A Próxima Vítima - 30 anos


A Próxima Vítima estreou no dia 13 de março de 1995. Foi escrita por Silvio de Abreu, com direção geral e núcleo de Jorge Fernando. Contou com as participações de Tony Ramos, Susana Vieira, José Wilker, Aracy Balabanian, Cláudia Ohana, Natália do Vale, Cecil Thiré e Lima Duarte nos papeis principais.


Silvio de Abreu gosta de ambientar suas tramas em São Paulo, e colocou como principal núcleo do folhetim uma rica família italiana que divide a mesma mansão, os Ferreto. Composta por Marcelo, interpretado por José Wilker, que se casou com Francesca Ferreto, vivida por Tereza Rachel, por puro interesse. Paralelamente ao seu casamento ele tem uma longa relação de 20 anos com a Ana, personagem de Susana Vieira, com quem tem três filhos, além de esconder de todos, seu romance com Isabela Ferreto, feita por Claudia Ohana, que é sobrinha de Francesca.


Além de Isabela, Marcelo e Francesca, também vivem na mansão o casal Eliseo, interpretado por Gianfrancesco Guarnieri, e a Filomena, personagem de Aracy Balabanian, e outras duas irmãs, a Romana, personagem de Rosamaria Murtinho, e a Carmela, vivida por Yoná Magalhães, com seu marido Adalberto Vasconcellos, vivido por Cécil Thiré, que eram os pais de Isabela. Esse é o círculo da família. Aí tinha o Bruno, personagem de Alexandre Borges que estava estreando na emissora, que era um garoto de programa adotado por Romana como filho, mas se tornou amante de Isabela.


Haviam outros núcleos, todos ambientados em São Paulo, com ênfase para os bairros da Mooca e do Bixiga, devido a grande concentração de descendentes de italianos. E teve gravações em várias regiões da Itália também.

Uma das famílias que chamou muito a atenção e que gerou bastante identificação com o público foi composta pelo pai Kleber Noronha, vivido por Antônio Pitanga, pela mãe Fátima, interpretada por Zezé Motta, e seus filhos, Sidney, interpretado por Norton Nascimento, Jefferson, vivido por Lui Mendes, e Patrícia, personagem de Camila Pitanga.

Silvio de Abreu quis retratá-los como personagens de classe média, diferente do que as novelas costumavam fazer, sempre colocando os atores negros como empregados. Não bastasse o risco de a condição social dos personagens ser rejeitada pelo público, o que não aconteceu, Jefferson era gay. E esse tema ainda era muito polêmico, sobretudo porque o rapaz tinha uma relação afetiva com outro personagem, o Sandrinho, vivido por André Gonçalves, que chegou a ser agredido na rua devido o seu papel na novela.


Outro tema abordado, ainda dentro dessa família, foi a relação interracial, Kleber não admitia o namoro de sua filha com um rapaz branco. E ainda, a prostituição através da personagem Quitéria Quarta-Feira, interpretada por Vera Holtz, que atuava como tal por vocação, ou seja, não era nenhum drama.

Tinha um quadrilátero, um cara que gostava de uma moça mais jovem, cuja mãe se apaixona pelo filho do cara que gosta da sua filha. No caso, o Zé Bolacha, personagem de Lima Duarte, que gostava de Irene, vivida por Vivianne Pasmanter, que era filha de Helena, personagem de Natália do Vale, que gosta do Juca, interpretado por Tony Ramos, que é filho do Zé Bolacha.


O autor também resolveu abordar a questão dos menores abandonados com a personagem Julia Braga, interpretada por Glória Menezes. Ela era uma milionária que se envolveu em uma campanha em prol dos menores de rua, ao voltar para o Brasil. E também, sobre as drogas, através do personagem Lucas, de Pedro Vasconcellos, que tinha dificuldade em se manter distantes dos entorpecentes.

E novela boa que é novela boa, não pode ficar sem pelo menos um bordão. No caso de A Próxima Vítima, o SOCORRO da Carina, personagem de Débora Secco, caiu na boca da galera. Era como ela reagia a qualquer coisa. Socorro servia como: capaz, fala sério... coisas assim.

A vinheta de abertura mostrava várias pessoas, em lugares distintos de São Paulo, que após serem focalizadas por uma mira de arma, desapareciam sob o efeito de um disparo, ao som de Vítima, música de Rita Lee. Essa mira também era usada nos finais de capa capítulo quando a imagem de um personagem congelava e se rompia ao som de um disparo.


Apesar dessa referência a uma arma de fogo, o vilão utilizou maneiras diferentes para tirar a vida de suas vítimas. Cada uma partiu de um jeito diferente. O Arnaldo Roncalho, vivido por Reginaldo Faria, do signo de cavalo, foi atropelado pelo Opala preto, o carro que escondia a identidade do assassino. Essa foi a primeira ação do vilão mostrada ao público, logo no primeiro capítulo.

E ainda na primeira semana, no capítulo seis, Hélio Ribeiro, personagem de Francisco Cuoco, do signo tigre, foi envenenado por um uísque na sala VIP de um aeroporto junto com Francesca, mas nesse caso tem uma surpresa no final da novela. Depois, tivemos que esperar mais de um mês para ver o Josias da Silva, interpretado por José Augusto Branco, do signo cachorro, ser empurrado na linha do trem, no capítulo 35.

No capítulo 60, o Opala preto entrou em ação outra vez. Fechou o carro de Júlia Braga, do signo serpente, e o vilão desceu do seu automóvel e disparou a queima roupa na mulher, que não resistiu e partiu para outros planos algumas horas depois  no hospital.

Depois disso, Silvio de Abreu resolveu dar um respiro aos personagens, ou não né, só aumentou a tensão porque ficou a expectativa de quem seria a próxima vítima e como perderia sua vida. E foi a a Ivette Bezerra, vivida por Liana Duval, do signo cabra, que levou uma coronhada na cabeça, dentro de casa, no capítulo 91... Ela já tinha sofrido um atentado e, desde então, fingia uma invalidez total para continuar com vida.

No capítulo 117 aconteceu um crime extra. Isabela Ferreto disparou em Andréia Barcelos, vivida por Vera Gimenez, a mãe de Luciana Gimenez, que trabalhava em um frigorífico da família Ferreto. Depois de disparar, Isabela empurrou o carro, com sua vítima dentro, em uma represa.

O assassino oficial voltou a atacar no capítulo 133, quando empurrou Kléber Noronha, do sígno de dragão, no poço do elevador do prédio onde ele morava... Dois meses depois, no capítulo 178, Ulisses, o personagem de Otávio Augusto, perdeu a vida em uma explosão no depósito de gás da pizzaria.


No capítulo 190, Isabela voltou a atacar e deu um fim em sua tia Romana, com a ajuda do seu filho amante, o Bruno. Romana foi afogada, depois de ter sido dopada. E dez capítulos depois, no de número 200, Eliseo Giardini, foi asfixiado por monóxido de carbono após levar uma coronhada na garagem de sua própria mansão. Ele foi a última vítima do vilão anônimo.

Francesca voltou no último capítulo, no entanto, outras duas mortes foram reveladas. O Giggio de Angelis, vivido por Carlos Eduardo Dolabella, que levou alguns disparos em 1968, e Leontina Mestieri, vivida por Maria Helena Dias, que caiu do cavalo, cuja sela tinha sido afrouxada de propósito. Ambos perderam suas vidas em uma época antes do período contemporâneo da novela, mas tinham sido vítimas do mesmo assassino em série.

Então foram nove queimas de arquivo do vilão anônimo para encobrir o primeiro crime, e mais duas vítimas feitas por Isabela. Como as revistas de TV sempre publicavam com antecedência o que acontecia nas novelas, naquela época a revista Contigo era a mais forte do segmento, Silvio de Abreu escrevia cenas falsas para despitar a impresnsa. E devido à grande repercussão sobre o último capítulo, o diretor Jorge Fernando cogitou exibir a revelação do assassino ao vivo.


Mas desistiu da ideia porque alguns atores já tinham compromissos e ele ficou com medo de acontecer alguma falha técnica, ou vai que os atores errassem o texto e tivessem que improvisar. Então, gravou as cenas duas horas antes de ir ao ar, para evitar vazamentos, revelando que o assassino era Adalberto. Ele tirou a vida dos que foram testemunhas de um crime cometido por ele mesmo em 1968.


Mas como a novela estava sendo transmitida em Portugal, a emissora de lá ficou com medo que a repercussão do Brasil afetasse a audiência deles e, então, Silvio de Abreu escreveu outro desfecho para a novela. Para isso, ele teve que fazer alguns ajustes nos capítulos que ainda não tinham sido exibidos na Europa e o assassino foi o Ulisses. Lembra que ele tinha morrido em uma explosão de gás?

Na segunda versão, ele não morreu, e eliminava as testemunhas que tinham deixado seu pai ser preso por um crime que não havia cometido, ou seja, agia por vingança. Esse final foi exibido também na reprise do Vale a Pena Ver De Novo, em 2000. Para despistar a imprensa internacional, foi dito que seriam gravados mais 3 finais diferentes, e até pode ser que tais finais foram escritos mesmo, mas só os dois foram gravados e são os únicos que foram disponibilizados.

O primeiro capítulo de A Próxima Vítima alcançou 52 pontos de média. A menor audiência registarada foi de 40. A novela se manteve na casa dos 50, e  no último capítulo, a média foi de 64 pontos com picos de 68. Ainda que tenha sido um número muito alto, a TV Globo ficou meio frustrada porque  esperava atingir 70 pontos.


A novela teve dois álbuns musicais, a trilha sonora nacional com a atriz Camila Pitanga na capa, e a trilha sonora internacional com o ator Selton Mello na capa.

Curiosidades

O escritor e advogado Péricles Crispim entrou na Justiça pedindo a suspensão da novela por acusação de plágio. Segundo ele, a trama foi baseada em Por um Raio de Luz, uma sinopse que ele enviou à Globo em 1991, mas teve seu pedido indeferido. Ou seja, rejeitado.

Regina Duarte foi escalada para interpretar a personagem Ana, mas preferiu fazer a novela História De Amor, Malu Mader seria Isabela, mas acabou engravidando e foi substituída por Claudia Ohana, Fernanda Montenegro seria Romana e chegou até a aparecer em um dos teasers, mas no fim não pode fazer e foi substituída por Rosamaria Murtinho.

A TV Globo chegou a inverter os horários de transmissão do Vale A Pena Ver De Novo com a Sessão da Tarde a partir do dia 17 de fevereiro de 2014, para que o público acompanhe a reexibição de A Próxima Vítima no Canal Viva sem perder o horário de reprises do canal aberto. A novela tinha estreado no dia 9 de setembro de 2013, e foi até 18 de junho de 2014 no canal pago.

Na Globoplay foi disponibilizada na íntegra no dia 26 de setembro de 2022, com os dois finais.

Os olhos que aparecem no final da vinheta da novela são de um dos profissionais da equipe de gravação.

Várias cenas da novela foram gravadas ao ar livre, ou em locações reais. A barraca do Juca, por exemplo, estava instalada no Mercado Municipal de São Paulo, e foi efetivada no local, existe até hoje.


O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher questionou o fato de Isabela apanhar sempre dos seus amantes. Ela levou muitos tapas na cara, foi empurrada da escada da mansão no dia do seu casamento, ao ser flagrada com outro homem. E em outra ocasião, levou vários golpes de facas do Marcelo, uma foi em seu rosto, que a deixou com uma cicatriz enorme.

Em 2012, o Portal Terra elegeu A Próxima Vítima como uma das cinquenta melhores novelas de todos os tempos.

0 comments: