Como foi o ano de 1985


O que passou em dezembro de 1985

No dia 22 de dezembro de 1985, Xuxa teve seu primeiro especial de Natal apresentado na Rede Manchete, dirigo por Paulo Neto o diretor do primeiro ano do Xou da Xuxa.


O especial serviu para divulgar o álbum Xuxa e Seus amigos, recém lançado pela gravadora Philips e Polygram que passou da marca das 500 mil cópias vendidas no Brasil, e o especial virou tradição na carreira da apresentadora.


No dia 25, estreou o filme De Volta Para o Futuro. A história acompanha o personagem Marty McFly, interpretado por Michael J. Fox, um adolescente típico dos anos 80, que acidentalmente viaja no tempo para o ano de 1955, usando uma máquina do tempo construída pelo excêntrico cientista Dr. Brown, personagem de Christopher Lloyd, que é disfarçada como um carro modificado.

O personagem Marty McFly foi originalmente interpretado por Eric Stoltz que gravou várias cenas, incluindo algumas sequências importantes, mas a direção percebeu que a química e o tom do personagem não estavam funcionando como esperado para a mistura de comédia e aventura que esperavam e após cerca de cinco semanas de filmagens, Eric Stoltz foi substituído por Michael J. Fox, que já era conhecido por trabalhos anteriores que serviram de base para o que esperavam do personagem.


Muitas cenas já gravadas com Stoltz foram regravadas com Michael, mas algumas tomadas com figurantes ou cenas de fundo permaneceram na edição final. O ator substituido recebeu crédito no filme como parte da produção, mas nenhuma cena sua aparece de forma reconhecível no corte final. Por exemplo, na cena em que Marty dá um soco em Biff Tannen, a mão que aparece não é de Michael J. Fox, mas de Eric Stoltz.

Projetos engavetados de Angélica


Angélica tem uma longa carreira no ramo artístico, quase o mesmo tempo de idade, já que começou a atuar como modelo aos quatro anos logo depois de ter vencido o concurso de A Criança Mais Bonita Do Brasil, no programa do Chacrinha.


Então, naturalmente, pelo tempo que ela já está na carreira artística já sofreu algumas decepções com projetos que precisaram ser reavaliados e descartados. Nem sempre por vontade própria, mas são ossos do ofício. Um exemplo disso foi o programa Jornada Astral produzido para a plataforma HBO Max e que ficou menos de sete meses disponível na plataforma.


O programa foi uma produção exclusiva da HBO Max, em parceria com a produtora Conspiração Filmes, e recebeu uma enorme atenção e esforço por parte dos executivos no período que antecedeu a estreia, com uma intensa divulgação por se tratar de um dos primeiros projetos nacionais e ainda por cima protagonizado por uma grande estrela. Estreou em 21 de dezembro de 2021, e contou com convidados de peso, como Xuxa, Eliana, Sabrina Sato e Luciano Huck...


Mas, de repente, foi retirado da plataforma e a justificativa dada é que pela unificação da programação HBO Max e Discovery+, para garantir a melhor experiência de entretenimento de qualidade para os consumidores, removeram alguns conteúdos selecionados. Angélica disse que tinha contrato de três anos e planos para outros projetos para a plataforma, mas em comum acordo com o streaming, rescindiu o contrato.

Apesar de terem retirado o programa da plataforma, eu não considero um projeto engavetado porque disponibilizado, mesmo que por poucos meses e nunca terem devolvido. Para este vídeo eu juntei as informações que conheço sobre projetos com a sua participação que nunca viram a luz. Com alguns até tivemos uma colherzinha do doce para provar, mas foram para a gaveta por razões diversas.


O primeiro projeto engavetado em que Angélica fez parte foi o grupo Ultraleve formado por Marcelo Totó, Marcio Tucunduva, Ticiane Pinheiro e Rodrigo Faro, além dela, obviamente. Eram crianças que já tinham uma certa experiência no ramo artístico, advindos de agências que as direcionavam para publicidades em revistas e Televisão. Ticiane Pinheiro, por exemplo, é filha de Elô Pinheiro, a musa inspiradora de Tom Jobim para a música Garota de Ipanema, e já tinha passado pela Band e Globo.


Na Band, atuou com Sandra Annemberg no programa infantil TV Criança, depois assumiu o posto de Simony no Balão Mágico, na Globo, nos últimos quatro meses do infantil, antes da estreia do Xou da Xuxa. E no álbum TeveLândia, lançado pela Som Livre, que tem até a música Sete Quedas do álbum Xuxa e Seus Amigos, uma das faixas é Cometa Bom Bom cantada por Ticiane Pinheiro.

Essa música foi antes ainda do projeto Ultraleve, mas segundo ela, em uma participação no programa Angélica Ao Vivo no GNT, o grupo chegou a entrar em estúdio para gravar algumas músicas, porém, se desfez antes de ter um disco lançado.

Mauricio Sherman falou em entrevistas que levavam as crianças para as portas das emissoras, provavelmente esperando que algum diretor, ou empresário, adotasse o grupo, mas ele, que na época era diretor da TV Manchete, achava as crianças ruins, porém, Angélica era bonita e ele resolveu coloca-la no lugar da Simony que tinha deixado o programa Nave da Fantasia. Esse foi o ponta-pé inicial na carreira dela como apresentadora.


O ápice da carreira da Angélica foi, sem dúvida, no período da Rede Manchete onde ela recebeu tratamento de estrela, teve dois programas, o Clube da Criança e o musical Milk Shake, ganhou cenários belíssimos e foi quando atingiu os maiores índices de vendas de seus álbuns musicais. Essa fase foi finalizada no fim do ano de 1992, pois em 1993, ela migrou para o SBT onde estreou outras atrações, mas mesmo se tivesse continuado na antiga casa, tudo teria sido diferente, pelo menos no nome dos projetos que assumiria.

Conforme nota publicada no Diário Da Manhã, de Goiânia, do dia 17 de fevereiro de 1993, três projetos foram para a gaveta com a mudança de Angélica para o SBT. A publicação no jornal anunciava um filme com direção de Wilson Rodrigues que envolveria um elenco de aproximadamente 80 atores e cujas gravações começariam no segundo semestre daquele ano, além de dois novos programas.


Um seria chamado Angélica Total que, segundo publicações da imprensa da época, seria um programa semanal direcionado para um público adolescente, entre 10 e 16 anos, que reuniria apresentações musicais, entrevistas, brincadeiras, reportagens externas e quadros fixos. A atração teria cenário futurista / high-tech, moderno, iluminado, colorido e tecnológico. Esse deveria substituir o Milk Shake.

O outro seria chamado TV Angélica que sería diário e seguiria mais ou menos a mesma linha do que ela já fazia no Clube da Criança, mas com um público mais definido que ia dos seis aos 12 anos de idade. O grande diferencial desses tipos de programas costumava ser o cenário e o elenco porque o formato era o mesmo, jogos entre as criaças, música e exibição de desenhos animados.


Em fevereiro de 1991, Angélica se apresentou no Festival Internacional de la Canción de Viña Del Mar, no Chile. Ela performou algumas canções com playblack como costumava fazer sempre, aliás, isso era algo muito comum com os artistas da época, mas também soltou a voz ao vivo em algumas versões em espanhol, como Vou De Táxi e Tic Tac.

Além dessas, Angélica apresentou outras versões em espanhol de suas músicas no Clube da Criança, Me Dá Um Beijinho foi uma delas. E chegou a anunciar o lançamento do seu álbum em espanhol. Mas assim como o anunciado álbum dos Angélicos, esse nunca viu a luz. Agora, você que é fã e acompanha a carreira dela, me diga se foi um surto da minha parte ou se ela realmente tinha planos de lançar também um disco em inglês.

Em 1993, a sua chegada no SBT não foi das mais agradáveis. Até a estreia do infantil Casa da Angélica nas tardes da emissora foram seis pilotos descartados, um dos meninos do grupo Angélicos afastado por agressão a um integrante do elenco do programa e ainda teve a treta com Mara Maravilha quando a surgiu o boato de que Mara teria feito macumba para Angélica. Bom, esse termo foi usado, ainda é nos dias de hoje, para se referir a magia ou feitiço, ou qualquer coisa do gênero.

No entanto, em 1995, Angélica dominou o SBT. Ela assumiu o comando dos programas Passa ou Repassa e TV Animal nas tardes, enquanto seu infantil Casa da Angélica foi parar nas manhãs, quase madrugada, da emissora. Todos com meia hora de duração cada um. Os que passavam a tarde dobraram a audiência da faixa de horário e Silvio Santos tinha planos de dar a Angélica uma atração dominical. Rumores eram de que seria o Domingo no Parque, um infantil que o próprio Silvio Santos já tinha apresentado.

Essa informação circulou porque tanto o Passa ou Repassa, quanto o TV Animal, já eram programas bem batidos na emissora. Mas nunca saberemos porque antes disso virar realidade ela foi para a Globo, em maio de 1996, frustrando os planos de Silvio Santos que, aliás, havia cobrido a proposta que ela recebeu.

No dia 16 de outubro de 2025, estreou o programa Angélica ao Vivo no canal GNT, é uma espécie de talk show com comida para os convidados que discutem a respeito de temas escolhidos para o dia, brincam e cantam. Inclusive a própria Angélica que de vez em quando solta a voz. Lembremos que no Festival de Viña Del Mar ela cantou algumas canções ao vivo, uma vez com o Roberto Carlos, no especial de fim de ano dele, também. E, em 2001, o seu último álbum foi produzido para que ela fosse capaz de cantar todas as músicas ao vivo.


Com o final da série infantil Bambuluá, sua carreira foi direcionada para a música e ela passou a fazer divulgação do seu CD em rádios, em programas de TV, e ensaiar com banda ao vivo para fazer uma série de shows, no entanto, faltando duas semanas para a sua estreia, desistiu de tudo. Arcou com a multa de rescisão de contrato e optou por cuidar de sua saúde.

Angélica tem capacidade de cantar, mas nunca foi cantora e desde 1988, quando gravou seu primeiro disco, até 2001, cantava basicamente no estúdio, na hora de colocar a voz no disco e depois disso só fazia playback. Todas as músicas gravadas em estúdios passam por tratamento, são poucos os cantores que conseguem apresentar ao vivo a mesma qualidade da música gravada, então (imagino eu) que quando ela se viu diante de um projeto de turnê que tinha que cantar ao vivo, sem poder contar com os artifícios da pós-produção, não deu conta, preferiu se retirar de cena e o espetáculo foi cancelado.


Ainda em 2001, Angélica voltou a se concentrar em sua carreira de apresentadora e em 2006 estreou o Estrelas que ficou no ar até 2018. Depois desse programa até estrear Angélica ao Vivo no canal GNT, ela disse que teve pelo menos uns cinco projetos reprovados, um deles era sobre comportamento voltado a todo tipo de público, à família, que iria ao ar nas noites de quinta-feira. Pode ser que seria esse que ela estreou no GNT, que coincidentemente, ou não, passou a ser transmitido nas noites de quinta-feira.

O primeiro disco da Xuxa - Xuxa e Seus Amigos


O primeiro disco da Xuxa foi lançado, segundo informações da Wikipédia, em novembro de 1985, logo, nesse momento em que você lê este post o álbum já passou dos 40 anos. Mas não foi a sua estreia como cantora porque ela já tinha colocado a voz em três faixas do álbum Clube da Criança, lançado em 1984. Ela fez participação nas músicas Carrossel de Esperança e Eu Vi, além de fazer solo em Lápis De Cor.

Segundo uma entrevista de Roberto Menescal, ele queria fazer o disco com a Xuxa, mas a gravadora estava sem recursos para bancar a produção, ou não queria mesmo investir em uma voz desconhecida. A Xuxa já era bem conhecida, mas como modelo e apresentadora. Então, ele resolveu levar o projeto adiante, mas com investimento quase zero, pedindo músicas para os artistas que tinham contrato com a gravadora, como Caetano Veloso e Erasmo Carlos.

Ele simplesmente tirou a voz dos cantores, em algumas partes das músicas, e substituiu pela voz da Xuxa. Em algumas faixas os cantores das gravações originais têm suas vozes preservadas durante toda a música, apenas com o acréscimo da voz da Xuxa, e em algumas faixas as música são tais como tinham sido gravadas originalmente, sem nenhuma intervenção.

Mas teve faixas exclusivas do álbum, algumas produzidas especialmente para Xuxa, uma delas ela não canta, mas é uma homenagem dos Trapalhões, com quem ela já tinha feito três filmes. O primeiro foi em 1983, só com o Renato Aragão, uma pequena participação, bem pequena mesmo, em O Trapalhão Na Arca de Noé. Depois, em 1984, ela atuou em Os Trapalhões e o Mágico de Oróz, e em 1985, no filme Os Trapalhões No Reino da Fantasia.


O LP foi lançado pela Philips e Polygram, e tinha como brinde um quebra-cabeça com a imagem da capa. Esse é um grande diferencial dos discos físicos, dos discos de vinil mais especificamente. Era comum que tivesse algo a mais, além do disco e do encarte com as músicas, como um postal... Um dos discos do Balão Mágico tinha um cheque para que as crianças abrissem uma conta na Caixa Econômica Federal. Obviamente isso já estava incluido no preçoo do disco, mas essas coisas se perderam. Com os CDs já tinha mais esses mimos que faziam toda a diferença.

Xuxa fez uma grande promoção do álbum, ela se apresentou em vários programas de TV, em programas de rádios, deu entrevistas e fez pequenos shows em lojas de brinquedos e varejo. Em dezembro do mesmo ano, em 1985, ela gravou um especial de Natal, apresentando as músicas do disco e com a participação de vários, quase todos, os artistas que tem músicas no disco. O especial foi dirigido por Paulo Neto e foi ao ar no dia 22 de dezembro.

A primeira faixa é: O Leãozinho, com Caetano Veloso. Essa música foi regravada com participação de Maria Gadu para o álbum XSPB 10, Baixinhos e Bichinhos, lançado em 2010.


A segunda faixa é: O Gato, com Marina Lima. A terceira faixa é: Meu Bumerangue Não Quer Mais Voltar, com Erasmo Carlos. Nessa faixa a voz da Xuxa quase não aparece, mas ela canta.

A quarta faixa é: Irmão Sol, Irmã Lua, com Zizi Possi. Nessa faixa a voz da Xuxa também quase não aparece, pois a voz da Zizi é predominante.

A quinta faixa é: O Caderno, com Chico Buarque. É uma das faixas mais bonitinhas do disco, ele não participou do especial de Natal, mas ela apresentou a música.

A sexta faixa, fechando o lado A, é: Pra Mode Chatear, com Nara Leão. Essa música é muito controversa porque é direcionada às crianças, mas a letra pede que Zulmira prenda as crianças no banheiro para não incomodarem os adultos, porque eles gostam de ficar sozinhos. Na segunda parte da música a letra se inverte, aí pede para Zulmira prender os adultos no banheiro para deixar as ciranas brincarem sozinhas.

A primeira faixa do lado B, é: Xa-Xe-Xi-Xo-Xuxa, cantada por Os Trapalhões. Xuxa não canta, mas apresentou a música no especial de Natal. 


A segunda faixa é: Sete Quedas, o primeiro solo de Xuxa no álbum. Essa foi escolhida como música de trabalho e foi lançada como single em um compacto simples com a música Kiddo - Meu Herói Querido, para ser distribuído nas rádios, poucas semanas depois do lançamento do disco. Em 1986, Sete Quedas entrou na coletânea TVLândia, lançada pela gravadora Som Livre.


A terceira faixa é: No Mundo da Lua, cantada por Biquíni Cavadão... Essa faixa poderia ter ficado fora do disco porque apesar do nome não remete a infância e não tem a voz da Xuxa.

A quarta faixa é: Kiddo (Meu Herói Querido), cantanda por Xuxa. Como dito anteriormente, foi lançada em um compacto simples como single, com Sete Quedas, para distribuição em rádios. A capa desse compacto, em um lado é um desenho de Xuxa montada em um cavalo branco velho oeste, e do outro lado é um desenho também, ambos feitos por Maurício de Sousa, dela montada em notas musicais, envolta de várias cachoeiras.


A quinta faixa é: Delícia, cantada pelo grupo Ciclone. Essa faixa, assim como No Mundo da Lua, poderia ter ficado fora do disco, pelas mesmas razões da música do Biquini Cavadão.

E finalizando o disco, a sexta faixa é: Acalanto, cantada por Xuxa. Então, de doze faixas, Xuxa colocou a voz em nove, sendo três delas, solo.

Curiosidades

Segundo o jornal Tribuna da Imprensa as vendas atingiram 28 mil cópias em três dias após o lançamento e, após um mês, segundo o Correio Braziliense, já tinha passado das 50 mil cópias vendidas. De acordo com Roberto Menescal, Xuxa e seus Amigos vendeu 500 mil cópias no Brasil.


Em 1990, o álbum foi lançado pela PolyGram Discos na Argentina, a contracapa dessa versão é toda em preto e branco, e apesar de as faixas serem as mesmas do lançamento no Brasil, o título foi escrito em espanhol: Xuxa Y Sus Amigos.


Os críticos de música tiveram opiniões divergentes em suas resenhas. Por exemplo, o crítico do jornal O Poti chamou-o de um disco muito criativo e moderno, mas Edgar Augusto, do Diário do Pará, criticou os vocais da cantora e disse que o melhor do disco era a capa. Amargurado.

O compacto com os singles distribuidos para as rádios foi produzido por Cirano Meneghel, irmão de Xuxa, faleicido em 2015.

Como foi o ano de 1980


Aqui no blogue você pode ver o que aconteceu em cada mês do ano de 1980, de janeiro a novembro. Neste post, conhecerá alguns lançamentos de dezembro, e no vídeo adjunto verá a compilação de todos os meses desse ano.


No dia primeiro de dezembro de 1980, estreou a novela Dulcinéa Vai à Guerra, na Bandeirantes. Essa foi uma continuação da novela Cavalo Amarelo escrita por Ivani Ribeiro. Contou com Dercy Gonçalves, Bete Mendes, Agnaldo Rayol, Benjamin Cattan, Maria Fernanda, Hélio Souto, Sônia Oiticica e Renata Fronzi nos papéis principais.

Após o final da novela Cavalo Amarelo o diretor Walter Avancini pediu à Ivani Ribeiro para escrever outra novela para a personagem de Dercy Gonçalves, porém a autora se negou, dizendo que a história já estava finalizada em sua visão e que ela já estava adaptando o remake de O Meu Pé de Laranja Lima para a emissora nos próximos meses. Ele, resolveu fazer a sequência assim mesmo e convocou o dramaturgo Sérgio Jockyman para escrever.

Apenas quatro atores do elenco de Cavalo Amarelo voltaram, além da própria Dercy. No entanto, a novela foi um grande fracasso no primeiro mês e Walter demitiu Jockyman e contratou Jorge Andrade que promoveu grandes mudanças, desde o texto até o tema de abertura e consegui recuperar parte do público. Dulcinéia Vai à Guerra foi a quarta novela das sete desde a profissionalização da dramatugia do canal, e a última também.


No dia oito, o cantor John Lennon, famoso por ter integrado o grupo do Beatles, retornava com sua esposa Yoko Ono, de um estúdio de gravação quando, ao chegar em sua residência, um homem de 25 anos chamado Mark Chapman, que no fim da tarde do mesmo dia havia se encontrado com Lennon junto a fãs e conseguido um autógrafo do músico em uma capa do álbum Double Fantasy, sacou um revólver e efetuou cinco disparos contra ele. 

Segundo Mark Chapman, ele era grande fã dos Beatles e tinha Lennon como ídolo, mas isso mudou quando começou a praticar sua religião seriamente e passou a abominar certas letras do compositor, em especial God, música de 1970 em que Lennon afirma não crer em Jesus e na Bíblia, além de descrever Deus como um conceito.


No dia 25 estreou no Brasil, o filme
Super Man 2, cuja história gira em torno da libertação acidental de três criminosos kryptonianos, o General Zod, Ursa e Non, que haviam sido aprisionados na Zona Fantasma. Com poderes equivalentes aos de Superman, eles chegam à Terra e começam a dominá-la, enquanto Clark lida com seu amor por Lois Lane e até considera abandonar seus poderes para viver como humano.

Este é considerado um dos filmes de super-herói mais influentes de sua época e marcou a consolidação do gênero no cinema, antes da era moderna de adaptações de quadrinhos.

Como Silvio Santos salvou o SBT em 1990


Silvio Santos, como ele mesmo disse algumas vezes, não queria ser dono de Televisão, só queria apresentar o seu programa de domingo, mas acabou encontrando alguns entraves nas emissoras pelas quais passou, até que decidiu abrir a sua própria. Conseguiu a primeira concessão em 1975 e inaugurou a TVS em 1976, que serviu de base quando ele ganhou as concessões que lhe permitiram criar o SBT, em 1981.


Silvio Santos conseguiu manter o SBT funcionando por muito tempo com um jeitinho bem peculiar. A emissora é famosa pela troca constante dos programas na grade, que saem e voltam, ou simplesmente são trocados de horários. Diferente da estratégia da Record que resolveu plagear a programação da Globo para fazer concorrência, o SBT conseguiu, em algumas ocasiões, chegar muito perto ou passar da toda poderosa com uma programação distinta. E das vezes que tentou fazer igual não se deu bem.

O SBT já passou por várias grandes crises, a primeira foi logo nos primeiros anos de existência, entre 1982 e 1983, quando lutava para conseguir se estabelecer entre as já operantes Globo e Band, depois, em 1990, viu seus cofres se esvaziarem a medida que os telespectadores e os anunciantes abandonavam o canal na faixa de novelas e quase entrou em falência completa.


A primeira teledramaturgia do SBT estrou no dia cinco de abril de 1982, a novela Destino. Apesar de aparecer na lista de telenovelas da emissora, a trama durou dois meses, e as seguintes produções também tinham entre dois e três meses, até 14 de novembro de 1983 quando estreou Vida Roubada que teve duração de sete meses. Depois disso teve Meus Filhos Minha Vida que durou oito meses, Jerônimo com quatro meses, Jogo do Amor com cinco meses e Uma Esperança no Ar com seis meses.

Essa última acabou no dia 15 de fevereiro de 1986, coincidente no mesmo dia que acabou a novela mexicana Soledad, e a emissora ficou sem novelas por nove meses, quando voltou a exibir outras duas produções mexicanas, a segunda acabou em três de abril de 1987, e só em outubro de 1989, ou seja, dois anos e meio depois, contando com as novelas mexicanas, e três anos e oito meses depois da última produção brasileira, é que os folhetins voltaram para a grade do SBT.

Bom, essa janela sem novelas se reduz se levar em consideração as reprises, o SBT sempre se valeu muito disso. Até o retorno da teledramaturgia na emissora foi um ano e 10 meses sem exibição de nenhum folhetim. A volta das novelas aconteceu em outubro de 1989, quando Silvio Santos entrou em um acordo com a produtora Art Vídeo Produções que ficou responsável por produzir uma novela de forma completamente independente arcando com o contrato dos artistas, aluguel de estúdios e equipamentos.

Ou seja, o SBT não investiu absolutamente nada, apenas exibiu e cuidou da divulgação da novela e ficou com 50% do lucro. A trama foi Cortina de Vidro, primeira obra de Walcyr Carrasco, que contou com vários artistas da Globo, como Herson Capri, Betty Gofman, Esther Góes, Antônio Abujamra, Débora Duarte, Sérgio Mamberti, Norma Blum e Sandra Annenberg.

A Globo não gostou nada de ver seus artistas em uma novela na concorrente e fez uma alteração no contrato dos artistas, a partir de então todos teriam exclusividade com a emissora. Atualmente com várias plataformas produzindo muito conteúdo para o mercado brasileiro, alguns artistas conseguiram negociar essa cláusula.


A questão é que, mesmo com investimento zero, Silvio não gostou do resultado de Cortina de Vidro e concluiu que, para conseguir um bom desempenho de audiência e faturamento, precisava investir. Então, importou equipamentos dos Estados Unidos, ofereceu um salário milionário para tirar atores renomados da TV Globo como Lucélia Santos, Ney Latorraca, Fúlvio Stefanini, Edson Celulari... e contratou o dramaturgo Carlos Alberto Soffredini para escrever uma nova novela.

E assim, no dia cinco de novembro de 1990, estreou Brasileiras e Brasileiros, sob direção geral de Walter Avancini e com Carla Camurati, Rubens de Falco, Irene Ravache e Juca de Oliveira nos papéis principais, além dos nomes já citados anteriormente. E tinham outros figurões no elenco, olha só: Antonio Calloni, Daniel Dantas, Marcelo Serrado, Rosi Campos, Zezeh Barbosa, Isadora Ribeiro e Consuelo Leandro.

Além das participações especiais de Fábio Júnior, Paulo Autran, Neusa Borges e Angela Maria.

A história girava em torno de alguns personagens probres que resolveram investir na luta livre feminina, apoiados por alguns personagens ricos falidos, que armaram um esquema ilegal de apostas na luta livre. A proposta de Soffredini era inovadora para a época, ele centrava a trama na periferia de São Paulo, sem glamourizar ou minimizar a pobreza e a violência urbana. O título foi inspirado no bordão do ex-presidente do Brasil José Sarney, que sempre iniciava seus discursos com a frase Brasileiras e brasileiros.


Foram gastos quatro milhões de dólares antes mesmo da novela entrar no ar, e, detalhe, em meio a maior crise economica que o Brasil já passou, durante o Plano Collor. O primeiro capítulo obteve 14 pontos de audiência com picos de 17, o melhor resultado de uma estreia na emissora até então, garantindo a vice-liderança. Mas, segundo o Jornal do Brasil, ao cabo de dois capítulos foi mostrado na tela, de uma só vez, o maior número de desgraças por metro quadrado possivelmente jamais visto numa novela.

A proposta de fazer uma novela centrada na camada pobre da sociedade não rendeu bons frutos. No final do primeiro mês a novela já marcava apenas seis pontos, e chegou a registrar dois em algumas ocasiões. A média geral foi de cinco pontos, menos que a antecessora Cortina de Vidro, que já era considerada um fracasso.

Segundo uma pesquisa, o público achava a história lenta e cheia de desgraças, fato que levou o SBT a afastar Soffredini de sua própria novela em 29 de novembro de 1990. Walter Avancini assumiu temporariamente, condensado vários capítulos gravados em um para acelerar a história, além de tirar o foco dos dramas da periferias e colocar na diferença de classe do romance entre Paula e Totó.

Foi um desastre, que fez com que sua exibição mudasse várias vezes na tentativa de atrair público. Para se ter uma ideia, a novela foi exibida às 18h, 18h30, 17h45, 19h e, quando saiu do ar, passava às 20h. Mesmo mudando tudo, com outro autor, deixando a trama mais próxima dos dramalhões mexicanos que o público já estava acostumado, não funcionou. A novela perdeu público e anunciantes.

Com 25% a menos de faturamento, mas com gastos enormes com o alto custo de produção e os salários milionários do elenco, a emissora entrou em uma grave crise financeira que quase resultou em falência. Como consequência o núcleo de dramaturgia foi desativado, todo o elenco dispensado, 150 profissionais demitidos e as futuras novelas anunciadas, As Mulheres da Minha Vida, João Tenório e Anita Garibaldi, foram canceladas.


Walter Avancini falou em entrevista que ficou bem abatido com a situação porque ele foi chamado no SBT para implantar três faixas de novelas e existiam possibilidades reais para isso. Lamentou ter deixado a comodidade na Globo para criar um núcleo de teledramaturgia paulista, ampliando um campo de trabalho, mas a realidade do mercado foi mais forte.

Não foi só o núcleo de dramaturgia que sentiu o efeito de Brasileiras e Brasileiros. Silvio Santos fez cortes em várias áreas da emissora, o núcleo infantil foi muito afetado. Na época passavam os programas Show da Simony, Oradukapeta, Dó Ré Mi Fá Sol Lá Si com Mariane, Bozo e Show Maravilha. Com a Simony foi fácil de resolver porque ela mesma optou por sair. Com os apresentadores restantes Silvio pensou em junta-los em dupla para reduzir os custos de produção.

Mara faria um programa com Sergio Mallandro e Mariane faria um programa com o Bozo. Mas em um lapso de sanidade Silvio mudou de ideia e manteve cada apresentador com seu infantil, porém com um plano de redução de custos. Todos usavam a mesma estrutura de cenário, mudando apenas um elemento principal e a disposição da arquibancada onde ficavam as crianças. Sergio Mallandro tinha uma caricatura, Mariane um coração e a Mara o sol. O Bozo foi poupado, talvez não desse para mexer muito com ele porque era um personagem licenciado.

Pouco depois o Sergio Mallandro saiu, foi para a Globo. O Silvio Santos deve ter dado graças a Yawé porque era uma despesa a menos na emissora. E aí colocaram a Mara nas manhãs também. Pra mim foi um pena porque eu gostava bastante, foi melhor para a Angélica que ficou sem concorrência no Clube da Criança.

Brasileiras e Brasileiros só acabou no dia 14 de maio de 1991. As coisas só começaram a melhorar a partir do dia 20 do mesmo mês, quando estrearan as novelas mexicanas Carrossel e Rosa Selvagem que elevaram a audiência de cinco para 25 pontos, atraindo anunciantes outra vez.


1991 foi o aniversário de dez anos do SBT, a data não poderia passar em branco, então eles fizeram aquele pacote de 10 programas que incluia o Sabadão Sertanejo, Programa Livre com Serginho Groisman, Festolândia com a Eliana... 

As contas ainda não estavam fechando no azul, então Silvio Santos não podia se dar o luxo de esperar que alguns programas dessem resultado com o tempo, ele precisava de resultado imediato. E foi assim que o Festolândia, entre outros programas que estrearam nesse pacote, saiu do ar. E o que resolveu mesmo a crise, a solução que salvou o SBT, foi a criação da Tele Sena em novembro de 1991.


Em dezembro de 1993, o Jornal do Brasil publicou que a Tele Sena havia conseguido faturar 50 milhões de dólares em apenas um ano e meio de operação. De acordo com a publicação, os custos para oganizar e distribuir os cartões eram pequenos. Segundo José Carlos Tonin, ex-deputado estadual do PMDB, não havia empreendedorismo mais lucrativo que esse na economia brasileira.

Mas se até então as coisas não estavam sendo fáceis para o Silvio Santos, porque seria com a Tela Sena? Ele teve que enfrentar várias batalhas judiciais para continuar explorando esse produto super invejado. Aqui no canal tem um vídeo sobre o Papa Tudo, que foi uma imitação da Tele Sena e acabou sem entregar prêmios para um monte de gente.

Em julho de 1997, a revista Veja publicou uma matéria dizendo que a Justiça havia decidido que a Tele Sena era um jogo de loteria. Em 2000, Silvio Santos  escreveu uma carta a mão, para os desembargadores do Tribunal Regional Federal (TRF) em São Paulo. Ele contou que em 1991 criou a Tele Sena para cobrir os prejuízos do SBT, que já não conseguia se sustentar e crescer apenas com publicidades e os lucros do carnê do Baú da Felicidade.


Silvio assumiu que sem a Tele Sena, de fato, o SBT teria falido, e que o pacote de filmes da Disney e Warner foi viabilizado pela Tele Sena. Em oito anos o título de capitalização gerou um lucro que sustentava todas as empresas do grupo, que davam prejuízo em razão dos altos investimentos na própria rede de TV e na abertura de novos negócios.


O Jornal Folha de S. Paulo publicou a carta. A Band, em 2006, fez uma série de reportagens contra o SBT, incluindo a Tele Sena, quando os canais pagos do Grupo Bandeirantes foram retirados da operadora TV Alphaville, do Grupo Silvio Santos. E apenas em 2007, por decisão unânime, o Superior Tribunal de Justiça reconheceu a legalidade da Tele Sena. Bom, nessa altura o SBT já estava entrando em outra crise.

Explode Coração - A primeira telenovela do PROJAC


Os Estúdios Globo, antes conhecidos como PROJAC, foram inaugurados oficialmente no dia dois de outubro de 1995, a primeira telenovela totalmente gravada no local foi Explode Coração, s gravações começaram um pouco antes, em setembro, e a novela estreou um mês depois da inauguração, em novembro.


Até então, as gravações das novelas eram mais lentas e mais caras porque a Globo precisava alugar estúdios e os cenários precisavam ser desmontados e montados de novo exatamente como estavam na última gravação. Funcionava assim: os autores entregavam um bloco de textos com um certo número de capítulos e o diretor gravava todas as cenas, por exemplo, na casa do protagonista. Acabando essas cenas, tudo era fotografado e o cenário era desmontado para que montassem outro cenário no mesmo local para as outras cenas.


Na próxima leva de roteiro, quando tinham que dar continuidade nas gravações lá na casa do protagonista, a equipe de cenografia tinha que montar exatamente igual as fotos que tinham tirado do ambiente. Isso era assim com todos os cenários internos, e as gravações externas eram feitas nas cidades cenográficas que ficam em outro ambiente, não necessariamente no lado de fora dos estúdios, poderia ser distante.

Já no PROJAC, tem espaço suficiente para que boa parte dos cenários fiquem montados o tempo todo e as cidades cenográficas são montadas nas proximidades dos estúdios, o tempo de deslocamento é muito menor. Isso faz com que as gravações sejam mais rápidas e a primeira novela que usufruiu desse recurso foi Explode Coração. Mas não foi a primeira novela a se aproveitar dos Estúdios Globo, pelo menos não do espaço onde os estúdios estão construídos.

A novela que inaugurou o PROJAC foi ¿Que Rei Sou Eu?, em 1989. A cidade cenográfica foi construída no local. Depois, as novelas Salomé, Pedra Sobre Pedra, Vamp, Mulheres de Areia, Sonho Meu e Fera Ferida também tiveram suas locações externas montadas no local. 


Explode Coração estreou no dia seis de novembro de 1995, na TV Globo. Foi escrita por Glória Perez, com direção geral e de núcleo de Dennis Carvalho. Contou com Tereza Seiblitz, Edson Celulari, Maria Luísa Mendonça, Françoise Forton, Leandra Leal, Ricardo Macchi, Rodrigo Santoro, Renée de Vielmond, Eliane Giardini e Paulo José nos papéis principais.

A trama gira em torno das famílias ciganas Sbano e Balboa que fizeram um contrato de casamento para seus filhos Dara e Igor, quando os dois ainda eram crianças e moravam na cidade espanhola de Sevilha. Depois de vinte anos, Igor volta para cumprir o acordo das duas famílias. Todos aguardam ansiosos pelo rapaz, menos Dara, interpretada por Tereza Seiblitz, que não quer saber do compromisso assumido, ela quer mais do que estudar apenas o suficiente para aprender a ler, escrever e fazer contas, tal como se limitavam às mulheres ciganas.

Diferentemente da irmã, Ianca, vivida por Leandra Leal, Dara sonha em trabalhar e ser independente, e faz cursinho pré-vestibular às escondidas. Tudo contra a vontade do pai, o Jairo, interpretado por Paulo José, que é extremamente conservador e comprometido com as tradições ciganas. Seus futuros sogros, Pepe e Luzia, interpretados por Stênio Garcia e Ester Goes, nem imaginam que jovem cigana vive uma vida dupla e que morre de medo de ter sua origem descoberta pelas pessoas que fazem parte do universo do seu namorado Serginho, vivido por Rodrigo Santoro, além do medo de ser apanhada em flagrante pelo seu povo.

Essa foi a primeira novela que a Gloria Perez fez mistura de culturas, até hoje a mais famosa é O Clone, depois América, Caminho das Índias e Salve Jorge pareceram cópias de O Clone, mas O Clone era só a mesma receita de Explode Coração com um toque a mais.

A personagem Dara, além do namorado que não pertencia a sua cultura, ainda iniciou uma relação pela internet com o empresário Júlio, interpretado por Edson Celulari, que vivia um casamento de fachada com Vera Avelar, interpretada por Maria Luisa Mendonça. E aqui se faz presente outra característica de Glória Perez, ela usava o que tinha de novidade na sociedade como elemento de suas tramas. Em O Clone foi o caso da clonagem que virou assunto mundial quando criaram a ovelha Dolly através dessa técnica bastante polêmica na época.


Em Barriga de Aluguel, apesar de ter estreado em 1990, Glória Perez começou a escreve-la em 1985, mas foi impedida de colocar a trama no ar por duas vezes por ser um assunto muito polêmico. E em Explode Coração foi a vez da internet que ainda estava engatinhando no Brasil, mas em 1995 já era possível usar o IRC, antecessor do MSN, que é similar o que é hoje o Whatsapp, mas só funcionava no computador e não precisava de um número de celular, só de um e-mail. 

Como o serviço era pouco difundido, o tema abordado era novidade para muita gente e Glória Perez chegou a ser ridicularizada quando propôs abordar esse tema na telenovela. Chamaram ela de louca e fantasiosa.

As aventuras de Dara só eram possíveis graças a Odaísa, personagem de Isadora Ribeiro, que era a empregada da família, e sentia pena da moça, então não conseguia fazer o papel de vigia e babá que lhe era conferido.

Quando se envolve com Serginho, Dara conhece Augusto, personagem de Elias Gleiser, por quem passa a cultivar um grande afeto e a quem começa a tratar como avô. E ele, que se sentia muito mal na casa do filho, recupera a alegria de viver no convívio com a jovem cigana. Dara não queria exatamente negar sua origem, ela preservava alguns valores e se orgulhava de suas raízes, só não concordava com a falta de liberdade que as mulheres sofriam.

No entanto, ela acaba cedendo aos apelos da família e se casa com Igor, grávida de Júlio. O cigano Igor é uma das figuras mais emblemáticas dessa novela, o personagem foi interpretado por Ricardo Machhi e ele recebeu muitas críticas pela sua atuação, virou piada no Casseta e Planeta, sofreu um bocado. E essa é outra característica da Glória Perez, ela deu personagens para atores inexperientes várias vezes.

Não aconteceu só com a Jade Picon em Travessia. Teve o Victor Fasano em Barriga de Aluguel, Ricardo Machhi em Explode Coração... Aliás, isso não é algo só da Gloria Perez, a Globo, de um modo geral, sempre colocou caras novas em suas novelas, e essas caras novas vinham das passarelas. Alguns deram certo, outros não. Reinaldo Gianecchini também era muito zoado quando estreou em Laços de Família, em 2000. Chorando ou sorrindo ele tinha a mesma cara.

