, além de um concorrente, entre aspas, Mateus Rocha, que tinha sido Angélico, assistente de palco de Angélica.
Enredo.
Os biólogos Nikos Junior e Mag são assassinados por índios durante uma expedição na Amazônia, deixando o pequeno Adriano, com apenas três anos, sozinho na selva, que foi salvo e cuidado pelo Pajé Anru de uma outra tribo. Passados vinte anos, agora sob o nome nativo de Tatuapú, o rapaz nem faz ideia que seu avó, Nikos, nunca deixou de procurá-lo, e tão pouco sabe que ele é único herdeiro da fábrica de brinquedos Tróia. E é claro que com isso ele já tem inimigos sem nem mesmo conhecer o que lhe espera fora da selva. Como por exemplo, a ambiciosa Santa, cunhada de Nikos, que deseja que o seu filho Rolando seja o herdeiro por hierarquia e ordena que este voe até o local onde Adriano desapareceu para simular interesse nas buscas.
Ironicamente o avião de Rolando cai na selva e ele é salvo exatamente por Tatuapú. No voo ainda estava Baldochi, um homem que precisou forjar a própria morte anos antes, para fugir do bandido Turco, que ele havia ajudado a enviar para a cadeia, e que depois de fugir da prisão estava atrás dele para se vingar, este descobre que Tatuapú é Adriano e o leva para sua família no Rio de Janeiro, tornando-se seu mentor na cidade grande. Ao contar a todos que está vivo, o fugitivo tem que lidar com Maria João, sua ex-noiva que abandonada no altar no dia do casamento para fugir de Turco e que agora o odeia. Ela tem um irmão, que na verdade é seu filho com o ex noivo fujão.
Tatuapú fica dividido entre o amor de Guinevére e Bionda, que têm personalidades bem diferentes. Aliás, Bionda fugiu diversas vezes de casamentos arranjados pelos pais, e tem uma irmã, a ambiciosa Bruna, que só pensa em dinheiro e colocar as mãos na fortuna da família. Elas tem uma prima atrapalhada, a Tati, que faz parte do lado falido do clan, e se apaixona por Van Damme, irmão de Baldochi. Então, Guinevére gosta de Tatuapu, que gosta de Bionda, que gosta do policial Salomão, além do sensual Amon.
São várias as referências que o autor teve para escrever, por exemplo uma notícia nos jornais ocorrida em Belém, no Pará, sobre um fazendeiro que pedia ajuda para encontrar seu filho perdido desde a infância, quando índios que incendiaram seu sítio, mataram parte de sua família e levaram a criança. Mas tem uma outra história similar que foi retratada no livro e no filme que leva o mesmo nome, Floresta de Esmeraldas, que conta a história de um engenheiro norte-americano que trabalhava na construção de uma represa hidrelétrica em território amazônico e que teve o seu filho, Tommy, raptado por indígenas. Inclusive as cenas da novela são muito parecidas com as cenas do filme.
Outras referências do autor são as várias lendas de crianças selvagens, inclusive de Mogli e Tarzan. Aliás, o Tatuapú classifica-se como um um tarzanide, termo criado pelo crítico literário francês Francis Lacassin para definir personagens similares ao homem-macaco. O estereótipo que foi criado na novela causou revolta entre os índios, que afirmavam que o folhetim estava incentivando a sexualização dos índios, além de serem retratados como animais de atração em um circo, usados para chamar a atenção.
As cenas das novelas de Carlos Lombardi tinham uma característica muito peculiar, eram diálogos curtos, cenas ágeis e em Uga Uga especificamente a intenção era passar a ideia de uma revista em quadrinhos. As gravações da novela começaram em setembro de 1999. As cenas iniciais de Baldochi, na Costa Rica, foram na verdade gravadas na cidade de Vassouras, interior do Rio de Janeiro. O restante da trama, as gravações externas, ocorreram em Xerém, também no Rio de Janeiro, onde a reserva presente no local serviu de cenário para a floresta.
Havia dois pontos específicos que foram construídos para a cenografia externa, a réplica do bairro carioca de Santa Teresa, onde a maior parte dos personagens morava, e a tribo de Tatuapú, que teve todo o cenário reaproveitado da tribo utilizada na minissérie A Muralha. E essa foi uma das novelas que menos utilizou os estúdios da emissora, tendo apenas 30% de cenas de estúdio e 70% de externas.
Susana Vieira foi convidada para interpretar a antagonista Santa, porém a atriz recusou por achar o nome da novela de mau gosto. Originalmente Murilo Benício foi convidado para interpretar Beterraba, o personagem de Marcello Novaes, mas ele já estava escalado para Esplendor, e Marcos Palmeira chegou a aceitar o papel, porém foi deslocado antes do início das gravações para Porto dos Milagres. Já Cláudio Heinrich, esse sim foi uma escolha do autor porque era essencial que o personagem fosse loiro e já tinha trabalhado com o rapaz em Malhação.
E tal como em Malhação, quando ele aprendeu Jiu Jitsu para interpretar o personagem Dado, para fazer Uga Uga, Cláudio Heinrich fez aulas intensivas de musculação, sessões de bronzeamento artificial e passou uma semana no Parque Indígena do Xingu convivendo com índios da tribo Uailapiti e descendentes de indígenas, tendo também aulas de línguas tupi-guaranis para criar a língua própria da fictícia tribo da história.
Essa novela teve a objetificação masculina, que segundo o autor, a sexualização da história era intencional. Danielle Winits aparecia com trajes molhados e transparentes enquanto Cláudio Heinrich usava apenas uma tanga. Ele disse uma vez que teve que depilar todo o corpo, em todas as partes, já que cobria o mínimo. Porém, Marcos Pasquim e Humberto Martins assumiram os pelos. E havia outros homens sem roupas.
O excessivo apelo sexual da trama recebeu críticas da imprensa, como do jornal Folha de S.Paulo, que alegou que a novela deveria se chamar Sexo Sexo e que "...não importa a história. Tudo é motivo para estimular a libido dos telespectadores". A novela, inclusive, chegou a ser notificada pelo Ministério da Justiça pelo excesso de sensualidade, ameaçando reclassifica-la para 12 anos, o que impediria sua exibição antes das 20h, porém isso não chegou a acontecer mesmo com o autor mantendo o teor das cenas.
Elenco.
Além de Cláudio Heinrich, Humberto Martins, Marcos Pasquim, Mariana Ximenes, Marcelo Faria, Danielle Winits, Viviane Pasmanter e Marcello Novaes, a trama ainda contou com a atuação de Nívea Stelmann, Heitor Martinez, Ângelo Paes Leme, Vera Holtz, Lima Duarte, Betty Lago, Luiz Guilherme, Wolf Maya, Sílvia Pfeifer, Mateus Rocha, Joana Limaverde, Nair Bello, Roberto Bonfim, Silvia Nobre, Tato Gabus Mendes, Rita Guedes, Lúcia Veríssimo, Delano Avelar, Stepan Nercessian, Françoise Forton, Mário Gomes, Alexandre Schumacher, Juliana Baroni, Tatyane Goulart, Oswaldo Loureiro, Lolita Rodrigues, Geórgia Gomide, John Herbert, Maria Ceiça, Jorge Pontual, Bianca Castanho, Hugo Gross, Beth Lamas, Hayrton Júnior, Vanessa Nunes, George Bezerra, Alexandre Lemos, Emanuelle Soncini, Rachel Nunes.
E teve diversas participações especiais como Marcos Frota, Denise Fraga, Luiz Fernando Guimarães, Cássia Linhares, Nelson Freitas, Luciano Szafir, Taís Araújo, Isadora Ribeiro, Daniele Suzuki e Cláudia Liz, entre outros.
Trilha sonora.
A novela teve 2 álbuns, como de praxe nas novelas da Globo, quando ainda valia a pena colocar os CDs a venda nas lojas. A trilha nacional tinha como capa um desenho, uma referência a uma história em quadrinhos, que era a mesma proposta da vinheta de abertura. E continha as seguintes músicas.
1 - Viralata de Raça (Ney Matogrosso). 2 - Metamorfose Ambulante (Primo Johnny). 3 – Kotahitanga ( Hinewehi Mohi) o tema de Abertura. 4 - Se Eu Não Te Amasse Tanto Assim (Ivete Sangalo). 5 – Aquela (Raimundos). 6 – Fogueira (Sandra de Sá). 7 - Tô Sem Grana (Elétrika). 8 – Vem (Patrícia Coelho). 9 - Deixa o Amor Acontecer (Roupa Nova). 10 - Não Tô Entendendo (P.O.Box). 11 - Uma Antiga Manhã (Marina Lima). 12 – Feelings (Morris Albert). 13 - Killing me Softly With His Song (Milton Nascimento). 14 - Minha Timidez (Fat Family Salomão) e 15 - Amar, Amar (João Bosco).
O álbum internacional tem o personagem Tatuapu na capa com as seguintes canções: 1 - I Turn to You (Christina Aguilera). 2 - You Sang to Me (Marc Anthony). 3 - Hold Me Tight (Michael Allen). 4 – Kayomani ( Kundalini Rising). 5 - I Try (Macy Gray). 6 - Back At One (Brian McKnight). 7 - Lovin' You (Fernanda). 8 - Are You Still Having Fun? (Eagle-Eye). 9 - Northern Star (Melanie C) a Spice Girls em carreira solo. 10 - Thank You For Loving Me (Bon Jovi). 11 - I'll Be Holding On (Romeo). 12 – Breathless (The Corrs). 13 - I Wanna Be With You (Mandy Moore). 14 - Back For Good (Giselle Haller). 15 - Where Are You? (Bosson). 16 - Anything You Want (Bengaloo).
Curiosidades.
Originalmente Uga Uga estava programada para estrear na faixa das 18h para substituir Força de um Desejo, porém Carlos Lombardi não entregou o número de capítulos suficientes para que a história inicial fosse avaliada e aprovada dentro do prazo limite e Esplendor, de Ana Maria Moretzsohn, acabou ficando com a vaga para o horário.
A personagem de Betty Lago foi alvo de protestos por parte do Sindicato Nacional dos Aeronautas, que reclamaram do comportamento pouco ortodoxo da aeromoça.
Mariana Ximenes foi o grande destaque da novela, ela ganhou o Prêmio de melhor Atriz pela Millenium, Prêmio Magnífico, Prêmio Qualidade Brasil e Kids' Choice Awards. Além de Atriz Revelação pelo Melhores do Ano.
Como se não bastasse, devido o sucesso do seu personagem, a fabricante de brinquedos Estrela lançou uma versão da boneca Susi com os traços e roupas do papel que ela interpretava. E os vendedores informais também se beneficiaram do sucesso da personagem, os tererês metalizados que ela usava se tornaram um item comercial nas bancas dos camelôs.
A novela passou nos Estados Unidos e segundo uma matéria do Fantástico, estava fazendo sucesso por lá e então a Renata Ceribeli levou o Claudio Heinrich para passear caracterizado de Tatuapu pelas ruas de Nova Iorque.
Ah, um detalhe, nessa época o Claudio lançou um CD solo, mas não teve nada de repercussão. O lançamento foi antes da novela.
Em novembro de 2000 a revista G Magazine teve na capa o Ricardo Feitoza caracterizado de índio com a seguinte manchete: Da floresta de Uga Uga. Mas o nome dele não aparece no elenco da novela e na relação de capas da revista no Wikipedia ele é apresentado como modelo.
Já uma outra revista de nu masculino conseguiu um ator oficial do elenco para estampar as suas páginas. Humberto Martins posou nu pela segunda vez para a revista Íntima, ao contrário da primeira vez, dessa ele mostrou tudo sem censura, só não ereção, e caracterizado de índio. Foi uma boa desculpa para naturalizar a nudez.
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