Fui passar uma tarde em uma praia da Espanha, fora da zona que costumo ir em Barcelona, e a princípio identifiquei algumas coisas que lembram o Brasil, como a areia fina, já que era uma praia natural, pois em Barcelona as praias foram construídas, também as pessoas morenas do sol e alguns biquínis e sungas que pareciam ter sido escolhidos com cuidado. Digo isso porque é muito comum ver homens de cueca ou pessoas com roupas de banho que visivelmente já foram usadas por vários verões.
No entanto, com um olhar mais atento, percebi coisas que me fizeram me situar. Não, isso não acontece no Brasil, como muitos seios expostos, o que me dá uma boa sensação, pois ver homens e mulheres usando apenas uma peça de roupa, ou quase roupa, me parece justo, um exercício de igualdade, sabe?
Outra coisa foi ver crianças nuas, poucas, mas nuas. A primeira que avistei foi um menino e depois uma menina, que deviam ser irmãos, e isso me fez lembrar de uma cena que vi uma vez no Jardim Botânico de Curitiba. Na ocasião o pai de um menino que brincava no gramado tirou-lhe a camiseta, pois fazia calor, e a menina, menor, que brincava junto queria fazer o mesmo e foi impedida pela mãe que disse ser feio. - Você não, é feio.
Feio? Pensei. Ela é uma criança, como pode ser feio? Seu corpo pouco, ou nada se distingue do menino. Quem dera se essa pessoa visse as crianças da Espanha brincando nuas, inclusive com seus genitaís, hehe, ou meninas fazendo xixi em pé sem ninguém lhes chamando a atenção ou coibindo-lhes de algo.
Da mesma forma, não percebi nem um homem tecendo comentários, ou olhando diretamente para os seios expostos das mulheres que lá estavam, e eram de todas as idades.
Isso é uma prova de que nossa postura é construída dentro do que achamos certo ou errado, feio ou bonito. E que certo ou errado, feio ou bonito, não existe. Existe somente traumas e complexos mal resolvidos e experimentar culturas diferentes pode ajudar bastante na cura.
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