A Rede Record é atualmente a TV mais antiga que temos no Brasil, a sua estação geradora foi inaugurada em 27 de setembro de 1953, apenas três anos depois da chegada da TV no Brasil, que aconteceu em 1950. Foi a terceria emissora a operar no país, depois da TV Tupi e da TV Paulista.
Durante a década de 1950, a Record era a segunda emissora de maior audiência nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, perdendo apenas para a TV Tupi, e no decorrer da década de 1960, o canal tornou-se popular, chegando a liderar em audiência e a superar a TV Tupi. Mas na década de 1970 foi superada em audiência pela Globo e pela Tupi, caindo para a terceira posição. Ao longo da segunda metade da década de 1970 e durante a década de 1980 a audiência da emissora despencou para o quinto lugar no Ranking Nacional de Emissoras, perdendo para a Globo, SBT, Bandeirantes e a Manchete.
Em 1989, o bispo Edir Macedo, fundador e líder da Igreja Universal do Reino de Deus, comprou a Record e outros canais ao longo da década de 1990, além de conseguir emissoras afiliadas o que fez a Record crescer e se tornar competitiva outra vez. Mas durante boa parte da década de 1990, devido a este investimento em aquisição de outras emissoras para expandir o sinal da matriz, a Record não tinha uma boa estrutura, nem contava com profissionais qualificados para atender as suas necessidades.
O resultado foi uma programação meio amadora, da qual algumas atrações tiveram que ser canceladas, mas outras acabaram dando certo, como foi o caso do Note e Anote com a Ana Maria Braga que virou a estrela da casa. O Ratinho também conseguiu chamar muito a atenção mostrando muitas bizarrices em seu programa, mas com a saída de ambos, ela para a Globo e ele para o SBT, a emissora voltou a ficar meio capenga e então começou a copiar a sua maior concorrente, a Globo.
Em 1999, estreou o Zapping, que era a sua versão do Vídeo Show, um programa para basicamente divulgar a sua própria grade de programação. Era para isso que servia o Vídeo Show, para promover os programas e artistas da casa. Mas o plano infalível, que não era tão infalível assim, para tomar o lugar da Globo começou em 2004, quando lançou o slogan A Caminho da Liderança. No entanto, acabou sendo chamada de Recópia porque ao invés de oferecer ao público uma alternativa diferente, simplesmente resolveu copiar a programação da concorrente.
Bom, o fato é que de lá para cá a emissora não conseguiu tomar o posto de lider da Globo, mas passou a oscilar na disputa pelo segundo lugar com o SBT.
A partir de 2004, a Record decidiu investir pesado em sua programação, e criou três horários de novelas, tal como a sua maior concorrente, a Globo. Uma das faixas de folhetins era para o público adolescente, a novela Alta Estação era uma cópia de Malhação, que acabou não dando certo e saiu do ar.
Para gravar as telenovelas, a Record contratou vários atores do elenco da Globo e criou o Recnov, no Rio de Janeiro, que foi a sua versão do Projac.
A Record reformulou o Jornal da Record, que teve cenário e logomarca praticamente idênticos ao Jornal Nacional, que na época era apresentado por Ana Paula Padrão e Celso Freitas, em uma clara tentativa de imitar o casal 20 do Jornal Nacional que na época era Willian Bonner e Fátima Bernardes.
No horário matutino, o Bom dia Brasil da Globo, que procura ser um noticiário leve para começar o dia sem susto, ganhou a versão mais tensa pela Record, chamada Fala Brasil. Repare que eles não fizeram questão de disfarçar nem a cópia do nome.
E a revista eletrônica de maior sucesso da Globo, o Fantástico, for recriado pela Record com o nome de Domingo Espetacular.
Mas a Globo já tinha um programa de esporte chamado Esporte Espetacular que durante muitos anos passou aos sábados e depois mudou para as manhãs de domingo. Pois, a Record criou um programa igual chamado Esporte Fantástico.
