E a Mallandrinha Livia Andrade


O Sergio Mallandro foi uma descoberta de Silvio Santos, ele participou de uma gincana do programa Cidade Contra Cidade, com a Xuxa em sua equipe, ela estava dando os primeiros passos em sua carreira de modelo, e Silvio gostou do jeito extrovertido do Sergio e o convidou para trabalhar em sua emissora.


No SBT, Sergio Mallandro fez um pouco de tudo, atuou como reporter, apresentador, jurado, e até ganhou um programa para chamar de seu em 1987, para fazer concorrência com a sua amiga, irmãzinha como ele costuma dizer, a Xuxa. O Oradukapeta o colocou entre os artistas infantis da época e fez um grande sucesso a ponto dele ser levado para a Globo em 1990, onde ficou até o final de 1992.

Em 1993, foi convidado para apresentar o Tudo Por Brinquedo na CNT, mas acabou voltando para o SBT, onde apresentou um programa que levava o seu nome, dirigido ao público infantil, de 1994 até 1996. E em 1997, tudo mudou. Ou melhor, o Sergio Mallandro continuou o mesmo, mas passou a direcionar o seu programa para o público adulto e cometeu a façanha de bater a Globo em uma emissora pequena.


Em 1997, os sócios da produtora Ômega Produções, que mais tarde compraram a concessão da Rede Manchete e fundaram a RedeTV!, já compravam horas da emissora para transmitir seus programas, um deles era a Festa do Mallandro que ficou no ar em 1997 e 1998.

O programa era a junção do melhor do pior que existia na TV, na época. usava os mesmos apelos do Cassino do Chacrinha, mas sem o orçamento da Globo, assemelhando-se ao Programa do Ratinho. Inclusive contava com a participação de Pedro de Lara que tinha sido um dos jurados mais icônicos do Cassino e depois do Show de Calouros do SBT também.

Quando Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho compraram a Manchete, cogitou-se a ida de Sérgio para a RedeTV!. Porém, ele assinou com a CNT Gazeta e o programa passou a ser produzido pela emissora. Nessa fase a atração ganhou dois horários no mesmo dia, um pela tarde, entre 16h e 20h30, quando fazia uma pausa para o programa do missionário R.R. Soares, e depois voltava e ficava no ar até a 1h da madrugada de domingo.

Esses dois horários foi meio por acaso, ele começou fazendo programa a tarde, e era horário comprado, ou seja, um programa independente, a emissora vendia o espaço para ele, assim como vendia para o pastor R.R. Soares e quem entrava depois do pastor era o apresentador Evê Sobral.

O programa do Sérigo Mallandro não tinha plateia, mas ele gravava com a mesma vibe de um programa de auditório e para dar mais dinamismo a atração contava com o apoio das Mallandrinhas e apresentava muitas pegadinhas. Aí nasceu o jargão, RÁÁÁÁ... PEGADINHA DO MALLANDRO.

As Mallandrinhas eram as assistentes de palco do Sergio Mallandro e executavam a mesma função das Paquitas do Xou da Xuxa, na época em que Sergio Mallandro apresentava programa infantil. E assim como ele, elas também foram atualizadas para a versão adulta. Usavam pouquissima roupa, quase nada, e estavam lá basicamente para prender a atenção da audiência masculina dançando em trajes sumários e com o tempo foram ganhando mais protagonismo. Até ganharam música para fazer shows.

Aliás, o Sergio Mallandro fazia uma coisa meio estranha... ele praticamente oferecia as meninas para os telespectadores, tipo, você quer passar um dia com uma das Mallandrinhas? Envie sua carta para a produção.

A formação mais conhecida da Festa do Mallandro foi composta por Fabiana Pieroccini, Lívia Andrade, Elaine Pinheiro e Sara de Oliveira. Teve também a Vivi Fernandez e a Cinthia Santos, apesar de Fabiana Pieroccini ter dito que Vivi não foi Mallandrinha e, sim, assistente de palco. Quanto a Cinthia, não sei qual foi o seu real papel no programa, mas ela seguiu uma carreira curiosa, corajosa para a época.

Cinthia se tornou a cyber gata da revista Playboy, depois participou do DreamCam, um site para adultos em que mulheres ficam confinadas em uma casa do jeitinho que vieram ao mundo, interagindo com internautas através de dois chats. Mais tarde ingressou no elenco da Brasileirinhas, produtora de filmes adultos explícitos, e também participou de produções para produtoras estadunidenses, a Elegant Angel e a Wicked Pictures. Ela teve mais algumas atuações em coisas similares.


Já Vivi, saiu do programa alegando problemas pessoais com Sérgio, que iam de assédio sexual a consumo de drogas... Ela também assinou contrato com a produtora de filmes adultos, Brasileirinha, e posou para a revista Sexy. Em junho de 2001, três das Mallandrinhas foram capa da revista Playboy, e três meses depois foi a vez de Lívia Andrade protagonizar um ensaio solo.

Com o fim do programa em 2002, Lívia voltou para o SBT, e em 2005, Elaine foi para a Record onde atuou como assistente de palco de Márcio Garcia, no programa O Melhor do Brasil.

Na fase inicial do programa na CNT Gazeta, no dia 15 de maio de 1999, a direção da Gazeta se deu conta que o Evê Sobral, que também comprava horas, não tinha pago a sua faixa de exibição e não tinha nada para colocar no horário. Mas o Sergio Mallandro estava por lá e disse que se eles quisessem ele poderia entrar ao vivo com as pegadinhas que tinha gravado.

Quando entrou no ar, a audiência começou a subir e chegou a 19 pontos, ficando em primeiro lugar no IBOPE. Ele ficou tão eufórico que começou a quebrar algumas coisas do cenário, dizendo que pagaria os prejuízos do próprio bolso.

Aquela época foi o ápice do caos na televisão. Tinha programa com streptease e nudez frontal, feminino e masculino, nas madrugadas da Band, além do clássico Cine Privê e Sessão Emanuelle. As matérias do SBT Repórter eram muito apelativas, a cada semana estavam em uma praia, um clube, uma vila nudista com nudez sem censura. E o programa do Ratinho mostrava coisas absurdas em horário nobre.

Então o programa do Sergio Mallandro era só mais um, e ele pegava pesado também. Para ter uma ideia da insanidade, do apelo para se manter com a audiência alta, em agosto de 2000, o programa exibiu uma pegadinha com o cantor Rafael Ilha, que tinha ficado muito famoso no grupo Polegar, mas se afundou nas drogas. Ele estava lutando contra o vício e foi abordado nos bastidores da emissora por um produtor do programa que fingia ser um traficante e lhe ofereceu açúcar embrulhado para parecer cocaína.

Rafael perdeu a paciência e partiu para a agressão, e então apareceu o Sérgio Mallandro para revelar que se tratava de uma pegadinha. Gerou repercussão, mas da forma errada, porque o Ministério Público abriu uma investigação e, depois disso o cantor teve uma recaída e acabou preso com alguns papelotes algumas semanas depois. A mãe dele responsabilizou o apresentador por essa recaída.


Depois que Sergio Mallandro chegou ao primeiro lugar no IBOPE, ele assinou um contrato com a emissora e começou a fazer cada vez mais sucesso. Dava picos de dez pontos, colocando o programa em terceiro ou segundo lugar na audiência e algumas pessoas começaram a ir até o estúdio para assistir a gravação e, então, a produção colocou plateia.

Foi nessa fase da plateia que aconteceu essa pegadinha com o Rafael. E outros artistas passaram pelo programa, até a Jacky Petcovick que estava se saindo muito bem na apresentação do Bom Dia & Cia, no SBT, apareceu por lá.

Um dos apelos mais toscos, mas que não tinha como não falar a respeito na época, foi o quadro Casa dos Desesperados. Era uma paródia da Casa dos Artistas, do SBT, que por sua vez, era um plágio do Big Brother. A Casa dos Desesperados era um apartamento minúsculo com uma piscina de plástico, onde colocavam gente dos mais diferentes estereótipos para disputar o prêmio de 1.000 reais, e uma cesta básica.

A parceria da CNT e Gazeta tinha dado certo já no comecinho da década de 90, lá em 1993, quando a TV OM, de Curitiba, se converteu em CNT. Ambas não viveram uma lua de mel eterna, mas conseguiram ganhar repercussão nacional e a parceria chegou ao fim em 2000. A partir de então, o programa Festa do Mallandro ficou sendo apresentado apenas na Gazeta, em São Paulo, e saiu do ar em setembro de 2002, devido a estratégia de redução de custos da emissora.

0 comments: