Sim, a maior artista do nosso país não era brasileira. Ela chegou ao Brasil com menos de um ano de idade, foi radicada brasileira, e nunca voltou ao seu país de origem.
Carmem teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja de gravatas, e depois numa chapelaria. Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, dizem também que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, e que assim atraía clientes.
Em 1928 ela foi apresentada na Rádio Sociedade Professor Roquete Pinto (atual Rádio MEC) e no ano seguinte gravou sua primeira música, o samba "Não Vá Sim'bora". Depois, foi apresentada a gravadora RCA, onde gravou "Dona Balbina" e "Triste Jandaia". A música "Taí" com a marcha-canção "Pra Você Gostar de Mim" que foi gravada em 1930, vendeu 35 mil cópias no ano de lançamento, um recorde para a época.
Ela passou a ser aclamada pela crítica como "a maior cantora do Brasil". Foi a primeira cantora de rádio a assinar um contrato de trabalho com uma emissora, quando a praxe era o cachê por participação, fazendo de Carmem Miranda a artista mais bem paga do rádio brasileiro.
Em 1926, ela fez figuração no cinema, no filme A Esposa do Solteiro, mas só em 1930 é que assinou contrato para Degraus da Vida, que não chegou a ser rodado. Sua aparição seguinte no cinema foi em Alô, Alô, Brasil, em 1935, e no mesmo ano ela ganhou o primeiro papel narrativo no filme Estudantes.
Ela passou a ser chamada de "A Pequena Notável" por causa da estatura baixa, apelido dado nessa época pelo radialista César Ladeira. Dizem, aliás, que os adornos que usava na cabeça era para aumentar a estatura.
O último filme brasileiro de Carmen Miranda foi o musical carnavalesco, Banana da Terra, em 1939, onde interpretou a canção O Que É que a Baiana Tem?. Ela aparecia vestindo o traje de baiana que a consagrou no mundo todo. No mesmo ano ela assinou contrato com o produtor estado-unidense Lee Shubert, dono da Select Operating Corporation, que administrava metade dos teatros da Broadway.
Carmem Miranda fez questão de levar consigo o Bando da Lua, seus músicos. Eles partiram no navio S.S. Uruguay em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial. Chegaram no dia 18 e já no dia seguinte estrearam na Broadway.
Ela agradou os norte-americanos e foi chamada de a garota que salvou a Broadway, mas despertou polêmica entre os brasileiros por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil. Sua imagem foi explorada à exaustão, e em 1940 fez uma performance perante o presidente Franklin Roosevelt durante um banquete na Casa Branca, no mesmo ano que visitouo Brasil.
Sua fama chegou a Hollywood e a Twentieth Century-Fox começou a desenvolver um filme para apresentá-la no cinema. Lançado em 1940, Serenata Tropical gerou uma receita de $2 milhões de dólares e três indicações ao Oscar.
Em 24 de março de 1941, Carmen Miranda se tornou a primeira latino-americana ser convidada a colocar suas mãos e pegadas no cimento do pátio do Grauman's Chinese Theatre. Ela também se tornou a primeira sul-americana a ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama.
Em 1945 ela era, segundo o Departamento do Tesouro Americano, a mulher mais bem paga dos EUA, ganhando mais de US$200,000 dólares no ano. Carmem Miranda ficou famosa também pela sua disciplina, dizem que ela chegava nos estúdios para as gravações com as suas falas decoradas e também a dos seus colegas de cenas. No entanto, no ano seguinte seu nome já não aparecia na lista dos 30 mais bem pagos de Hollywood.
Com o fim da guerra, os estúdios mudaram o foco nas produções e Carmem Miranda perdeu o posto de a grande estrela, mas continuava bem popular. Na primavera de 1948 ela embarcou em uma turnê de seis semanas no London Palladium. A Europa, e especialmente Londres, era então o principal escoadouro para os artistas americanos durante o pós-guerra.
Devido ao ritmo acelerado de sua carreira internacional, Carmen Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar conta de sua agenda. Tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais frequente, desenvolveu uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa (cansaço).
O uso das drogas se agravou com sua depressão após as complicações de útero que sofreu devido um aborto espontâneo, que a impossibilitou de ter mais filhos.
Após 14 anos, em 3 de dezembro de 1954, ela retornou ao Brasil para repouso e desintoxicação, ela também não passava por uma boa fase em seu casamento.
Em 4 de abril de 1955 retornou para os EUA e retomou sua carreira. Ela recebeu uma proposta da CBS para ter seu próprio programa semanal na televisão, The Carmen Miranda Show. Antes disso, concordou em gravar uma participação no programa de Jimmy para a NBC em 4 de agosto de 1955.
Na manhã do dia seguinte, às 10h30, Carmen Miranda foi encontrada morta em um corredor de sua casa em Beverly Hills. O diagnóstico apontou ataque cardíaco, embora o seu médico particular, Dr. Marxer, tenha dito ao Los Angeles Times que ela não tinha histórico de problemas cardíacos e que, além de uma breve bronquite nas últimas semanas, encontrava-se em perfeita saúde. Carmem Miranda tinha 46 anos.
Todas as emissoras interromperam suas programações para darem, em edição extra a notícia de sua morte. Edições extras circularam também em todos os jornais do país e do mundo. O corpo de Carmem Miranda foi recebido no Rio de Janeiro, velado e sepultado com honras e méritos. Seu túmulo se encontra no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro.
Em 20 anos de carreira Carmem Miranda deixou sua voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos EUA, num total de 313 canções. Ela participou, ao todo, de 21 filmes. Um museu foi construído no Rio de Janeiro em sua homenagem.
Uma interseção no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada Carmen Miranda Square, em setembro de 1998.
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