Em 2009, a Record adquiriu os direitos da produtora Strix para produzir a versão brasileira de A Fazenda. Qualquer semelhança com o Big Brother não é mera coincidência, é praticamente o mesmo programa que acontece em um ambiente com mais espaço, inclusive alguns participantes de A Fazenda são os mesmos que já passaram pela casa do Big Brother Brasil na TV Globo.
Não foi só na grade de programação que a Record tentou fazer igual a Globo, a emissora investiu em outras áreas em que a Globo já estava bem estabelecida. Por exemplo, em 1996, estreou na então GloboSat um canal exclusivo de notícias, a Globo News. Em setembro de 2007, a Record colocou no ar o canal Record News, também exclusivamente de notícias para fazer frente ao Globo News.
A diferença é que a Record News foi lançado em sinal aberto ocupando a concessão da Rede Mulher, enquanto que a Globo só distribui em TVs pagas e atualmente na plataforma da Globoplay também. Mas na época, a NET, maior operadora de TV paga do país, pertencia ao Grupo Globo e transmitia a Rede Mulher, então, os diretotes da Record acreditavam que a NET, obrigatoriamente, trasmitiria o Record News, simultaneamente com a Globo News.
Porém, a NET já não era obrigada a distribuir a Rede Mulher em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro, dois grandes centros de medição do IBOPE, e seu contrato era para a distribuição da programação da Rede Mulher. Como mudou tudo, esse novo conteúdo exigia uma nova negociação.
A Globo lançou em setembro de 2006, o site G1, um portal de notícias para marcar presença no mercado digital. Em 2009, a Record criou o R7, que também é um portal de notícias. A Globo fez um trocadilho, optou pelo nome do site por fazer referência ao nome da Globo, mas G1 é uma sigla que tem alguns significados distintos, como modelagem obtida por meio de concordâncias geométricas e também designa a primeira fase do clico celular. Não é de aparelho celular, é das células.
O R7 da Record, possivelmente foi uma carona no apelido do jogador de futebol português Cristiano Ronaldo que recebeu o apelido CR7 quando jogava pelo clube inglês Machester United onde usava a camisa 7. A emissora podia usar qualquer outro nome, mas por que não copiar a concorrente ao invés de ser original, não é mesmo?
Em 2013, a Globo resolveu fazer uso de voz padrão feminina para algumas vinhetas de sua programação. A Record fez o que? A mesma coisa!
Em novembro de 2015, a Globo lançou a sua plataforma de streaming GloboPlay onde disponibiliza novelas e produções antigas da emissora, a programação atual e também os canais que antes eram distribuídos apenas em TVs pagas, além de produzir conteúdo exclusivo para a plataforma. Em agosto de 2018, a Record lançou no mercado a plataforma PlayPlus com o mesmo objetivo, mas bem menos interessante.
Muitas dessas estratégias não deram certo. Os três horários de novelas, por exemplo, não vingou, a emissora não aguentou manter o ritmo. O Esporte Fantástico, que apesar de estar no ar até hoje, patina no ibope e já esteve no ar em vários dias e horários diferentes. Aquele slogan, A Caminho da Liderança, ficou para trás.
Coisas que eram distintas da Globo acabaram dando mais certo. O programa que o Marcos Mion apresentou, o Legendários, tinha uma boa audiência. O Programa da Sabrina, o Domingo Show, o Hoje em dia, o Tudo É Possível com a Eliana, o Melhor do Brasil com o Marcio Garcia que depois passou a ser com o Rodrigo Faro são coisas que definiram melhor uma identidade própria da emissora.
Atualmente o jornalismo é considerado extremamente popular e até sensacionalista, porém tem grande audiência. Ou seja, embora a Record não tenha uma programação de extrema qualidade, conseguiu adquirir sua própria identidade e tornando uma emissora mais competitiva quando deixou de ser uma genérica da Globo.
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