1992, o ano em que Madonna passou dos limites.

O primeiro disco de estúdio de Madonna foi lançado em 1983 e dentre as oito faixas se destacaram as canções Lucky Star, Borderline e Holiday. No ano seguinte, em 1984, foi lançado o seu segundo álbum intitulado Like a Virgen, com uma faixa a mais do que o disco anterior, das quais, Material Girl, Love Don’t Live Here Anymore e Like a Virgin tiveram mais destaques.

O seu terceiro álbum chegou nas lojas dois anos depois, em 1986, novamente com 9 faixas, das quais, Papa Don’t Preach, Open Your Heart, Live To Tell, La Isla Bonita e True Blue, o tema do disco, fizeram mais sucesso. E nesse álbum Madonna canta mais grave do que nos anteriores, dizem os críticos que era para atingir um público mais amplo, mais maduro.

O quarto álbum levou três anos depois do anterior para ser lançado, só chegou às lojas em 1989 e dessa vez com 11 faixas. A primeira dá nome ao disco, Like a Prayer, que foi talvez a primeira grande polêmica de seus discos porque o vídeo dessa música foi censurado em vários meios e proibido pela Igreja católica. Mas outras duas músicas fizeram um baita sucesso, como Express Yourself e Oh Father. No entanto, nada seria mais escandaloso e tão criticado quanto o álbum que ela lançaria três anos depois, o Erotica.

O álbum Erotica chegou nas lojas no dia 20 de outubro de 1992, é o quinto disco de estúdio da Madonna e é o que tem mais faixas de todos os que tinham sido lançados até então, são 14 no total, das quais 13 são de sua autoria. Ela só não assina Fever, a segunda faixa, e em Did You Do It?, a décima terceira, Mark Goodman & Dave Murphy cantam toda a música e a voz de Madonna mal se pode ouvir. Foram lançados seis singles e cinco vídeos desse álbum.

A primeira é Erotica que ganhou um vídeo clipe bem polêmico com cenas de nudez explícita de Madonna e por essa razão a MTV passou só três vezes depois da meia noite antes de excluí-lo da programação, então, o vídeo foi reeditado para que fosse reproduzido em qualquer tv e em qualquer horário.

Ela incorpora o seu alter ego chamado Dita, inspirada na atriz alemã Dita Parlo. Com máscara e chicotinho a la Tiazinha, e um dente de ouro, ela sussurra boa parte da música o que não deixou de ser comparada com Jusfiy My Love e boa parte das cenas são do ensaio do livro Sex.

O segundo clipe desse álbum é da música Deeper and Deeper que mostra Madonna como uma artista de cinema em uma discoteca, o vídeo é cheio de referências cinematográficas, aliás, ela costuma usar muitas referências de obras famosas em seus trabalhos. O terceiro é da faixa Bad Girl, considerado o mais cinematográfico que ela fez até então e mostra a sua personagem morta e o reencontro com o amor de sua vida, também morto. O quarto é da música Fever, a única que não é composição de Madonna, mas se encaixa bem no álbum. E o quinto é da música Rain, que diga-se de passagem é lindo, mostra Madonna com cabelos pretos e curtos e é uma das canções mais marcantes desse álbum.

E o sexto single é Bye Bye Baby que não teve vídeo.

Em termos gerais o disco recebeu críticas favoráveis de críticos de música e jornalistas, que o consideraram um dos álbuns mais arriscados de sua carreira, mas elogiaram os tabus retratados. No entanto, a população estados-unidenses é bastante conservadora e religiosa, e o álbum teve um baixo desempenho nos Estados Unidos em relação aos trabalhos anteriores de Madonna. Estreou na segunda colocação da Billboard 200, sendo o seu primeiro álbum a não atingir o primeiro lugar, porém, liderou as tabelas musicais de alguns outros países, como Austrália e França.

Simultaneamente ao disco Erotica, Madonna lançou o livro Sex com material só para adultos, com conteúdo explícito, nudez, simulações de atos sexuais, sadomasoquismo... As fotos foram tiradas no início de 1992 em Nova Iorque e Miami, em hotéis, teatros e nas ruas também. Teve a participação do rapper Vanilla Ice que era o seu peguete na época, e do Big Daddy Kane, além da super modelo Naomi Campbell, da atriz Isabella Rossellini, do ator pornô gay Joey Stefano, do ator Udo Kier, da socialite Tatiana von Fürstenberg e da dona de boates Ingrid Casares.

A embalagem do livro é feita de alumínio, que foi ideia da Madonna, e é encadernado em espiral. Causou o maior rebuliço na mídia e foi recebido negativamente por críticos e por fãs da cantora, que achavam que ela tinha ido longe demais. Mesmo assim, no dia do lançamento já vendeu mais de 150.000 cópias e liderou a lista dos livros mais vendidos, segundo o jornal The New York Times.

O fato é que Madonna foi muito atacada por muita gente e hoje em dia nada do que uma artista faça surpreende ou choca tanto quanto essa sua atitude. Como não teve outras edições, o livro se tornou um dos mais procurados nas lojas e ao longo dos anos as críticas mudaram, hoje em dia é conhecido por seu impacto na sociedade, na cultura e na própria artista, e é considerado um projeto corajoso, pós-feminista e uma obra de arte.

E não bastasse o disco com canções falando sobre sexo e o livro com conteúdo explícito, Madonna participou no filme Body of Evidence, Corpo Em Evidência, que é erótico também. Então para os críticos ela tinha ido longe demais e para eles sua carreira estava em declínio.

Baixada um pouco a poeira, em 1993 Madonna saiu pelo mundo com a turnê The Girlie Show World Tour com 39 concertos agendados, começou em Londres no dia 25 de setembro de 1993 e terminou em Tóquio em 12 de dezembro, foi a sua primeira turnê a passar pela América Latina. A TV Globo passou o show como parte da programação especial de fim de ano.

No Brasil ela chegou no dia 3 de novembro, uma quarta-feira, em São Paulo, onde fez um show no estádio do Morumbi. Cantou um pedaço da música Garota de Ipanema usando a camiseta da seleção de futebol e no dia seguinte foi para o Rio de Janeiro onde ficou mais tempo. No dia 5 ela saiu disfarçada pela cidade e visitou o corcovado, a praia de Ipanema e foi até assistir ao espetáculo Leopardos, que ficou famoso por mostrar os atores nus e... armados. O show aconteceu no sábado dia 6, e no domingo dia 7 ela foi embora.


Curiosidades.


As fotografias feitas para o livro Sex foram roubadas, mas recuperadas rapidamente. E para a celebração dos 30 anos do livro, Madonna anunciou uma edição especial com 800 páginas.

Em relação ao disco, alguns críticos comentaram que o livro tirou o seu protagonismo e poucos perceberam o quanto ele era bom. Erotica foi um dos álbuns de Madonna mais subestimados, mas a Slant Magazine o nomeou um dos melhores discos da década de 1990, e foi considerado um dos mais revolucionários de todos os tempos pelo Hall da Fama do Rock and Roll. Além disso muitos comentaristas notaram a influência de Erotica nas obras de outros artistas como Britney Spears, Christina Aguilera e Janet Jackson, entre muitos outros.

Depois desse álbum, livro, filme e turnê excessivamente sensual, Madonna promoveu uma limpeza de imagem e lançou o álbum Bedtime Stories em 1994. A sua redenção aconteceu com o filme Evita, em 1996.

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