Meu Bem Meu Mal


Meu Bem Meu Mal estreou no dia 29 de outubro de 1990. Teve a autoria de Cassiano Gabus Mendes, com colaboração de Maria Adelaide Amaral, Dejair Cardoso e Luís Carlos Fusco, com direção geral de Paulo Ubiratan e contou com as atuações de Sílvia Pfeifer, José Mayer, Lima Duarte, Cássio Gabus Mendes, Lídia Brondi, Marcos Paulo, Yoná Magalhães e Thales Pan Chacon nos papéis principais.


A história gira em torno do rico empresário Dom Lázaro Venturini, papel de Lima Duarte, sócio majoritário da Venturini Designers que é obrigado a conviver com Ricardo Miranda, intepretado por José Mayer, que detém trinta por cento das ações da empresa e é o fruto do adultério de sua falecida mulher. Ricardo mantém um caso secreto com Isadora Venturini, vivida por Silvia Pfeifer, apesar de todos acharem que eles se odeiam. Ela é a viúva do filho de Dom Lázaro e nunca teve a simpatia do sogro.


Ricardo é odiado por mais gente, ele foi o responsável pela ruína de Felipe Melo, personagem de Armando Bógus, ao se negar a livrá-lo de uma condenação por uma falcatrua e a filha desse homem, a Patrícia, vivida por Adriana Esteves, planeja vingança seduzindo e se envolvendo com Ricardo, mesmo sendo bem mais jovem que ele. Para tanto, ela se torna amiga de sua problemática filha, Jéssica, interpretada por Mylla Christie. Porém, Patrícia não contava que fosse se apaixonar de verdade por Ricardo Miranda.

A novela teve os títulos provisórios de Amor e Ódio e O Outro Lado da Moeda. As gravações começaram cerca de 15 dias antes da estreia, entrou no ar com 20 capítulos em atraso. E como foi feita as pressas, o elenco foi composto com quem estava disponível no momento, e isso deu oportunidades para muitos atores iniciantes como Adriana Esteves e Lisandra Souto que já tinham feito outros trabalhos na emissora, e Mylla Christie e Fábio Assunção que estavam estreiando como atores.


Foi a primeira novela da comediante Zilda Cardoso, ela ficou bem conhecida como intérprete da Dona Catifunda da Escolhinha do Professor Raimundo. E também a primeira novela de Silvia Pfeifer, antes ela tinha protagonizado a minissérie Boca Do Lixo. 

É bem provável que a escolha de Cassiano Gabus como autor tenha sido porque ele tinha um jeito de escrever que não exigia muito da produção. Sabia criar tramas que se sustentavam basicamente por diálogos, por interação entre os autores, diferente de Silvio de Abreu que gostava de inventar acidentes, situações mirabolantes. Ou seja, Cassiano era o cara idela para fazer uma novela em cima da hora.

Ele convidou Maria Adelaide Amaral para colaborar no roteiro, mas ela precisava ir à Inglaterra para fazer pesquisas e escrever um monólogo sobre Shakespeare. Cassiano disse que ela podia ir e que, quando voltasse, assumiria a função. Quando ela voltou, a novela já estava no ar. Eles se revezavam no trabalho: ele escrevia os capítulos de segunda, quarta e sexta; e ela os de terça, quinta e sábado.

A cada quinze dias eles se reuniam para estabeler o caminho da novela porque não tinham a escaleta. Escatela é uma espécie de resumo ordenado, das cenas do começo ao fim que serve de guia para o texto final. Ou seja, uma novela é uma obra aberta, vai sendo escrita ao longo do tempo em que está no ar, mas os autores tem um resumão do que precisa acontecer em cada capítulo. Isso não deu tempo de fazer.


Além da dificuldade de fechar o elenco para a trama, alguns atores deixaram a novela em pleno andamento. Em janeiro de 1991, Luma de Oliveira pediu para sair devido a sua gravidez e ao casamento com o empresário Eike Batista. Para justificar a sua saída, sua personagem foi assassinada por Valentina, vivida por Yoná Magalhães. Na ocasião, a atriz já tinha deixado a trama e a cena de sua morte foi gravada com uma dublê.


Isis de Oliveira, irmã de Luma, também desfalcou o elenco, mas não por vontade própria, ela foi retirada da novela porque faltava nas gravações. No final do ano de 1990, ela disse que pediu autorização para fazer uma viagem para Portugal, mas quando voltou ao Brasil não reintegrou a novela. Sua personagem foi mencionada por quase um mês após sua última cena e a justificativa de sua desaparição é que viajou para a Europa e por lá ficou.


O ator Stênio Garcia entrou na novela, já com a trama em andamento, para viver um ex-presidiário, e saiu antes do final. Seu personagem, Argemiro Castro, morreu nos capítulos finais da história, vítima de um assalto, para que o ator pudesse se dedicar a nova trama que substituiria Meu Bem Meu Mal, a novela O Dono do Mundo.

Além dos atores que precisaram sair, o diretor Paulo Ubiratan também teve que se ausentar da novela, segundo as informações que encontrei, por problemas de saúde. Assim, Marcos Paulo, que interpretava o personagem André, acumulou a função de ator e diretor.

A vinheta de abertura mostra uma pulseira, um frasco de perfume, e elmentos de casa como luminária e aparelho de telefone, todos os objetos com design moderno e que refletem a imagem de um casal sob a música Meu Bem Meu Mal, composição de Caetano Veloso, na vóz de Marco André. A música já era conhecida na voz de Gal Costa, de seu álbum Fantasia lançado em 1981.


Meu Bem Meu Mal teve dois álbuns musicais, a trilha sonora nacional com a atriz Luma de Oliveira na Capa, e contém 14 faixas. E a trilha sonora internacional com a atriz Mylla Christie na capa, cujo álbum contém também 14 faixas, dentre elas Unchained Melody de Righteous Brothers, gravada na década de 1960, mas que voltou a tocar nas rádios devido o sucesso do filme Ghost, do qual era tema também.


Meu Bem Meu Mal foi a última novela do ator George Otto que interpretou Joãozinho, ele faleceu no dia quatro de agosto de 1991. Foi o último trabalho na TV da atriz Lídia Brondi  que decidiu se afastar da carreira artística. E foi a última novela das irmãs Oliveira, Luma fez apenas dois filmes depois de sair da Globo, ambos na década de 90. E Isis gravou apenas alguns episódios do programa Você Decide na emissora, depois atuou na novela 74.5: Uma Onda No Ar na TV Manchete e na minissérie O Campeão na Band, todas obras da década de 90.

Meu Bem Meu Mal foi reapresentada no Vale a Pena Ver de Novo em agosto 1996, e em março de 2016 no Canal Viva. Em 28 de setembro de 2020, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay, como parte do Projeto Resgate.

0 comments: