A Angélica começou a sua carreira bem cedo, quando ganhou um concurso no Chacrinha, de a criança mais bonita do Brasil. Aliás, ela venceu por dois anos consecutivos, na primeira vez, em 1979, a sua participação aconteceu por acaso, porque ela tinha sido levada ao programa apenas para assistir a gravação, pois gostava muito das Chacretes, as dançarinas da atração, que ela gostava de imitar em casa. Na segunda vez, no ano seguinte, empatou com outra menina.
A partir disso, a Angélica se tornou modelo e gravou vários comerciais de TV, além de fazer fotos para campanhas publicitárias e gravou até uma rápida participação em uma minissérie da Globo, a Avenida Paulista. E por volta dos doze anos, ela foi uma das escolhidas para integrar um projeto de um grupo infantil chamado Ultraleve. Além dela, o grupo era composto por Marcelo Totó, Marcio Tucunduva, Ticiane Pinheiro e Rodrigo Faro.
Ticiane já tinha feito programas de televisão, o TV Criança ao lado de Sandra Anemberg, na Band também, e Balão Mágico na Globo, por pouco tempo depois que a Simony deixou o programa, meses antes de estrear o Xou da Xuxa. E Rodrigo Faro esteve no programa ZY Bem Bom, na Band.
Apesar das boas referências dos integrantes do Ultraleve, o grupo não vingou, mas foi graças a esse projeto que Angélica foi descoberta por Mauricio Sherman. Ele a conheceu nos corredores da Rede Manchete, numa das vezes que ela tinha ido em função do quinteto infantil, vendo que ela tinha potencial resolveu confiar em seu tino de formador de estrelas e a convidou para apresentar o programa Nave da Fantasia, cobrindo as férias da Simony. Isso possibilitou a loirinha de gravar o seu disco solo.
Ela já tinha gravado a primeira versão da música Eu Digo Sim, mas o produtor do que seria o seu disco desistiu do projeto, e Adolpho Bloch, o dono da Rede Manchete, não estava satisfeito com o resultado do programa infantil e pediu que Sherman demitisse todo o elenco. Ele teve que obedecer, mas preservou a Angélica e deu um jeitinho de escondê-la, colocando-a para apresentar um programa num horário que Adolpho não costumava assistir TV, o juvenil Shock.
No mesmo ano, Adolpho pediu a Sherman que encontrasse alguém para apresentar o Clube da Criança, que estava fora do ar desde que Xuxa tinha ido para a Globo. Essa foi a oportunidade perfeita para que o diretor finalmente pudesse expor a Angélica, e ele usou a mesma fórmula que tinha dado certo com a rainha dos baixinhos, e assim, a partir de 12 de outubro de 1987, Angélica entrou no ar em companhia do Ferrugem. Ele não ficou muito tempo e ela conquistou um grande prestígio na imprensa, pelos bordões, um beijãozão e bye que bye bye bye, além de sua beleza.
Com Angélica o Clube passou pela melhor fase que teve em toda a sua existência. O programa tinha brincadeiras, desenhos animados e atrações musicais, e ia ao ar nas tardes de segunda à sexta das 16h às 19h, registrando bons índices de audiência para o canal e transformando a apresentadora num dos ícones infantis da televisão brasileira.
O Clube da Criança foi o portão de desembarque para a febre Tokusatsu no Brasil, como Jaspion, Changeman e Flashman, entre outros. Em relação ao cenário, nos anos de 1987 e 1988, foi o mesmo, dividindo a plateia em dois grupos e Angélica contava com assistentes de palco, que na época eram chamadas de Clubetes.
A partir de 6 de agosto de 1988, Angélica ganhou outro programa, o Milk Shake, que ia ar nas tardes de sábado, com muitas atrações musicais. Foi nesse ano também que ela finalmente lançou o seu álbum pela gravadora CBS Records, e vendeu mais de um milhão de cópias com a música Vou de Táxi. O sucesso foi tanto, que até a Globo se rendeu e a levou para os seus programas.
Nesse ano, ela participou do filme Os Heróis Trapalhões – Uma Aventura na Selva, e gravou com o grupo Dominó a música Palavras.
Em 1989, o programa ganhou um cenário mais colorido, era um parque de diversões, e tinha mais personagens. Inclusive, contou com a primeira formação do grupo dos Angélicos, e nesse ano as crianças já não eram separadas por equipes.
O programa estreou o quadro Jornal da Natureza e mudou de horário, passou a ir ao ar das 17h00 ás 19h30, e tinha uma audiência média de até 16 pontos. Angélica lançou o seu segundo disco, vendendo mais de 800 mil cópias e participou do filme Os Trapalhões na Terra dos Monstros, além de fazer dublagem em Pumuckl II.
Foi em 1989 que Angélica ganhou a sua boneca versão Barbie, a sua revista em quadrinhos, e uma linha de cosméticos. Inclusive a música Angelical Touch que saiu no seu segundo LP, foi feita a pedido da Boticário, que era empresa que lançava a sua linha de perfumes.
Em 1990, houve mais melhoras no Clube da Criança. O cenário, na minha opinião, é o mais bonito, era uma floresta. Tinha árvores, obviamente, cipós, lagos e um labirinto, entremeados por uma pista numerada. E um dos personagens do programa era uma avestruz, que eu achava uma ideia super criativa.
Gravado nos estúdios da Manchete em Água Grande, o programa chegou a ter 5 horas de duração. Ia ao ar das 13hs ás 17hs, algumas vezes terminava entre 18hs e 19hs, e depois entre 15h30 e 16h00 até ás 18hs. Parece que nessa época a Manchete deu uma de SBT que troca o horário dos programas o tempo todo, e que desgasta um programa que fez sucesso repetindo várias vezes. No caso da Manchete, as séries sofreram um desgaste e derrubaram o Ibope do Clube da Criança, que passou á oscilar entre 4 e 6 pontos.
Nesse ano Angélica atuou no filme Uma Escola Atrapalhada, e lançou o seu terceiro álbum, com uma queda bem significativa de vendas em relação aos seus discos anteriores. O primeiro passou de um milhão, o segundo teve mais de 800 mil cópias, e o terceiro saiu com 250 mil cópias. É um número ótimo, mas em relação aos anteriores é baixo.
Em 1991, houve uma nova reformulação no programa e a vinheta de abertira foi uma das mais legais, se não a mais legal, que foi produzida para a Angélica. O cenário continuava bem espaçoso, mas mudou, era a junção de alguns elementos que representavam o Brasil. Um detalhe do Clube da Criança que se distinguia do Xou da Xuxa e do Show Maravilha, é que a cada ano, além do cenário, mudava a entrada triunfal da Angélica.
A Xuxa, por exemplo, sempre teve a sua nave. A Mara, durante alguns anos teve um trem, e Angélica, nesse ano, entrava a bordo de um balão. Na verdade, foi o único meio de transporte dela, para uma entrada triunfal, porque nos outros anos, passados e seguintes eram meios diferentes, mas nenhum foi um veículo.
E foi o balão que a escola Beija-Flor de Nilópolis escolheu como o veículo para leva-la na Avenida Sapucaí no ano de 1992. A escola tinha como enredo o título Há Um Ponto De Luz Na Escuridão, e colocou no mesmo carro alegórico, a Xuxa, a Mara e a Angélica. Cada uma no meio de transporte, a Xuxa na nave, a Mara no trem e a Angélica no balão.
Uma curiosidade sobre esse desfile, é que apesar das musas infantis terem desfilado e terem atraído muitos fãs, o ator e modelo Tores Bandeira, desfilou na mesma escola totalmente nu. Totalmente mesmo, sem tapa sexo, sem nada.
No Clube, nesse ano, as Angelicats e os Angélicos usavam patins. Pelo menos na performance de abertura do programa. E entre os novos personagens, Angélica ganhou a companhia do Angelicão, um cachorro fantoche, com quem ela interagia. Ela lançou o seu quarto álbum, e a música mais tocada foi Amor Amor, o disco saiu com 100 mil cópias.
Nesse ano ela não atuou em nenhum filme, mas na TV sim, protagonizou a minissérie O Guarani, no papel de Cecília de Mariz, fazendo par romântico com o Leonardo Bricio, com quem já tinha atuado no filme Uma Escola Atrapalhada, e foi muito elogiada por sua atuação.
Ela esteve também no festival Viña del Mar, no Chile. Na ocasião ela gravou pelo menos duas músicas em espanhol, Voy em Taxi e Dame un beso, que é versão de Me Dá Um Beijinho Dá.
Em 1992, a Manchete estava em crise outra vez, mas o Clube teve nova vinheta de abertura, que era para ser um jogo de vídeo game, em formato de desenho animado, e a ambientação era futurista. Durante um período o programa foi transmitido pelas manhãs, e nessa fase o cenário era espaçoso e o Angelicão ainda fazia parte do programa, mas a audiência caiu, oscilando entre 2 e 3 pontos no IBOPE. O Clube voltou para as tardes, entre 16h e 18h, e nessa mudança o cenário foi encolhido, e o Angelicão sumiu.
Mesmo assim, o Clube da Criança ganhou o Troféu Imprensa de melhor programa infantil do ano, empatando com o Xou da Xuxa.
Angélica lançou o seu quinto álbum e o hit mais forte foi Blue Jeans, o disco saiu com a marca das 100 mil cópias. Ela também gravou a animação Angélica e o Mágico de Oz, onde aparece em persona narrando a história.
Em dezembro de 1992, a Rede Manchete ia ser vendida para o grupo IBF, e Angélica renovou o contrato com a emissora em janeiro de 1993, mas em 22 de março elas rescindiu porque aceitou o convite para ir para o SBT. O Silvio Santos já tinha a convidado em 1988, e agora, além dele, a Globo também a queria.
Segundo algumas informações, ela não quis ir para a Globo, pois a emissora tinha a intenção de colocá-la num programa de sábado, para fazer algo similar ao que fazia no Milk Shake, e também para participar da novela O Mapa Da Mina. No dia que assinou o contrato com o SBT, Angélica recebeu uma correspondência de Adolpho Bloch pedindo para não deixar a emissora, porque a venda não deu certo e ele estava reassumido o controle da empresa, mas já era tarde demais. Alguns meses depois a loirinha estreou no SBT o infantil Casa da Angélica.
Curiosidades.
Nem só de séries japonesas vivia o Clube da Criança. O programa apresentava desenhos como: The Jackson 5ive, Pirata do Espaço, A Corrida Maluca, Manda Chuva, Rabugento, Yogi e Mini Polegar, Homem Elástico e Doraemon.
O primeiro disco da Angélica foi o mais vendido de toda a sua carreira, na época, a música Vou de Táxi foi uma das 10 mais tocadas no ano. No início da década de 90, ela se tornou a artista feminina com o maior número de shows realizados pelo Brasil e com recordes de público. Foi a primeira artista nacional a inaugurar seus shows com microfone livre.
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