Em 2022, o reality show mais bem-sucedido da história da televisão mundial, o Big Brother completou 20 anos no Brasil. Mas o programa existe a mais tempo, a primeira edição aconteceu em 1999, nos Países Baixos, e de lá para cá se espalhou pelo mundo todo. Então, vamos relembrar alguns detalhes das duas primeiras edições do programa apresentado pela Rede Globo.
O holandês John de Mol desenvolveu a ideia do Big Brother dois anos antes de estrear, em 1997, inspirado em uma experiência feita por cientistas nos Estados Unidos, onde os profissionais abdicavam de suas privacidades para que fossem observados por câmeras durante 24 horas por dia.
Para estruturar o reality, John de Mol tomou como base o livro 1984, que foi escrito por George Orwell entre 1947 e 1948, onde o autor mostra um futuro em que as pessoas são vigiadas pelo governante da cidade, chamado de o grande irmão, Big Brother, que manipula os residentes. Ele só aparece em telas de vídeo e um dos residentes é eleito para representa-lo entre a população, mas um personagem, o Winston, começa a se questionar sobre o que acontece ao seu redor.
Mesmo John de Mol tendo feito um piloto para analisar a viabilidade do projeto e ter ficado satisfeito com a reação das pessoas que tiveram acesso às câmeras que mostravam os que estavam confinados, as emissoras não estavam dispostas a investir no projeto, então, ele e sua equipe investiram 50 por cento para colocar o programa no ar e ficaria com 50 por cento da receita dos patrocinadores, os outros 50 por cento era a parte da emissora que aceitou o desafio.
E ao estrear, o sucesso foi imediato. Só que as pessoas que estavam trancadas na casa não tinham ideia da repercussão, elas até pensavam que não tinha ninguém assistindo, que o programa seria um fiasco, por isso, estavam vivendo de forma muito espontânea, eles não estavam atuando.
No Brasil, o programa ficou sob a direção do núcleo do Boninho, da Rede Globo, e estreou no dia 29 de janeiro de 2002, durando praticamente dois meses. Acabou no dia 2 de abril. Teve uma edição mais enxuta, com doze participantes, e o Kleber de Paula Pedra, que ficou conhecido como BamBam, foi o vencedor e embolsou 500 mil reais.
A casa foi construída em dois meses, mais ou menos, no complexo dos Estúdios Globo, com dois quartos, um ambiente conjugado de cozinha e sala de jantar, a sala de estar, banheiro, dispensa e o confessionário, que era onde os participantes votavam em quem queriam eliminar e conversavam diretamente com a direção do programa.
No lado de fora, a casa tinha varanda, piscina, lavanderia, academia, deck, spa e o quarto do líder que algumas vezes foi para dentro, subiu, baixou, saiu da casa de novo... enfim, em cada edição, a direção inventa algo, faz algumas adaptações e novas decorações.
Foram espalhados por toda a área, 60 microfones e 38 câmeras para vigiar os confinados, e as imagens desde a primeira edição, já eram controladas na central de edição que fica em um anexo à casa.
Para a primeira edição do Big Brother Brasil teve mais ou menos 500 mil inscritos, mas ainda assim a produção saiu a caça dos participantes. Na verdade, não foi só para a primeira edição, ao longo dos anos muitos entraram na casa porque foram convidados por olheiros. Teve até caso de gente sequestrada, como . A atriz Juliana Alves, depois de duas olheiras conversarem com ela em um show do Luis Melodia, foram busca-la sem avisar que já entraria no programa e não voltaria mais para casa. E, ainda, tiveram alguns participantes que entraram por sorteio.
A cada semana os participantes tinham que fazer uma prova e o vencedor se tornava o líder, ele indicava um participante para a eliminação e os outros escolhiam individualmente em quem queriam tirar da casa, aquele que tivesse mais votos ia para o paredão com o indicado do líder. Desde a indicação dos emparedados, os telespectadores já podiam votar em um deles para deixar a casa. Os votos poderiam ser feitos através de ligação telefônica e mensagem de sms.
Bom, o mais votado pelos telespectadores deixava o programa e começava tudo de novo até sobrar um só na casa. Na primeira edição, participaram, por ordem de eliminação, o Caetano Zonaro, a Cristiane Souza Dantas, o Bruno Saladini Trautvetter, a Cristiana Carvalho Mota Machado, a Helena Louro, o Adriano Luiz Ramos de Castro, a Estela Padilha, a Alessandra Begliomini, o Antonio Sergio Tavares Campo, o André Batista de Carvalho, a Vanessa Melanie Pascale e o Kleber de Paula Pedra, conhecido como Kleber Bambam, que embolsou 500 mil reais.
Na primeira edição, o programa deveria contar com a apresentação de Marisa Orth e Pedro Bial, mas ela deu várias bolas foras e acabou deixando o programa. Pedro Bial se manteve na apresentação até 2016, sendo substituído por Tiago Leifert em 2017, que abdicou do posto em 2021, e foi substituído por Tadeu Schmidt em 2022.
Ninguém bateu o Paulo Ricardo, dono da voz do tema de abertura, que esteve em todas as edições com a canção Vida Real, versão de Leef, a original da Holanda.
O papel de grande irmão, do apresentador, era instruir psicologicamente os participantes e diminuir o efeito da dolorosa expulsão que muitas vezes bateu recorde de rejeição do público ao longo das edições. Nas terças-feiras, dia de eliminação, ninguém deixava a casa sem antes ouvir os longos e melodramáticos discursos do Bial.
E, apaixonados como somos por telenovelas, o Big Brother acabava sendo uma novela, porque a produção do programa editava as imagens que iam ao ar construindo heróis e vilões. E geralmente ganhavam os mocinhos, as mocinhas, sofredores, não necessariamente os jogadores mais estrategistas. O Kleber Bambam, por exemplo, sofreu a exclusão dentro da casa a ponto de construir uma boneca de sucata para ter alguém com quem interagir. Ganhou o programa.
Ele foi para o paredão quatro vezes, na primeira, com o Bruno, teve 47 por cento dos votos, ou seja, não era ainda o predileto do público. Depois, outras três vezes seguidas. Contra a Estela, teve só 15 por cento dos votos, contra a Alessandra teve 27 por cento dos votos, contra o Sergio teve 48 por cento dos votos e, depois, na grande final recebeu 68 por cento dos votos para vencer.
Ou seja, na final a votação era invertida, os telespectadores deveriam votar em quem queriam que vencesse o programa.
Quem quisesse assistir o programa sem edição deveria comprar o pay-per-view, ou assinar os serviços da Globo que distribuíam em tempo integral, mas desde o primeiro Big Brother lá na Holanda, a equipe de produção se deu conta que não bastava só mostrar as pessoas trancadas e narrar o que elas faziam. Eles perceberam que tinham que criar uma história, usar artifícios lúdicos, como música, por exemplo.
No Brasil, as canções do programa foram disponibilizadas em um CD. Além do tema de abertura do RPM, tinha música da Britney Spears, Blitz, Gloria Gaynor, Cazuza e Zeca Pagodinho, entre outras.
Aliás, a Globo vendia tudo o que aparecia no Big Brother, tudo mesmo, nem os participantes eram poupados porque aqueles que, mesmo sem vencer o programa, conquistassem a simpatia do público, eram contratados pela emissora para atuar em programas e novelas. Alguns atores foram parar na casa, mas teve gente que ingressou na atuação depois de passar pelo reality, como foi o caso da Grazi Massafera, da edição 5. E os outros integrantes recebiam um contrato mais curto, apareciam em alguns programas da emissora e posavam em um ensaio sensual para o site Paparazzo.
No mesmo ano, pouco mais de um mês depois de acabar o primeiro, entrou no ar o Big Brother 2, no dia 14 de maio. E essa edição foi mais longa que a anterior, foi até 23 de julho de 2002, totalizando 71 dias de confinamento, na verdade, a primeira edição foi a mais curta de todas as temporadas.
Quanto a segunda, além de ter sido a única temporada do programa exibida no mesmo ano em que já havia sido exibida outra, foi também a única temporada do programa a ser exibida durante o inverno.
Outra vez 12 participantes entraram na casa, por ordem de eliminação, são eles: Rita Sinara Gonçalves da Silva Lopes, Vanessa Cristina Soares Dias, Fernando Fernandes de Pádua, Jeferson de Oliveira dos Santos, Moisés Joaquim da Silva, Thaís Ventura Pugliese, Fabrício Luiz do Amaral, Tarciana de Lima Mafra, Thyrso Mattos Martins, Maria Aparecida Junqueira de Moraes, Manuela Santos Saadeh e Rodrigo Fraga Leonel, conhecido como cowboy.
Ele só enfrentou dois paredões, um contra a Tarciana e recebeu 30 por cento dos votos, e outro contra a Cida quando recebeu 41 por cento dos votos. Depois, na grande final foi eleito vencedor por 65 por cento dos votantes.
Esse Big Brother foi mais novela do que o anterior. Teve o casal formado por Thyrso e Manuela, um elemento crucial para a aceitação do público desde o primeiro dos primeiros Big Brothers, com o Fabrício meio que colocado como um terceiro na relação.
A Cida especulava muito a sexualidade do Fabricio.
Foi nessa edição também que teve o surto da Tina, que resolveu atazanar a vida de todo mundo batendo panela dentro da casa. Alguns participantes jogaram as coisas dela na piscina, e em sua saída, ninguém a abraçou. Mas o vencedor foi o cara que desapareceu no meio dos colegas, o Rodrigo quase entrou em depressão e por um tempo mais dormia do que interagia.
Curiosidades.
Além do CD Big Brother Brasil, foi lançado o CD As Preferidas do Bambam, uma coletânea, que assim como o CD do programa, é bem aleatória, tem até música da Xuxa.
O logo do programa foi confeccionado por um estagiário. Outros logos feitos por profissionais haviam sido reprovados, até um estagiário apresentar a sua versão, que foi aprovada de primeira.
O termo paredão não existia na estreia do programa, foi o participante Adriano da primeira edição que fez um comentário e o nome pegou. Paredão é uma alusão a parede de fuzilamento para condenados a morte.
Na primeira edição, uma cachorra entrou no programa, a Mole, que se apegou a Caetano e ficou meio desorientada depois que ele saiu. Como o assunto virou polêmica a emissora a retirou da casa.
Apesar da fama de sensualidade dos brasileiros, nós somos bem conservadores, então, ficar nu na casa é um grande tabu, diferente de outros países. Os poucos corajosos que se despiram tiveram a imagem arranhada, mas passar pelo Big Brother era carimbar o passaporte para as revistas de nudez.
A Alessandra da primeira temporada, a Manuela e a Thais da segunda temporada posaram para a Playboy. A Cristiane e a Helena da primeira temporada e a Tarsiana da segunda temporada posaram para a Sexy. O Caetano e o Kléber da primeira temporada posaram para a G Magazine.
Fernando Fernandes que já era modelo e adepto de atividades esportivas, foi convidado pelo fotógrafo Mário Testino a fazer um nu frontal para a revista Vogue alemã, em 2008. Ele aceitou sem imaginar que as imagens se propagariam pela internet. Em 2009, sofreu um acidente de carro que o deixou paraplégico e logo em seguida passou a se dedicar a canoagem. Em 2022, foi escolhido para apresentar o reality show No Limite.
A última temporada do Big Brother era para ser realizada em 2008, porém a Rede Globo renovou o contrato com a Endemol até 2024.
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