Disney Club - SBT

Na TV aberta, o Disney Club passou na Globo antes de ir para o SBT. De 1993 a 1995 tinha apenas desenhos animados e em 1996 se tornou um quadro da TV Colosso apresentado pelo personagem Zé Carioca como um talk show onde ele entrevistava artistas famosos, como Xuxa, Renato Aragão, Sandy e Junior...

Com a entrada de Angélica na emissora a TV Colosso chegou ao fim e o Disney Club também. Então, no dia 28 de abril de 1997, às 18h, entrou no ar a galerinha do Comitê Revolucionário Ultra Jovem, o Juca, o Chiclé e o Macaco, na tela do SBT.

Os três meninos tinham uma TV pirata pela qual invadiam a programação do SBT transmitindo o sinal do sótão que pertencia a casa vizinha, por uma antena feita de guarda-chuva com estampa do Mickey.

Juca, Chiclé, Maluca e Macaco. png.

Juca, o mais velho, conseguiu abrir uma passagem secreta pelo armário em seu quarto. A porta só abria com uma senha que deveria ser digitada na calculadora camuflada dentro do livro Alercta Vermelho, escrito errado de propósito.

Com conhecimentos de técnicos de televisão e vídeo cassete, ele reuniu peças abandonadas naquele local e montou uma TV Pirata, e assim, com ajuda do irmão e do melhor amigo faziam uso da única câmera que tinham para transmitir desenhos animados e fazer reivindicações, desabafar sobre todas as injustiças que sofriam com os pós-ultrajovens e ultravelhos, sobre os problemas que tinham em casa, na escola, na rua e na sociedade, além de fazer reivindicações.

Eles preferiam ser chamados de ultrajovens ao invés de crianças, termo que foi inspirado no livro O Poder Ultra-Jovem de Carlos Drummond de Andrade. O programa foi ideia do diretor Cao Hamburger, criador e diretor do Castelo Rá-Tim-Bum na TV Cultura. Ele disse, que em um mês e meio conseguiram criar e começar a gravar, e que apesar de ser tudo muito rápido, ficou do jeito que a equipe queria. No entanto, seis meses depois ele deixou o infantil, em outubro de 1997. 

A única recomendação da Disney para o programa era que a direção priorizasse a diversão, pois não adiantava enfocar problemas que as crianças não conseguissem resolver. 

Os três meninos usavam máscaras para não serem reconhecidos. Caju, na verdade se chamava Juca. Era interpretado pelo ator Diego Ramiro que tinha 15 anos na época. Ele era o inventor, líder e presidente do CRUJ. A sua máscara cobria só os olhos, ou melhor, ao redor dos olhos, tipo o Zorro, ou a Tiazinha que estava em alta no momento.

Chiclé se chamava Guelé. Era interpretado pelo ator Leonardo Sierra Monteiro que tinha 7 anos na época. Ele usava bigode e sobrancelhas falsas para não ser reconhecido na TV Cruj.

E o Macaco que hora era chamado de Macarrão, hora de Maca, era interpretado pelo ator Caíque Benigno que na época tinha 13 anos. Ele usava uma máscara de macaco e era o responsável pela transmissão da programação da TV pirata, por isso o bordão que ficou famoso, Dá o play, Macaco!.

Nessa fase passava os desenhos inéditos de Timão e Pumba e A Turma do Pateta.

Em junho do mesmo ano o programa passou por algumas alterações. Foram adicionados os desenhos TV Quack Pack e Bonkers. Além disso, uma nova integrante se uniu ao grupo, a Malu interpretada por Jussara Marques que tinha 12 anos na época e chegou de paraquedas entrando pelo teto onde estava a antena feita de sombrinha após descobrir o sinal da TV Pirata.

Malu apareceu para reivindicar um espaço feminino no programa e foi apelidada de Maluca. Ela usava óculos e perucas extravagantes como disfarce. O quarteto se manteve até meados de 1999, mas o programa passou por várias reformulações, pelo menos em questão de desenhos animados.

Em 1998 o programa passou os desenhos do Doug, 101 Dálmatas, Marsupilami, Os Super Patos e Sardinha e Filé. Em junho, devido a Copa do Mundo FIFA, foi produzido uma sequência de programas especiais apresentados por Caju e Maluca, em forma de telejornal onde eram transmitidos os desenhos que já faziam parte da programação.

Entre setembro e outubro, foram sorteados 150 CDs da recém-formada BRUJ (Banda Revolucionária Ultra Jovem).

Em 1999, o infantil comemorou 2 anos no ar com um programa especial, tendo como atrações Carla Perez recém contratada da emissora e Vinny, além do mágico nipo-brasileiro Ossama O Ilusionista, Beto Carrero e cerca de 30 ultrajovens na festa de reinauguração do único estúdio da emissora pirata, ainda no sótão, com quatro televisões velhas da década de 80.

Nesse ano houve outra alteração no elenco. No início do mês de maio a personagem Ana Paula entrou em cena, interpretada por Danielle Lima que tinha 9 anos na época. Era uma amiga de Guelé que foi convidada para fazer um trabalho escolar em sua casa e descobriu o esconderijo. Ela se integrou a equipe se apresentando como Pipoca e usando nariz de palhaço como disfarce.

E o personagem Macaco saiu do programa. O motivo alegado foi a mudança da sua família de São Paulo para Curitiba. Então, antes dele sair, deu a Pipoca o comando do play. E o curioso é que alguns meses depois ela foi reapelidada de Ana P.

Na virada da década de 90 para 2000 nós estávamos vivendo uma revolução tecnológica. Os celulares estavam ficando mais acessíveis e a internet se popularizando, então o programa começou a fornecer e-mail para os telespectadores, embora mantivesse a comunicação por carta.

Ainda em 1999, em outubro, mais um novo membro entrou no grupo, o Frederico, um menino rico vindo do interior de São Paulo interpretado por Murilo Troccoli. Ele chegou da mesma maneira que a Maluca, pelo teto, mas suspenso por uma corda presa a um helicóptero. Seus pais eram fazendeiros e iam frequentemente para Miami, nos Estados Unidos, assim ele tinha tempo para atuar na TV CRUJ usando um disfarce de pistoleiro do faro oeste. Meses depois, os integrantes lhe deram uma máscara de cachorro.

Rico deixou o programa em 2000. O motivo alegado foi a mudança definitiva de seus pais para Miami. Ou seja, parece que faltou criatividade tanto para a sua entrada, quanto para a sua saída, já que repetiu o que havia acontecido com outros integrantes.

E em 2001 o Disney Club acabou, foram mais de 930 programas exibidos de segunda à sexta. O último episódio foi ao ar no dia 19 de janeiro. A justificativa foi que devido a problemas na antena, a TV CRUJ saiu do ar e os integrantes aproveitaram para tirar férias, mas no sábado 14 de abril o programa voltou com outro nome, Disney CRUJ, das 10h15 às 12h, e totalmente reformulado.

Nessa nova fase o programa virou uma novelinha e não agradou muito os telespectadores. Perdia na audiência para a TV Globinho, mas ficou no ar até 12 de outubro de 2003. Na verdade, as gravações haviam terminado em 2002, ou seja, em 2003 se manteve no ar apenas com reprises.

Curiosidades.

Como o SBT não é o SBT se não mudar os programas de horário, o Disney Club foi movido várias vezes na grade da programação, mas sempre dentro da mesma faixa, no fim do dia. Era o único infantil que passava no horário e tinha uma boa audiência.

O infantil também promoveu concursos culturais em 1999 e 2000. Os telespectadores enviavam obras de arte feitas por eles mesmos, como desenhos e esculturas, e os vencedores apareciam no programa para receber um prêmio. Eles também usavam máscaras e um codinome, ainda que seus nomes verdadeiros tivessem sido revelados quando anunciados como vencedores.

Entre 1999 e 2001 o programa chegou a mudar seu público-alvo, passando de infantil para o infanto-juvenil porque ninguém esperava que durasse tanto tempo na grade da TV. Os atores cresceram e os telespectadores também.

Vários detalhes contribuíram para o fim do programa. Como naquela época a TV por assinatura não era tão acessível e o escritório da Disney mais próximo ficava no México, a empresa queria desenvolver um projeto de expansão e precisava fazer publicidade na TV aberta, para isso precisava se associar a alguma emissora e como a Globo se recusou, os diretores da Disney negociaram com o SBT em segredo até o fim do contrato vigente.

Ou seja, o Disney Club não era exatamente uma produção do SBT, era da Disney, bancada pela empresa, mas para não parecer um formato comprado os diretores da TV do Silvio Santos optaram por criar uma submarca, a TV CRUJ.

No entanto, no começo da década de 2000 a Disney estava se preparando para lançar o Disney Channel, canal pago, e houve rumores de que o programa faria concorrência com a sua programação, além disso o Silvio Santos estava reclamando da renovação do contrato devido a alta do dólar e quando ele aceitou renovar o acordo a Disney já tinha perdido o interesse e deixou de fornecer material para o programa sugerindo o seu fim.

O final foi escrito, a justificativa seria a venda da casa, assim, como os meninos perderiam o estúdio não poderiam dar sequência às transmissões. Mas o Silvio Santos rejeitou a ideia e resolveu trocar a equipe de produção, que alteraram o nome do programa e fizeram a reformulação para TV Cruj. O resultado é que a audiência caiu e foi retirado da grade de programação.

Macaco deixou o elenco, mas não desapareceu completamente. No fim do ano os integrantes comemoravam a passagem de ano no colégio, no primeiro, ele reprovou, no segundo passou e comemorou bastante. Em 1999 quando já estava fora do elenco, informou por e-mail que também havia passado, e em 2000 esteve presente no programa de aniversário de 3 anos.

Leonardo Sierra Monteiro o ator que fez Guilé, apesar de muito jovem na época das gravações, percebeu como funciona as coisas nos bastidores de TV. ele disse que fez o teste com mais de 1000 atores para ser o Juca e não passou, então foi criado um personagem para ele que não estava nos planos iniciais dos produtores. Ele ainda disse que Diego Ramiro foi aprovado porque seus pais tinham contatos com pessoas influentes na produção.

Além disso, o novo diretor do programa introduziu atores que já conhecia sem passarem por testes. Essa falta de sinceridade no meio artístico e a instabilidade de emprego fez ele se frustrar e desistir de vez da carreira de ator. Leonardo se tornou professor de engenharia.

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