Veja o Gordo

Veja o Gordo foi um humorístico comandado por Jô Soares, levado ao ar pelo SBT, completando 35 anos da sua estreia em 2023. Para conhecer melhor o que foi esse programa é preciso saber um pouco sobre os trabalhos do apresentador que o antecederam.

Jô Soares estreou na televisão em 1956, no elenco da Praça da Alegria que passava na RecordTV, hoje é conhecida como A Praça É Nossa do SBT. Nesse programa ele ficou por 10 anos, e em 1965, protagonizou a única novela de sua carreira, a comédia Ceará contra 007, que foi a trama de maior audiência naquele ano no Brasil, também na Record.

Depois ele voltou para os programas humorísticos, atuando e escrevendo roteiros de Família Trapo, que também era escrito por Carlos Alberto de Nóbrega, e esse foi o seu último trabalho na Record, porque em 1971, estreou na TV Globo no humorístico Faça Humor, Não Faça Guerra. Nos seguintes, atuou em vários outros humorísticos da emissora, como o Satiricom Planeta dos Homens. Em 1981, estreou o seu próprio programa, o Viva o Gordo, que ia ao ar nas noites de segunda-feira.

A ideia do programa surgiu do espetáculo "Viva o Gordo, Abaixo o Regime". Era uma sátira ao Golpe Militar de 1964 que ainda estava vigente naquela época. E, detalhe, nesse espetáculo, Jô Soares era o único ator.

O programa era uma compilação de esquetes, a grande maioria protagonizadas por Jô, que recebia convidados especiais e contava com o auxílio de um grande elenco. Rogério Cardoso e Paulo Silvino, por exemplo, já estavam lá. Sandra Bréa, que era a diva da época, também fazia parte do elenco e Claudia Raia estreou na TV nesse programa.

Entre os vários personagens, o mais famoso foi o Capitão Gay que contava como assiste o Carlos Suely. 

A abertura do programa costumava ser bem criativa, sobrepondo imagens do Jô em cenas famosas do cinema, ou contracenando com políticos nacionais e internacionais, através da técnica chroma key.

Jô apresentou para a Globo o projeto de um programa estilo late night talk show, que é um formato bem conhecido no Brasil, mas na época não existia nenhum desse gênero no país. E a direção lhe disse, não. Mas Silvio Santos disse sim, e como esse era um grande sonho do humorista, ele foi.

O Viva o Gordo chegou ao fim na TV Globo, no dia 15 de dezembro de 1987, e em 7 de março de 1988, estreou no SBT, o Veja o Gordo, que seguia o mesmo padrão do programa anterior e passava nas noites de segunda-feira também. Jô interpretava vários personagens em esquetes de humor, recebia convidados e tinha um grande elenco de apoio. Dos atores que trabalhavam com ele na Globo, apenas Nina de Pádua e Eliezer Motta o acompanharam. Mas tinha outras grandes estrelas no elenco, como Consuelo Leandro, Sônia Lima, Magda Cotrofe...

A abertura seguia o mesmo padrão anterior, do Jô interagindo com várias personalidades, a maioria políticos, por via do chroma key, ao mesmo estilo de seu antecessor. Entre os principais personagens estavam a jornalista Lilia Bife Quibe, que apresentava o programa fictício Gordo Economia; Dona Cloé, gerente de uma agência bancária, que zelava pelo dinheiro dos clientes; Wahington e Jefferson, dois encanadores que entravam pelo cano; entre outros. Geralmente as piadas eram críticas sobre política.

Como prometido por Silvio Santos, no mesmo ano em que estreou no SBT, Jô ganhou o tão sonhado late-night talk-show, chamado Jô Onze e Meia que fez um enorme sucesso, e o Veja o Gordo saiu do ar no início de 1990.

Curiosidades.

A Globo não facilitou a vida de Jô Soares, a direção da época jogou muito baixo. Eles não queriam dar o programa que ele queria fazer e o ameaçaram boicotá-lo caso fosse para o SBT. O apresentador divulgava várias marcas, então caso mudasse para a emissora concorrente, esses produtos seriam vetados em sua grade de programação.

No horário que passava o seu programa, no mesmo dia da estreia de Jô no SBT, a Globo estreou a sessão de filmes Tela Quente que levava ao ar filmes inéditos na TV. O primeiro foi Star Wars - O Retorno do Jedi.

Na edição de 1988 do Troféu Imprensa, que premiava os melhores do ano de 1987, Jô fez um desabafo sobre a atitude da TV Globo. Em 2000, ele foi recontratado pela emissora para apresentar o programa que havia sido negado na década de 80.

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