Os espanhóis ficam nus em qualquer praia.

Dia 14 de julho é comemorado o dia do pelado, então, aproveitando o gancho, creio que serei repetitivo, mas quero falar outra vez sobre a naturalidade dos espanhóis em ficar sem roupa em público.

Aproveitando um feriado prolongado de Barcelona, fui com alguns amigos em uma praia um pouco mais distante de onde moramos, e ficamos boas horas ao sol. Diferente das praias mais badaladas do Brasil, geralmente esses balneários espanhóis não têm toda a infraestrutura dos que os brasileiros usufruem e, portanto, é muito comum que as pessoas levem coisas para comer na areia e troquem de roupa aos olhos de todos os presentes.

Na verdade, os banhistas são bem discretos, e se olham, não se fazem perceber. Da mesma forma, os que se trocam agem com naturalidade, mas não se demoram pelados, afinal não era uma praia naturista, embora eu já tenha ouvido algumas vezes que se alguém quiser ficar totalmente nu, ninguém vai se importar.

E, então, do grupo que eu estava, algumas pessoas, incluindo o autor deste blogue, precisou se trocar ao ar livre. Além disso, quase todas as mulheres usaram somente a parte de baixo do biquini, e algumas estavam com seus filhos. Ou seja, alguns países da Europa tem uma relação mais natural e menos sexualizada com o corpo, e os espanhóis fazem parte desse grupo.

Eu já presenciei várias vezes meninas no vestiário da academia, acompanhando os seus pais, e os homens que lá estavam não deixavam de agir naturalmente ao caminharem nus até a ducha, ou ao voltar do banho para se vestir. E algumas vezes eu vi que esses pais conversavam amigavelmente com alguns caras pelados e pensei: como é que eles gerenciam isso?

Como seria se eu, quando era criança, visse com regularidade minha vizinha nua? Ou se ao longo dos anos me submetesse a essa exposição para a filha do meu amigo?

Acho que ninguém aqui pensa dessa forma, porque eles simplesmente agem naturalmente, tal como deveria ser em todos os países. E, lhes garanto, que é tão natural, que chega a ser lindo.

Explico melhor.

Na primeira vez que eu estive em uma praia de naturismo, com um amigo, a sensação que eu tive diante dele foi de confiança, afinal eu estava mostrando todos os detalhes do meu corpo, sem deixar margens à imaginação e totalmente vulnerável a qualquer análise e julgamento. Da mesma forma, quando uma pessoa se despe em minha presença demonstra essa mesma confiança em mim, e da minha parte, resta retribuir com respeito.

Respeito pela pessoa confiar a mim as suas formas, com as suas características pessoais, com as suas transformações do tempo, com as suas tonalidades imutáveis, com os seus genitais iguais, ou diferentes dos meus.

Finalizo repetindo também, uma frase de Nelso Rodrigues que diz, "Só o rosto é indecente, do pescoço para baixo podia-se andar nu".

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