Devido a cultura dos ciganos, no dia do casamento a noiva deve dar uma prova de sua virgindade. E apesar da resistência de Dara em aceitar Igor como marido, ele foi super compreensível, ela não era mais virgem, e ele não quis tocá-la a força, então fez um corte no próprio braço para sujar sua saia, ou seja, entregou para a comunidade uma prova falsa da virgindade da moça.


A advogada e cigana Mirian Stanescon (falecida em 2022) conseguiu uma liminar que proibia a Globo de exibir as cenas em que Dara perdia a virgindade com Julio porque os ciganos só praticavam sexo depois do casamento e que a perda da virgindade da personagem seria uma ofensa moral. Mas poucos dias depois, a liminar foi derrubada pela Justiça e a Globo pôde exibir a cena normalmente.


E é com esse personagem que Dara acaba a novela, ela permanece casada com Igor até o último capítulo quando dá à luz ao filho, em uma praia, acompanhada pelo cigano que, depois, leva ela e a criança ao encontro de Júlio, e vai embora.

Como as novelas das oito costumavam levantar questões polêmicas, em explode Coração teve algumas tramas paralelas para provocar debates, por exemplo a relação de Serginho com Beth, interpretada por Renné de Vielmond, a ex-mulher de seu padrasto e vinte anos mais velha que ele. E teve o caso do desaparecimento de Gugu, personagem de Luiz Claudio Junior, filho de Odaísa que desapareceu. A personagem se juntou a mães de verdade que tiveram seus filhos desaparecidos e a campanha repercutiu no país todo proporcionando o encontro de mais de 60 crianças.

E como todo novelão, não pode faltar o núcleo de humor. Esse foi formado pelo casal Salgadinho e Lucineide, interpretados por Rogério Cardoso e Regina Dourado, e pelo o Bebeto a Jato, vivido por Guilherme Karam, que participava de concursos de topetes. E tinha também a travesti Sarita Vitti, personagem de Floriano Peixoto, que, apesar de fazer do núcleo cômico, tentava interpretar a personagem com naturalidade.

Apesar do esforço, causou polêmica entre o meio LGBT porque, segundo os as críticas, a personagem não tinha identidade indefinida, ou seja, não se sabia se era uma travesti ou uma drag queen, devido ao comportamento diário dela. Em resposta o ator afirmou que a ideia era viver o limite entre o homem e a mulher. Ele concluiu dizendo que a melhor definição para Sarita era sua alma feminina.

A vinheta de abertura é uma festa cigana, de onde uma das dançarinas é tele transportada para outro local do planeta através do computador. Essa foi a estreia de Ana Furtado na TV Globo. Depois disso ela se tornou atriz e apresentadora na emissora. A música tema se chama Ibiza Dance, produzida pelo grupo Roupa Nova.

A novela teve três álbuns musicais, a trilha sonora nacional com o ator Cássio Gabus Mendes na capa, com 14 faixas.


A trilha sonora internacional com a atriz Teresa Seiblitz na capa, com 14 faixas também. As faixas que mais fizeram sucesso na época foram: Back For Good, de Take That. Estoy Enamorado, de Donato & Estéfano. E teve também Macarena, de Los Del Rio, que virou febre na época.


E a trilha complementar foi o álbum Coração Cigano com Ana Furtado na capa, com 12 faixas.


A audiência da novela ficou em torno dos 47 pontos. Entre 15 a 26 de outubro de 2012 foi apresentada resumida no quadro Novelão do Vídeo Show. Foi reapresentada na íntegra pelo Viva entre 29 de janeiro a 27 de julho de 2018. E em 22 de junho de 2020, foi disponibilizada na íntegra pelo Globoplay e, depois, em seis de outubro de 2025, foi atualizada para o formato de exibição original.

Além do Brasil, a novela passou em Argentina, Bolívia, Costa Rica, El Salvador, Equador, Nicarágua, Paraguai, Peru, Portugal, República Dominicana, Romênia, Uruguai e Venezuela.

Curiosidades

Os atores Adriano Garib e Eduardo Moscovis chegaram a fazer o teste para o personagem Igor que ficou com Ricardo Macchi.


Ciganos de Campinas fizeram críticas ao modo como a cultura era retratada na telenovela, que segundo eles, não retratavam com fidelidade. Alegaram que muitas coisas não eram verídicas, mas criticaram principalmente o fato da personagem Dara ter perdido a virgindade antes do casamento. Mas, quando a sua cena romântica com Julio foi proibida, cerca de 40 ciganos se reuniram em frente ao Fórum do Rio para manifestar apoio à autora Glória Perez, torcendo para que as imagens fossem liberadas.


A partir da segunda semana de exibição, a direção da emissora exigiu que os figurinos dos personagens ciganos fossem modificados, pois eram considerados exagerados e estereotipados. Como não se tratava de ciganos nômades, mas ricos, moradores de bairros de classe alta que se dedicavam à indústria e ao comércio, os personagens passaram a se vestir como pessoas comuns, utilizando os trajes típicos apenas em cenas de festas e rituais. Várias cenas com os novos figurinos foram regravadas.

A novela que substituiria Explode Coração seria o Rei do Gado, de Benedito Ruy Barbosa, mas atrasou. No entanto, como Glória Perez precisava concluir a novela dentro do prazo acordado para acompanhar o julgamento dos acusados do assassinato de Daniella, sua filha, durante a exibição da novela De Corpo e Alma, o tempo necessário para que O Rei Do Gado ficasse pronta para a estreia foi preenchido com uma minissérie. O Fim do Mundo, de Dias Gomes, que foi anunciada como uma novela curtinha.