2 de março.

Por sorte, os fatos vão se sobrepondo às datas ao longo de nossas vidas. No entanto, alguns acontecimentos ficam permanentemente registrados no tempo. E será assim o dia 2 de março dos meus próximos anos.

Há um mês eu recebi a triste notícia do falecimento de um amigo muito especial. Aquele do tipo que brigamos, reatamos, sumimos e nos reaproximamos quantas vezes nos for possível. E com este rapaz, eu tinha acabado de reiniciar as conversas porque ficamos alguns meses sem trocar uma palavra, mas quando eu soube que sua mãe havia falecido não tive dúvidas para contactá-lo e me colocar a disposição.

Eu conheci a sua família, pequena, aliás, comparando-se com a minha. Além dos pais, ele tinha apenas um irmão, de resto, geralmente não contamos como parte do núcleo familiar, não é mesmo?

Tínhamos uma história delicada, mas eu me sentia privilegiado por fazer parte das poucas pessoas que ele se permitia manter em contacto. Nos conhecemos em 2005 e nos meses que convivemos, praticamente diariamente, eu aprendi muita coisa com ele e me sentia especial por ouvir que também lhe ensinava. O que esse cara nunca soube era o tamanho da importância que ele teve no curso da minha vida que eu tomei depois de conhecê-lo. Não que eu nunca lhe tivesse dito, mas porque talvez não conseguisse medir mesmo.

Senti-me tocado pela sua perda, e mais ainda pela sua dor. E as vezes me culpo por ser tão discreto e pouco invasivo a ponto de não ter ido até a sua casa e o arrancado para a rua, ou simplesmente para lhe dar um abraço. Pois preferi respeitar o seu tempo e mais uma vez me conformar que não iríamos nos encontrar antes de eu deixar a cidade. O problema é que agora eu estou morando mais longe, bem mais do que os 100 km que nos separavam até meados de 2017. Porém, infelizmente esse encontro jamais vai acontecer, pois em menos de um mês depois de sua mãe, ele partiu para outros planos. Infelizmente para nós que ficamos, prefiro pensar assim.

Agora resta esperar que o tempo cure as feridas da perda, porque preencher o vazio deixado sei que jamais o fará. E que sejamos felizes, porque ele eu sei que agora é, e em sua plenitude.

0 comments: